ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 24º

Capital

Enteado diz que família sempre avisou delegado do perigo de "falar verdades"

Jéssica Benitez e Luciana Brazil | 26/06/2013 09:59
Amigos e familiares foram ao velório para dar o último adeus. (Foto:Marcos Ermínio)
Amigos e familiares foram ao velório para dar o último adeus. (Foto:Marcos Ermínio)

O enteado do delegado aposentado Paulo Magalhães, assassinado ontem à tarde, disse ao Campo Grande News que a família sempre o alertou sobre os perigos de "falar a verdade" no Brasil.

Durante o velório, na manhã de hoje, Daniel de Brito Rodrigues, 23 anos, acadêmico do curso de Direito, desabafou: "Infelizmente neste País isso (dizer a verdade) leva à morte”. Ele contou ainda que o padrasto, com quem convivia desde os nove anos de idade, estava desiludido com a sociedade.

Para Daniel, o delegado aposentado vai ficar guardado nas recordações como um homem honesto e extremamente patriota. “Ele dava aulas (de direito) com a bandeira do Brasil ao lado dele”, contou.

Na opinião do jovem, tamanho patriotismo fez com que Paulo se tornasse uma pessoa “polêmica”. Ele acredita também que se o padrasto estivesse armado no momento da abordagem dos pistoleiros, o fim da história poderia ter acabado de forma diferente. “Ele não teria morrido deste jeito”, concluiu.

Hoje, na despedida ao ex-colega, muitos delegados e até o chefe da Polícia Civil de Mato Grosso do Sul, Jorge Razanauska Neto, apareceram para as últimas homenagens ao companheiro.

A delegada aposentada e amiga pessoal de Paulo, Dalva Gomes Sampaio, externou sua indignação com a execução brutal da vítima. “Ele era o cara mais correto que eu já conheci. Os culpados pelo crime não ficarão impunes”, garantiu.

A doutora também criticou alguns veículos de comunicação que publicaram matérias dizendo "que a ficha criminal do delegado aposentado é maior do que a de muitos marginais".

“Os processos que ele tinha nas costas eram todo por calúnia e difamação por parte dos poderosos. Ele estava investigando pessoas do poder”, concluiu.

Morte - Paulo foi assassinado ontem por volta das 17h40 na rua Alagoas quando foi buscar a filha na escola. Chovia no momento, mas testemunhas contam que a vítima estava na fila, esperando para entrar na área coberta do colégio, no horário de saída das aulas, quando 2 homens em uma moto ficaram ao lado do veículo e um deles atirou pelo menos 6 vezes.

Magalhães era conhecido por uma carreira conturbada. Depois de elucidar uma série de homicídios em Campo Grande, acabou aposentado por problemas psicológicos. Ao sair, criou a ONG Brasil Verdade MS, espaço onde fazia denúncias contra diferentes órgãos e autoridades, da Polícia Civil à Justiça Federal.

Nos siga no Google Notícias