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Capital

Ambulantes recorrem a "jeitinho brasileiro" para driblar fiscalização

Viviane Oliveira | 10/04/2013 08:50
Para driblar a fiscalização, Moisés deixa a mercadoria exposta em uma sacola, quando pinta a fiscalização ele fecha e sai como se nada tivesse acontecido. (Fotos: Marcos Ermínio)
Para driblar a fiscalização, Moisés deixa a mercadoria exposta em uma sacola, quando pinta a fiscalização ele fecha e sai como se nada tivesse acontecido. (Fotos: Marcos Ermínio)
Jenyffer disse que não vê problema no comércio clandestino dos camelôs.
Jenyffer disse que não vê problema no comércio clandestino dos camelôs.
Fiscais da Semadur no cruzamento da rua 14 de Julho com a Barão do Rio Branco.
Fiscais da Semadur no cruzamento da rua 14 de Julho com a Barão do Rio Branco.

A mercadoria fica a mostra dentro de uma sacola. Quando surge um fiscal da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano), Moisés Fabiano de Souza, de 38 anos, pega a mala cheia de meias e antenas do Paraguai e sai andando como se nada tivesse acontecido. Ele faz parte de um grupo de vendedores ambulantes que usam as calçadas do centro de Campo Grande para vender artigos pirateados.

Além disso, os camelôs, como são chamados, driblam a fiscalização escondendo a maior parte dos produtos em veículos estacionados próximo ao local das vendas. Quando o cliente se interessa por alguma coisa eles vão até o carro buscar. A tática é utilizada pela maioria deles, alguns já tiveram toda a mercadoria apreendida e afirmam que o prejuízo é grande.

Pai de dois filhos, um de 5 meses e outro de 8 anos, Moisés conta que trabalhou durante dez anos como açougueiro e optou em virar vendedor ambulante por causa da renda, que segundo ele, varia de R$ 2,5 mil a R$ 3 mil por mês. “Depende do movimento do dia”, disse.

Estudante de Direito, Moisés faz bico em um açougue na parte da manhã, a tarde vai para o centro vender muamba e à noite estuda. “Pretendo deixar essa profissão quando me formar. Por enquanto não dá. O dinheiro que ganho aqui é para pagar a minha faculdade e sustentar minha família”, destaca.

Outro que vive na mesma situação é o vendedor de celular Elionai Pacoal Martins, de 29 anos. Casado, pai de uma criança de 4 anos, ele trabalha pouco mais de 2 anos na rua. Elionai tinha uma loja de produtos importados em Itumbiara (GO), quando resolveu vir com a família para Campo Grande. “Ainda não tenho condições, mas no futuro quero montar uma loja. Por enquanto não pretendo sair daqui”.

Elionai vende celulares na rua 14 de Julho, uma das ruas mais movimentadas do centro.
Elionai vende celulares na rua 14 de Julho, uma das ruas mais movimentadas do centro.

No mostruário dele, ficam apenas dois aparelhos sobre duas caixas vazias. Um olho fica no cliente e o outro à procura do fiscal. Quando a fiscalização se aproxima, ele pega os dois aparelhos coloca no bolso e vai para outra direção. “A gente não gosta de ficar se escondendo, mas fazer o quê? Porque a Prefeitura não faz nenhum programa para nos ajudar”, questiona.

Os vendedores comercializam os produtos sem alvará ou qualquer tipo de documentação liberada pela Prefeitura. “Acho injusto eles venderem produtos sem pagar nenhum imposto. Além disso, prefiro pagar um pouco mais caro em uma loja a comprar uma mercadoria sem garantia”, questiona a auxiliar de cozinha Elida Pereira Paes, de 31 anos.

Já a operadora de caixa Jenyffer Souza, de 24 anos, não vê problema no comércio clandestino dos camelôs. “Pelo menos eles estão trabalhando e não roubando”, finaliza.

De acordo com a assessoria de imprensa da Prefeitura, não é permitido que os ambulantes comercializem mercadorias na área central e nas esquinas. Quem fizer este tipo de comércio, terá a mercadoria apreendida.

Ainda de acordo com o órgão, também é proibido qualquer tipo de comércio em transporte público. Em Campo Grande existem 116 locais que são destinados para os feirantes e o camelódromo. No total, 10 fiscais da Semadur fazem a fiscalização na área Central.

Conforme a Prefeitura, só é permitida a venda de produtos alimentícios, como pipoca, churros, picolé, milho, piqui, entre outros. A recomendação é para que esses vendedores fiquem circulando e não parados em uma esquina.

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