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Capital

Após morte de bebê, CFM e doula divergem sobre risco de parto em casa

Viviane Oliveira | 15/12/2015 15:53
Após o parto, a mulher foi levada à uma unidade de saúde. (Foto: Simão Nogueira)
Após o parto, a mulher foi levada à uma unidade de saúde. (Foto: Simão Nogueira)

A morte de um bebê após o nascimento em casa, reacende a discussão sobre parto assistido por uma equipe de doula e enfermeira obstétrica fora do ambiente hospitalar. Devido ao risco à mulher e ao recém-nascido, o CFM (Conselho Federal de Medicina) e a Febrasgo (Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia) não recomendam o parto domiciliar. Já a Artemis, organização nacional que defende a autonomia feminina e combate à violência obstétrica, destaca que não importa o local, desde que a mulher tenha uma boa assistência.

Ontem (14), um parto em casa terminou com a morte de uma recém-nascida no Bairro Taquarussu, em Campo Grande. A gestante ficou por mais de 10h em trabalho de parto e a criança nasceu já em parada cardiorrespiratória. Os bombeiros e o Samu (Serviço de Atendimento Móvel de Urgência) foram acionados e fizeram manobras para reanimação por cerca de 40 minutos, mas sem sucesso. Priscila Dias Domingues de Sá, 32 anos, mãe do bebê, foi levada para uma unidade de saúde em estado de choque.

Conforme a médica Nádia Stella Viegas do Reis, por mais que a paciente tenha passado por um pré-natal sem risco, isso não quer dizer que a gestante está livre de uma intercorrência, situação inesperada durante o parto. “O conselho e a federação não indica por causa disso. O parto pode ser feito por uma enfermeira que se especializou na área, porém com a supervisão de um médico”, explica a doutora, que é presidente da SOGOMAT-SUL (Associação de Ginecologia e Obstetrícia do Estado de Mato Grosso do Sul).

Em casos de parto em casa, a mãe e o bebê correm risco de morte. “Por exemplo, a mulher pode sofrer uma hemorragia e não dar tempo dela chegar com vida ao hospital”, destaca. No Brasil, o parto domiciliar é proibido. Já em alguns países a pratica é liberada, porém com uma estrutura diferente. “Mesmo assim, a questão está sendo revista, pois houve aumento no índice de complicações”, afirma.

Membro da Artemis, Camila Zanetti, diz que a associação defende o direito de escolha da mulher. De acordo com ela, não importa se o parto vai ser em casa ou em hospital, mas sim a qualidade da assistência, como por exemplo, a questão dos equipamentos e se a equipe tem outro plano, caso alguma coisa dê errado. “Os órgãos competentes precisam averiguar se a enfermeira tinha experiência em fazer parto domiciliar”, destaca.

Camila esclarece que humanizar o parto não significa que seja em casa. “São coisas diferentes. No parto humanizado, conceito que está sendo estabelecido desde 2006, a mulher pode escolher, mesmo que no hospital, a posição que vai parir, da pessoa que vai participar, se vai ter uma doula, que dá suporte psicológico, se ela quer ser alimentada e principalmente se vai ser cortada ou não” diz.

Quanto a situação de Priscila que perdeu o bebê, Camila diz que com certeza ela não teve uma boa assistência por parte da enfermeira, até porque a mulher já havia tido duas cesáreas em que houve complicação.

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