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Capital

Apesar de lei garantir exame, bebê tem diagnóstico tardio e luta pela vida

Aline dos Santos | 11/01/2012 12:00

Lei ainda está longe de ser realidade nas salas de partos, pondo em risco a vida dos mais novos sul-mato-grossenses

Desde o último dia 6 de dezembro é lei: “todo ser humano nascido no Estado de Mato Grosso do Sul deverá ser submetido ao exame de oximetria de pulso”. Contudo, a publicação no Diário Oficial ainda está longe de ser realidade nas salas de partos dos hospitais, pondo em risco a vida dos mais novos sul-mato-grossenses.

Um deles é Lucas Samuel, nascido no Hospital do Pênfigo, em Campo Grande, vinte dias depois da exigência do Teste do Coraçãozinho. O menino nasceu com a Síndrome de Hipoplasia de Ventrículo Esquerdo, um grave problema que deixa apenas meio coração em funcionamento.

O risco à vida do bebê poderia ter sido identificado por meio do exame de oximetria de pulso, que não foi realizado. A partir do diagnóstico, o correto era encaminhá-lo diretamente para a UTI (Unidade de Terapia Intensiva), mas o bebê teve alta um dia depois do nascimento, foi para casa, onde ficou por cinco horas, e começou a passar mal.

“Percebi que ela não fazia xixi e estava dormindo demais. Fui para o Hospital da Criança, no caminho, ele começou a gemer. Aí já vi que era grave”, relata Priscila Garcia Soares, de 21 anos, mãe de Lucas.

Como o Hospital da Criança não tem UTI, o menino foi levado para o HR (Hospital Regional) Rosa Pedrossian, onde foi entubado. “Se ele tivesse tido o diagnóstico correto, não teria sofrido assim. Agora, tem que fazer diálise, está entubado e com infecção no fígado”, conta a mãe, que só pode ficar ao lado do filho por 1h30 durante o dia, divididos em três visitas de meia-hora.

Agora, internado na Santa Casa, sua única chance de sobrevivência é a vaga conseguida hoje pelo SUS (Sistema Único de Saúde) no Hospital Beneficência Portuguesa, em São Paulo, que é referência no tratamento. A mãe pretende transferi-lo ainda nesta quarta-feira, para que Lucas seja submetido à cirurgia amanhã. O cenário se torna mais difícil porque a indicação é de que a cirurgia seja realizada entre dois e cinco dias de vida.

Pagar com a vida - “Criaram a lei, mas os hospitais nem estão sabendo e nem tem o oxímetro de pulso. Criam a lei, mas ela não está sendo cumprida. Isso pode custar a vida das crianças”, denuncia a guarda municipal Liliane Caramel, representante da AACC (Associação de Apoio à Criança Cardiopata) Pequenos Corações em Mato Grosso do Sul.

No ano passado, ela perdeu um filho que nasceu com cardiopatia e se tornou voluntária para ajudar outras famílias. “Eu sei o que é lutar até o fim pela vida de um filho”, afirma Liliane. No seu caso, a síndrome foi descoberta ainda na gravidez. Ela conseguiu tratamento em São Paulo, mas o recém-nascido não resistiu à gravidade da doença.

No exame, o oxímetro é colocado no dedo para verificar a quantidade de oxigênio no sangue.

Autor do projeto que virou lei, o deputado estadual Márcio Fernandes (PTdoB) afirma que a legislação ainda será regulamentada, num prazo de 90 dias.

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