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Não reclame dos políticos, reclame de você!

Por José Estevão Moraes Palma (*) | 13/11/2012 08:10

Recentemente ouvi uma profissional irritadíssima pelo fato de lhe terem recomendado candidato para ser seu representante de classe profissional. Ela disse que não vota nem para presidente da república, que dirá para presidente de conselho profissional. Fiquei tentando entender tal atitude dessa profissional com curso superior e lembrei-me de outros acontecimentos semelhantes nas últimas eleições.

Raiva, desprezo ou apatia parecem prevalecer no comportamento da maioria das pessoas quando se tratam de eleições daqueles que decidirão o destino de suas vidas. Minha conclusão é de que tais atitudes demonstram, na realidade, a baixa estima e a incompetência para o exercício da cidadania.

Parece um tanto contraditório o fato de que, ao mesmo tempo em que não
confiam nos representantes eleitos, lhes dão carta branca para tomarem decisões que lhes dizem respeito, pois suas únicas atitudes são esperar por mais quatro anos, até decidirem novamente se os representantes eleitos permanecem, ou não, no poder.

Não deixa de ser um ato de cidadania escolher os governantes através do voto, apesar de grande parte da população o fazerem pela obrigatoriedade, mas percebe-se que não existe uma escolha responsável e consciente por uma boa parte dos eleitores, muito menos uma cobrança séria das ações e atos políticos durante os respectivos mandatos.

Até aqui não acrescento nada de novo, mas podemos melhorar nosso entendimento das instituições públicas se partirmos dos princípios identificados na Teoria dos Sistemas, os quais podem explicar o comportamento das organizações.

Como especialista em administração pública e mestre em administração empresarial, posso assegurar que nenhum sistema aprimora seus processos por vontade própria, senão pelo fato de ser ameaçado por situações exógenas, ou seja, oriundas do ambiente externo a ele mesmo, pois a tendência é a manutenção do mesmo nível de desempenho caso não esteja sofrendo ameaças.

Nas organizações, ou instituições, os processos sempre iniciam no cliente e terminam no cliente, ou no cliente cidadão para o caso das instituições públicas. O cliente requer alguma coisa e a organização processa seu ‘pedido’ e ao final lhe entrega o produto ou serviço requerido, mas se o cliente aceitar qualquer coisa é isso que vai receber.

Qualquer mudança organizacional para melhorar o desempenho de seus processos requer esforços que geram conflitos internos e externos que só valerão a pena se for para garantir a sobrevivência ou alguma vantagem significativa. Assim sendo, não serão fatores ideológicos que levarão as instituições públicas ao real cumprimento de sua missão e a justificarem a razão de sua existência. Na realidade são outros os fatores que levarão o serviço público ao aprimoramento e felizmente estes fatores vêm aumentando numa proporção geométrica, o que vai pegar muitos políticos, executivos e servidores de ‘calças curtas’.

São fatores oriundos das mudanças sociais, econômicas e tecnológicas aceleradas que vêm acontecendo a nível planetário é que irá impor o aprimoramento do serviço público.

Dentre os fatores exógenos que vêm crescendo de forma acelerada podemos destacar os indicados por Trosa (2001) que, segundo a autora, serão responsáveis pelos grandes desafios a serem enfrentados pelas instituições públicas:
- A mundialização e a globalização;
- A mudança nas atitudes dos usuários do serviço público que estão ficando cada vez mais exigentes e que querem dispor de um tratamento personalizado e não mais um tratamento padronizado;
- A necessidade crescente de diversificação nas formas de fazer e de produzir no serviço público, que deverão se constituir numa constelação bem maior do que o Estado no sentido tradicional admite; e,
- As relações hierárquicas que não serão mais nem aceitas pelos funcionários nem eficazes em termos de controle e de probidade.

É necessário, no entanto, compreender que para acelerar o processo e fazer sentir a pressão necessária para a mudança e aprimoramento do ‘sistema’, o cidadão e a sociedade precisam conhecer, compreender, se organizar e utilizar os recursos e instrumentos que lhes estão disponíveis para o exercício do controle social das políticas públicas.

Enfim, tudo pode ser traduzido no fato de que ainda temos a maioria da população ignorante quanto aos seus direitos constitucionais que, desde 1988, lhe permite assumir a cogestão administrativa de seus governos e assim poder identificar, contribuir e controlar as ações governamentais, potencializando sobremaneira as possibilidades reais de alcance dos anseios da sociedade.

Com este raciocínio conclamo aos cidadãos brasileiros:
- Saiam de dentro de seus casulos e assumam sua verdadeira estirpe. Afinal, somos uma geração divina ou, para os agnósticos, somos os seres supremos como indivíduos pertencentes a uma geração genética grandemente favorecida e herdada da mãe natureza.

Sejamos civilizados e políticos no melhor sentido da palavra. Assumamos a construção de nosso futuro e do destino de nossas futuras gerações. Creio que isto não pode surpreender nossos bons governantes que já devem estar antenados nesta situação de mudança social. Se quiser saber mais sobre isto, mande-me um e-mail: jempalma@hotmail.com.

(*)cé engenheiro e administrador, mestre em Administração Empresarial e especialista em Administração Pública.

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