ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, QUINTA  25    CAMPO GRANDE 27º

Capital

Comoção causada pelas mortes na fila eleva doadores de médula óssea

Filipe Prado | 23/09/2014 08:32
Depois da morte do filho, Glauce aumentou a luta pela doação de medula óssea (Foto: Reprodução?Facebook)
Depois da morte do filho, Glauce aumentou a luta pela doação de medula óssea (Foto: Reprodução?Facebook)

A comoção causada pelas vidas que vão se perdendo na fila por um transplante, principalmente de crianças e adolescentes, elevou o número de pessoas interessadas em doar médula óssea em Campo Grande. Atualmente, 8% dos moradores da Capital, quase quatro vezes o mínimo ideal, estão cadastrados no no Banco de Medula Óssea do município.

De acordo com o Redome (Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea), uma cidade com 2,5% da população cadastrada consegue suprir a necessidade dos pacientes. A coordenadora do setor de medula óssea do Hemosul, Lucéia Maria Fernandes, revelou que Campo Grande detém 61,5% dos cadastros de Mato Grosso do Sul. A Capital possui 80 mil cadastrados, sendo que no Estado há 130 mil. “Atingimos uma boa parcela da população”, comentou.

Atualmente, conforme Lucéia, o Hemosul realiza cadastros de manutenção, onde “pessoas que conhecem o cadastro, mas não quiseram realizar no momento da campanha ou que completaram idade e agora querem fazer o cadastro”, sendo que muitas empresas e universidades, que são o alvo principal das campanhas, já estão no banco de medula.

A coordenadora revelou que a tendência é que o número de cadastros diminua com o passar do tempo, porque “o cadastro é realizado uma única vez”, onde uma atualização deve ser feita cada vez que o telefone ou o endereço sejam modificados.

O número de cadastrados pode ser grande em Campo Grande, mas não é fácil encontrar um doador compatível no banco de medula. Foi o que aconteceu com o filho da consultora de vendas Glauce Figueiredo, 40 anos.

Jhonny Lucas Figueiredo, 17, havia completado 12 quando recebeu o diagnóstico de leucemia. Logo iniciou os tratamentos, mas, após idas e vindas, o adolescente não resistiu e morreu. O doador foi encontrado, porém se tornou indisponível.

Tia Nê com a esposa de Kenia (Foto: Reprodução/Facebook)
Tia Nê com a esposa de Kenia (Foto: Reprodução/Facebook)

Na luta para sobreviver Doralice Estevão da Silva, 67, conhecida como tia Nê, descobriu na última sexta-feira (19) que estava com leucemia aguda. Ao saber do diagnóstico, ela passou mal e foi internada no UPA (Unidade de Pronto Atendimento) do Bairro Tiradentes, enquanto esperava uma vaga em um hospital, conforme a recepcionista Kenia Miranda, 27, esposa de uma das sobrinhas de Tia Nê.

A idosa conseguiu ser transferida ontem (22) para o Hospital Regional, mas Kenia implorou por doadores. "Estou pedindo para amigos e postando no Facebook, porque até agora ninguém foi encontrado", admitiu.

Glauce aconselhou o cadastro no banco de medula óssea. “Esse é o primeiro passo para salvar alguém. Quanto mais pessoas se cadastrarem, mais chances o paciente tem”, afirmou. Mesmo com 130 mil cadastrados no Estado, somente quatro doadores foram convocados, conforme a mãe de Jhonny.

Mesmo com boa parte de Campo Grande no banco de medula, Glauce ainda insiste no cadastramento. “Inconscientemente a pessoas que não se cadastra se torna cúmplice da morte da outra. Quando ela se nega a doar, indiretamente também é responsável”, cobrou.

Outro paciente que não resistiu a doença foi Caroline Flores de Leno, a Carolzinha, 12, o “rosto” da campanha de doação de medula óssea. Por conta de uma infecção, a menina foi internada na madrugada de domingo (21), mas não resistiu.

Lucéia explicou que doadores de medula óssea compatíveis com os pacientes não são fáceis de serem encontrados, já que o DNA define a quem poderá ser o doador.

Para quem se interessou com o cadastro, Lucéia enumerou quem pode se entrar no banco de doadores. “Precisa ter entre 18 e 54 anos e não ter tido Hepatite B e C”. O cadastro poder ser realizado na Santa Casa.

Nos siga no Google Notícias