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Cidades

Calcário usado em lavouras invade pista e deixa motorista em pânico

Relato é de casal que passou por mesma situação de acidente que provocou 3 mortes

Anahi Zurutuza | 28/08/2016 10:24
Calcário é espalhado por máquinas (Foto: UFSM/Divulgação)
Calcário é espalhado por máquinas (Foto: UFSM/Divulgação)

Ao ler a notícia sobre a morte de um casal e da neta, na manhã de sábado (27), a memória de Maurício Abdala, 54, e da mulher dele, Elaine, 52, recuperou os momentos de desespero enfrentados numa rodovia, também na região de Maracaju, há um ano.

Eles viajavam com as filhas, de 25 e 23 anos, quando uma nuvem de calcário invadiu a pista e acabou com a visibilidade. Nenhum dos ocupantes do carro conseguia enxergar um palmo a frente de onde estavam.

“Ficamos perdidos no meio da estrada, de repente. Tive de parar o carro e tateei o asfalto com a mão, porque eu não tinha certeza se estava no acostamento ou no meio da pista”, relatou Maurício.

O motorista conta que ele e a família foram salvos por um grupo de motociclistas que trafegava na mesma direção. Era noite e, com mais faróis ligados, conseguiram ter alguma visibilidade para sair da nuvem branca e seguir viagem. “Quando paramos no posto policial logo à frente, nosso carro estava inteiro branco”, continuou Elaine.

O casal afirma que relatou o ocorrido para policiais rodoviários federais. “Eles [produtores rurais] usam máquinas enormes para jogar o calcário nas lavouras. Com este vento, a poeira branca vai para cima da pista mesmo. Isso deveria ser proibido, deveriam poder fazer isso só até uma distância da pista, ou mais gente vai morrer”, lamentou Elaine.

Acidente aconteceu pela manhã e testemunhas relataram que nuvem de calcário invadiu a pista (Foto: Rafael Brites / Sidrolândia News)
Acidente aconteceu pela manhã e testemunhas relataram que nuvem de calcário invadiu a pista (Foto: Rafael Brites / Sidrolândia News)

Fatal – O mesmo pode ter acontecido na manhã de ontem (27), quando VW Santana e um Mercedes Benz C-180 bateram de frente na MS-162, entre Sidrolândia e Maracaju, matando Guilherme Dias Mendes, 60, a mulher dele Mônica Vegas, 56, e a neta do casal, Larissa Viviane Mendes, 7.

A família, que vivia em Ponta Porã, segundo a Polícia Civil, estava no Santana e morreu na hora. Já os quatro ocupantes do outro veículo ficaram feridos, mas não correm risco de morrer.
Só a perícia determinará as causas do acidente.

Em todo o Brasil, rodovias cruzam lavouras em vários pontos (Foto: Calcário Botuvera/Arquivo)
Em todo o Brasil, rodovias cruzam lavouras em vários pontos (Foto: Calcário Botuvera/Arquivo)

Explicação – De acordo com o engenheiro agrônomo, Abrahão Malulei, não existe legislação que proíba o uso do calcário próximo a rodovias. Contudo, ele afirma que é um desperdício espalhar o mineral em dias de muito vento. “Não é aconselhável em dias vento, perde-se muito calcário, mas o pessoal tem pressa”, comentou.

O especialista explica que a substância é usada para corrigir a acidez do solo antes o plantio e que esta é a época de fazer este trabalho. “O plantio começa no fim de setembro, começo de outubro, então o solo tem de ser trabalhado agora”.

Ele explica que tratores e outra máquinas agrícolas são usados para esparramar o calcário, mas que o que pode ter acontecido nos dois casos é o vento ter espalhado o mineral que é depositado em montes, às vezes na beira da rodovia.

Motoristas devem ficar atentos na região de Maracaju e outras áreas onde há lavouras. “Nesta época do ano, por conta do tempo seco, duas coisas são perigosas, o fogo e o calcário. Mas, eu nunca tinha ouvido fala de situações como esta”.

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