Cansados de atoleiro, moradores cobram pavimentação de rua “bomba”

Cansados de viver na lama e em meio aos buracos, moradores de rua “bomba” do Bairro Jardim Itatiaia reivindicam pavimentação. O descontentamento dos habitantes da região se deu após a Rua Conde de São Joaquim ficar de fora da licitação aberta na última terça-feira (23) para asfaltar 11 vias do bairro.

A rua ganhou destaque durante o último temporal dos dias 15 e 16, onde seis carros e uma pá carregadeira ficaram atolados ao tentar passar pela via. Após os casos relatados pelo Campo Grande News, a Sisep (Secretaria Municipal de Infraestrutura e Serviços Públicos) foi até o local e realizou o cascalhamento da via, como medida emergencial.

“Tem pessoas que estão contentes, mas a gente não. Essa região onde estamos ficou para a terceira etapa e não há previsão de quando deve ser realizada a pavimentação. Só olharam para a gente depois dos atolamentos”, relatou a advogada Jéssica Barbiri, de 33 anos.

O marido da advogada, Leonardo Junqueira, de 36 anos, conta que a Rua Conde São Joaquim já possui rede de esgoto, assim como o restaurante das vias que fazem parte da terceira etapa das obras. “O nosso questionamento também é esse, porque a etapa um, que ainda está pela metade das obras de esgoto, vai ser asfaltada primeiro”.

Durante o tempo em que esteve na via, a reportagem observou que nas duas primeiras quadras, que ficam próximas à Avenida Três Barras, foram realizados os serviços de cascalhamento e nivelamento das ruas. Porém, o casal afirma que durante a chuva a rua deve voltar a apresentar os mesmos problemas.

Cercada por ruas pavimentadas, Rosangela Ramires, de 49 anos, afirma que por conta da situação da rua já optou por realizar o caminho mais longo para conseguir chegar até a sua casa.

“Quando vim visitar a casa para comprar não era assim, a rua era de chão, mas era só areia compacta, não era assim. Agora quando eu vou varrer a minha garagem eu tiro de 7 a 10 pás de areia e devolvo para a rua”, diz.

Além dos transtornos com a sujeira, Rosângela conta que os motociclistas precisam redobrar os cuidados para trafegar na rua por conta dos bancos de areia. Outro problema da região são os buracos, que também acumulam água.

“Acredito que com asfalto resolveria mais da metade dos problemas que temos. Aqui era para ser um bairro valorizado, o que desvaloriza é a própria gestão. Aqui eu pago mais de R$ 3 mil de IPTU, eu acho que tendo dignidade para chegar em casa já estará bom”, pontua.

Para obter uma renda extra, Rosângela confecciona bolos por encomenda, mas diz ter vergonha da rua onde mora. “Eu tenho vergonha quando os meus clientes vêm aqui em casa, seja no seco ou na chuva. Eu já aviso elas para levarem o bolo no assoalho do carro e para irem devagar para não rachar o bolo”.

Na tentativa de tapar os buracos, alguns moradores jogam restos de entulhos de construção que acabam ocasionando em outros problemas. “Eu não passo por lá, porque pode acabar estourando o pneu do carro”, diz a corretora de imóveis Débora Baccarin, de 59 anos.

A corretora ainda diz que durante os dias de chuva o único jeito de sair de casa é usando galochas. “Aqui vira um rio, nos buracos ficam com poças e enchem de larvas de mosquitos. Com educação, conversando não dá mais para resolver, então agora vamos chutar a porta”.

Cansados da situação vivida durante anos, os moradores se reuniram para ir às ruas e protestar contra a falta de pavimentação da rua. O protesto ocorrerá no próximo sábado (27), no cruzamento da Rua Conde de São Joaquim com a Avenida Três Barras.

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