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Com orçamento apertado, Nosso Lar usa 60% dos recursos com pessoal

Luciana Brazil | 08/05/2012 09:45

Hospital é um dos poucos que atendem dependentes químicos e doentes mentais no Estado

A diretora do hospital, Angela Barsanti, mostra relatório com as contas do hospital. (Foto: Minamar Júnior)
A diretora do hospital, Angela Barsanti, mostra relatório com as contas do hospital. (Foto: Minamar Júnior)

Criado em 1948, o hospital psiquiátrico Nosso Lar, em Campo Grande, foi fundado para auxiliar no tratamento dos pacientes com dependência química e patologias mentais. Na casa de saúde, os internos recebem tratamento psiquiátrico, fisioterápico, psicológico, terapêutico, além de apoio espiritual, como explicou a diretora-presidente Ângela Barsante.

Com 220 leitos, o hospital gasta cerca de R$ 400 mil por mês para realizar o atendimento aos dependentes químicos e doentes mentais. Só com a folha de pagamento dos funcionários, a casa de saúde gasta, aproximadamente, R$ 250 mil. Os outros gastos são por conta de medicamentos, alimentação e laboratórios, entre outros, conforme explicou a diretoria do Nosso Lar.

Cheios de esperança no olhar, os dependentes químicos, internados pelos SUS (Sistema Único de Saúde), encontram no hospital uma das poucas alternativas que proporcionam uma vida mais produtiva e vitoriosa longe das drogas. A expectativa para os doentes mentais não é muito diferente. Na maioria das vezes, rejeitados pela família, os pacientes mentais buscam cumplicidade e menos preconceito.

Ali, nas paredes frias, o calor é gerado pelos testemunhos feitos com a simplicidade de um paciente que aguarda uma boa notícia. Talvez o aviso de que tudo foi um sonho. Os depoimentos chocam e assombram os que não conhecem tal realidade. Mas demonstram também o quanto o trabalho do hospital é necessário.

O Nosso Lar oferece aos pacientes área de lazer como uma academia de ginástica, uma quadra de futebol, e uma área coberta com mesas de sinuca. "É uma distração pode jogar ou fazer uma atividade física", comentou um interno.

“Eu já fui internado aqui outras vezes e tudo que eu queria era ficar bom”, disse o rapaz de 25 anos, dependente químico.

A diretora do hospital, diz que é, realmente, triste acompanhar os pacientes, mas para isso o trabalho da equipe não para. “Em qualquer um dos casos nós acompanhamos os pacientes e proporcionamos tratamento, que fora daqui esses pacientes não teriam”.

O tempo de internação varia de acordo com a patologia. “Nos atendemos pacientes bipolares, esquizofrênicos, pessoas com depressão, além dos dependentes químicos. E cada um desses tratamentos demanda um tempo. Porém, o SUS permite apenas 30 dias de internação para os dependentes e esse tempo é muito complicado porque nem sempre é possível que haja recuperação nesse período. Na verdade, é praticamente impossível. O que é feito nesse tempo é a desintoxicação”, ressaltou a diretora.

Em alguns casos, o tempo de internação permitido pelo SUS pode chegar a 90 dias. Já para os pacientes mentais o período de internação, geralmente, são 30 dias. “Mas existem pessoas que foram abandonadas pela família e estão aqui há três anos”, frisou Ângela.

A equipe do Campo Grande News visitou o hospital, que atende pelo Sistema Único de Saúde. Lá, alguns dependentes químicos, que não foram identificados, contaram um pouco da história e da luta enfrentada para se libertar dos vícios. “Eu não queria vir para cá porque eu queria estar bem”, disse um viciado em pasta base.

A diretoria do hospital assegurou que o trabalho é difícil, mas apesar das dificuldades o projeto deve continuar.

O mantenedor do hospital é o Centro Espírita Discípulos de Jesus, criado em 1934, em Campo Grande.

Professor de educação física arruma os aparelhos na sala de ginástica do hospital. (Foto:Minamar Júnior)
Professor de educação física arruma os aparelhos na sala de ginástica do hospital. (Foto:Minamar Júnior)

Problemas Financeiros: Com as contas de grande vulto e o investimento penoso, o déficit do hospital está, atualmente, em R$ 131 mil. A dívida deverá ser rateada entre a prefeitura de Campo Grande, o Estado e os municípios, conforme informou a diretora-presidente do hospital, Ângela Barsante.

Recentemente, uma reunião com a SES (Secretaria Estadual de Saúde) firmou a parceria que deverá evitar o fechamento de 40 leitos.

Segundo o diretor administrativo do Nosso Lar, Silvio Pereira de Moura, o déficit está vinculado ao valor baixo das diárias pagas pelo SUS ao hospital, no valor de R$ 43,70. “Desde 2009 não houve um aumento no valor. No mínimo, a diária deveria ser de R$ 80”, afirmou.

O Hospital Regional recebe, segundo a diretora Ângela, uma diária maior do que o Nosso Lar. “Nós não recebemos uma diária maior, justamente por causa dessa intenção de acabar com os hospitais psiquiátricos”.

Além das diárias insignificantes, conforme a diretora Ângela, o hospital não receberá o recurso de R$ 130 mil oriundo do Programa de Enfrentamento ao Crack, do Governo Federal. “Para piorar, além dos gastos do hospital que são imensos, nós não vamos receber o recurso do enfrentamento ao crack por causa de uma reforma psiquiátrica. O governo quer fechar os hospitais psiquiátricos”, lamentou a diretora.

Do total de 220, o hospital oferece 120 leitos do SUS (Sistema Único de Saúde), sendo 46 deles para dependentes químicos e 60 particulares.

Hoje, o Nosso Lar recebe do Estado o aporte mensal no valor de R$ 35 mil. Já a prefeitura, contribui com R$ 12 mil por mês.

Hospital dem 220 leitos e déficit mensal de R$ 131 mil.
Hospital dem 220 leitos e déficit mensal de R$ 131 mil.
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