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Capital

Abuso sexual em ônibus revoltou, mas ninguém tomou atitude; O que você faria?

Elverson Cardozo | 25/09/2013 18:45
Abuso aconteceu em uma das linhas do transporte público de Campo Grande. (Foto: Cleber Gellio)
Abuso aconteceu em uma das linhas do transporte público de Campo Grande. (Foto: Cleber Gellio)

O caso da jovem de 21 anos, “abusada” sexualmente por um homem, na manhã desta quarta-feira (25), dentro de um ônibus do transporte coletivo, em Campo Grande, gerou revolta. Primeiro, pelo inadmissível comportamento do autor. Depois, por “todo mundo” ter visto a ação e só avisado a vítima depois do “fato consumado”. Apesar do discurso quase unânime, que condena a atitude do “tarado do 061”, há quem diga, ainda: “Se não me incomodar, tudo bem”. O que você faria?

Usuária do transporte coletivo na Capital, Suelen Aparecida de Souza, de 20 anos, não sabia do fato. Foi informada pela reportagem, mas considerou “um absurdo”. “Acho muita falta de caráter. Falta de vergonha na cara”, disparou.

A jovem, que “pega” ônibus todos os dias, comenta que nunca passou por situação semelhante, mas já viu. Outro dia notou que um homem estava se esfregando em uma mulher. “Acho que ela não percebeu, mas eu reparei”, contou.

Mesmo dizendo que, no caso recente, do 061, o correto seria avisar a garota na hora e chamar a atenção do homem, ela revela que, quando foi testemunha, não agiu desta forma.

Para a estudante, não há muito o que se fazer porque trata-se de uma questão de educação, mas o poder público poderia, sim colaborar, colocando mais ônibus na frota, para diminuir a lotação.

Alessandra Passo nunca presenciou situação semelhante, mas já ouviu relatos. (Foto: Cleber Gellio)
Alessandra Passo nunca presenciou situação semelhante, mas já ouviu relatos. (Foto: Cleber Gellio)

Costureira, também usuária do sistema de transporte na cidade, Alessandra Passo Pegorari, de 32 anos, diz que “é complicado evitar, a não ser se colocar fiscais dentro de todos os ônibus”. Mas isso, disse, é “impossível”.

Ela também nunca presenciou “cenas desagradáveis”, mas já ouviu relatos. Como trabalha só como mulher, sempre há alguns comentários vindo daquelas que utilizam ônibus.

“Já aconteceu de menina chegar falando que estava dentro do ônibus e que alguém ficou se esfregando”. Alessandra acha “muita sacanagem” alguém fazer esse tipo de coisa dentro do coletivo.

Estudante de direito, Natasha Gabriela Ajala Aguirres, de 19 anos, não se intimida se precisar fazer um escândalo. “Dentro do ônibus, se acontecer alguma coisa, eu falo mesmo”, garantiu.

E ela já viu. Também já fez “escândalo”. A jovem relata que, na ocasião, estava dentro do ônibus, na Afonso Pena, perto de uma igreja, quando viu, no ponto, um senhor abusando de uma criança de 3 ou 4 anos.

“A menina estava deitada, ele dava bala e passava a mão nas partes íntimas dela. Eu liguei para a polícia na hora”, contou.

Natasha faria um escândalo, já o namorado, "só se incomodasse". (Foto: Cleber Gellio)
Natasha faria um escândalo, já o namorado, "só se incomodasse". (Foto: Cleber Gellio)

No caso da garota do 061, Natasha garante que tomaria alguma atitude, já o namorado dela, o estudante de análises de sistemas Diego Gonzales, de 21 anos, disse o seguinte: “Não avisaria. A não ser que fosse perto de mim”.

Antes, ele se justificou, citando o abuso que veio à tona hoje pela manhã. “Acho que não avisaram com medo do que ele poderia fazer”, disse.

Diego comentou, ainda, que a “passividade” dos passageiros, em Campo Grande, é uma questão cultural. “Presenciam a não fazem nada. A não ser que incomode”, afirmou, se incluindo, indiretamente, no próprio discurso.

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