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Capital

Morte de bebê de 1 ano fez Marisa largar tudo e ir em busca de Justiça

Mulher acusa a patroa de negar atendimento à criança, de apenas 1 ano, que morreu a caminho do posto de saúde

Guilherme Henri | 07/11/2016 10:11
Marisa dos Santos Oliveira, 30 anos (Foto: Guilherme Henri)
Marisa dos Santos Oliveira, 30 anos (Foto: Guilherme Henri)

Sem conseguir dizer uma palavra antes que lágrimas escorram pelo rosto, Marisa dos Santos Oliveira, 30 anos, culpa sua patroa pela morte de seu filho Guilherme dos Santos, de apenas 1 ano. Ela abandonou o emprego e, agora, conta com a ajuda de uma amiga para ir em busca de Justiça, enquanto o caso perambula por delegacias.

O menino morreu a caminho da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) Vila Almeida, na segunda-feira passada (31). A mãe, que trabalha e mora em uma estância turística, na saída para Rochedo, afirma que a patroa negou um adiantamento e ainda não a deixou buscar atendimento médico para o filho quando ele ainda apresentava dificuldades respiratórias no dia anterior.

De acordo com Marisa, o menino estava gripado há uma semana, mas não apresentou sintomas, como por exemplo, febre. “Eu estava desde o dia 12 de setembro sem ir para Campo Grande então no domingo (30) pedi a minha patroa um adiantamento, pois no dia seguinte faria umas coisas na cidade e aproveitaria para levar meu filho no médico”, relata.

Caso aconteceu no dia 31 de outubro (Foto: Guilherme Henri)
Caso aconteceu no dia 31 de outubro (Foto: Guilherme Henri)

Porém, o sentimento de revolta da mãe veio diante da negativa da patroa. “Ela disse que não podia me dar o adiantamento, pois não havia hospedes na estância. O pior é que ela também não me liberou para ir até a cidade, pois o caseiro já iria se ausentar e o local não podia ficar sozinho”, detalha a mulher, que ainda enfatizou que era responsável pela limpeza da estância.

O problema é que o quadro de Guilherme piorou e ele começou a gemer e respirar com dificuldade. “Eu tornei a pedir dinheiro e que me deixasse ir até a cidade, mas ela afirmou que eu precisava cuidar da limpeza da estância já que o feriado estava chegando e o local receberia hospedes”, detalha.

A patroa deixou a estância por volta das 17h e, como Marisa estava com um celular sem chip, precisou entrar na casa da dona da estância e pegar um aparelho celular que funcionasse. “Pedi ajuda a um pedreiro que já trabalhou na estância. Ele estava me levando até uma unidade de saúde, mas Guilherme não resistiu”, desabafa.

Mãe solteira de mais quatro filhos, Marisa diz que não para de chorar e, mesmo sem ter avisado a patroa, deixou a estância. Provisoriamente, está na casa da irmã, no bairro Nova Campo Grande.

"Ainda não sei o que vou fazer. A única certeza que tenho é que pra lá eu não volto mais. Depois que meu filho morreu tentei diversas vezes ligar para minha patroa, mas ela não me atendia. Apenas hoje pela manhã que conseguir falar. Ela disse que sentia pela minha perda e que eu não precisava trabalhar até sábado. Mas, nessa mesma ligação ela perguntou sobre a estância e se tinham aspirado a piscina. Não consegui dizer nada a ela”, afirma.

Marisa está na casa de uma irmã, localizada no Nova Campo Grande (Foto: Guilherme Henri)
Marisa está na casa de uma irmã, localizada no Nova Campo Grande (Foto: Guilherme Henri)

Uma amiga, que terá a identidade preservada, garantiu que já acionou seu advogado e irá instruir Marisa a entrar com uma ação contra a patroa. Conforme ela, o laudo que deve indicar a causa da morte do menino ainda não ficou pronto.

Patroa – A proprietária da estância, que pediu para ter seu nome preservado, afirma que Marisa não a comunicou sobre a doença de seu filho e nem que o quadro tinha se agravado. “Ela pediu apenas dinheiro, mas de fato eu neguei, pois naquele momento eu não tinha. O que me causa estranheza é ela afirmar que não a deixei sair da estância, sendo que na segunda-feira é folga dela”, revela a proprietária.

Conforme a proprietária, naquele dia, além de ela estar na propriedade, uma terceira pessoa também estava no local com veículo e podia ter levado a mulher e seu filho até a cidade. “Fiquei até às 17h lá com um eletricista e em nenhum momento Marisa me procurou para falar que seu filho estava passando mal. Além disso, ela tinha me pedido para ir à cidade na terça-feira (1º)”, afirma.

Investigações - O caso foi registrado como morte a esclarecer na Depac (Delegacia de Pronto Atendimento Comunitário) do centro de Campo Grande. Conforme a assessoria de comunicação da Polícia Civil, ele será encaminhado para a 2ª DP (Delegacia de Polícia).

De acordo com o titular da delegacia, Weber Luciano de Medeiros, ele ainda não recebeu a ocorrência. "Como se trata de uma criança sendo vítima, irei encaminhar o caso para a Depca (Delegacia Especializada à Criança e ao Adolescente", informa. 

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