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Capital

Destino de rodoviária volta à estaca zero e comerciantes ficam frustrados

Aline dos Santos | 07/06/2011 16:59
Portas fechadas e ninguém nos corredores da antiga rodoviária. (Foto: João Garrigó)
Portas fechadas e ninguém nos corredores da antiga rodoviária. (Foto: João Garrigó)

Se o futuro é incerto, o presente da rodoviária antiga é marcado por decepção, reclamações, e abandono. Há mais de um ano o terminal rodoviário de passageiros foi transferido da precária estrutura, no Centro de Campo Grande, para um novo imóvel na avenida Gury Marques, saída para São Paulo. Desde então, os lojistas do Centro Comercial Terminal do Oeste esperam que a parte desativada no piso superior ganhe finalidade capaz de oxigenar o comércio local.

O “eldorado” seria a implantação da Uningá, com ao menos 600 alunos por turno. Mas o plano naufragou por problemas contratuais. A prefeitura informou que avalia outras três propostas para local. Aos comerciantes, resta a frustração.

“É tudo só promessa. Vamos pedir reunião com o prefeito para que ele explique isso. Estava tudo acertado que seria a faculdade. A parte de cima é da prefeitura. A rodoviária tinha que ser respeitada como história de Campo Grande”, reclama Rosane de Lima, responsável pelo condomínio comercial.

No térreo, as plataformas,com suas e as idas e vindas de ônibus e pessoas, deram lugar à sede administrativa da Guarda Municipal e da Defesa Civil. Com pintura nova, salas iluminadas e ar condicionado garantindo agradável temperatura de 24°C na fria manhã de terça-feira, a estrutura do poder público municipal é um oásis em meio ao abandono.

Mas, à medida de pouco passos, se depara com o Centro Comercial. Escuro, sujo e com infiltrações. O cenário amedronta Arilza de Oliveira, cujo marido herdou do pai a lanchonete Paramond. “Não gosto, tenho medo de ficar aqui”, revela.

Na lanchonete, bancos vazios, a televisão ligada fala para ninguém. Na falta de clientes, Arilza lê um livro para matar o tempo. “Acho que essa lanchonete começou junto com a rodoviária. Funcionava 24 horas. Hoje, meu marido abre às 8h e fecha às 17h30. Os funcionários foram demitidos. Vai acabar fechando”, prevê.

Ela conta que o movimento é fraco e resulta, no máximo, em faturamento de R$ 40 por dia. Durante a manhã, foram vendidos alguns sorvetes, um refrigerante e dois salgados. “É bom que a imprensa venha aqui, para que se lembrem da gente”, comenta. Das 239 salas, poucas ainda são ocupadas com comércios como bares, lojas de roupa e salão de cabelereiro.

Arilza conta que lanchonete funcionava 24 horas antes, agora abre às 8h e fecha às 17h30. Os funcionários foram demitidos.
Arilza conta que lanchonete funcionava 24 horas antes, agora abre às 8h e fecha às 17h30. Os funcionários foram demitidos.

No segundo andar, o auxiliar administrativo Emerson Dias conta nos dedos os locais que ainda funcionam próximo ao Sindicato dos Metalúrgicos, onde trabalha. “Tem aqui o sindicato, o posto da Agetran e a loja de móveis”. Em meio à sucessão de portas fechadas, um dos pontos ainda com circulação de pessoas é o cinema, que exibe filmes com conteúdo erótico. A prostituição, outra conhecida atividade econômica do lugar, também persiste.

“Aqui em cima é tranquilidade. Duro é quando tem que descer para comprar cigarro. Ando com a mão no bolso, segurando o dinheiro”, relata Emerson. O sindicato funciona na rodoviária desde 1998 e desde sempre pede que as empresas paguem os trabalhadores com depósito em conta. “A orientação é que não venham com dinheiro aqui”, explica.

Com a porta do comércio voltada para a rua, Paulo Pereira, dono da ótica e relojoaria Santa Cruz, avalia que a situação difícil no comércio não é exclusividade do local, mas realidade para todo o setor. Segundo ele, a loja tem público para se manter. “A rodoviária já fechou e estamos de portas abertas”, reforça.

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