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Capital

Nova direção encontra HU com déficit de R$ 2 milhões e de mil funcionários

Aline dos Santos | 12/06/2013 12:38
Hospital foi alvo da operação Sangue Frio. (Foto: Marcos Ermínio)
Hospital foi alvo da operação Sangue Frio. (Foto: Marcos Ermínio)

Falta dinheiro, funcionários e sobram pacientes. A situação de penúria no HU (Hospital Universitário) Maria Aparecida Pedrossian, em Campo Grande, foi relatada pela nova direção, que assumiu há 15 dias. Situação dispare do negócio rentável que o hospital demonstrava ser.

Auditoria da CGU (Controladoria-Geral da União), realizada em 2012, apontou prejuízo de R$ 973 mil aos cofres públicos, em ações envolvendo direcionamento de licitação, subcontratação de serviços para empresas ligadas a dirigentes do hospital e superfaturamento.

O HU, que pertence à UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) e se prepara para ser administrado pela EBSERH (Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares), foi alvo de operação Sangue Frio, realizada pela PF (Polícia Federal) em 19 de março.

De imediato, a Justiça afastou o diretor-geral José Carlos Dorsa Vieira Pontes, que foi exonerado, a pedido, em 5 de maio. O cargo foi assumido no dia 27 de maio pelo ortopedista Cláudio Wanderley Luz Saab. Na primeira entrevista coletiva, concedida nesta quarta-feira, o passado foi evitado. Segundo o novo diretor, as denúncias estão sendo investigadas pelos órgãos competentes.

Dentre as ações da gestão atual, Cláudio Saab afirmou que vai rever todos os contratos terceirizados para redução de despesas. “O hospital tem uma estrutura muito complexa. Funciona 24 horas, tem vários serviços. Cada contrato está sendo avaliado. Atacar o setores envolvendo compras", afirma o diretor, que tem dois economistas em sua equipe. “Vamos começar pelos pontos nevrálgicos”, afirma.

Cláudio Saab está reavaliando contratos terceirizados. (Foto: Marcos Ermínio)
Cláudio Saab está reavaliando contratos terceirizados. (Foto: Marcos Ermínio)

Finanças e pessoal – O hospital, que tem 250 leitos, gasta mais do que recebe. “O déficit é de 50% do que nós recebemos. A contratualização do SUS é de R$ 2 milhões e o custeio é em torno de 4 milhões”, diz Saad, citando os dados do mês de maio. O caminho para aumentar a receita é pedir mais dinheiro ao Ministério da Saúde, aumentando o valor da contratualização. Além de solicitar pagamento por mais procedimentos.

Já o déficit de funcionários chega a 1.110 servidores. Atualmente são 350 médicos, distribuídos entre professores e administrativos. O levantamento foi feito para atender exigência da EBSERH, que vai passar a gerir o hospital a partir do ano que vem. Dos cinco passos para a formalização do contrato, três já foram cumpridos. A empresa vai realizar concurso publico para reforçar o quadro de pessoal do hospital.

Segundo o vice-reitor da UFMS, João Ricardo Filgueira Tognini, a falta de funcionários força o HU a recorrer a “artifícios” para se manter de portas abertas. “A opção foi hora-extra como plantão hospitalar, artifício de contrato terceirizados dos profissionais que nós não dispúnhamos. E o dinheiro do plantão, da hora-extra, do terceirizado é o dinheiro de custeio”.

Conforme João Ricardo, era vedada a contratação de novos funcionários e a mão de obra não era resposta. “Alguns hospitais universitários recorreram às fundações, que contratavam os funcionários. Mas o Tribunal de Contas da União declarou que a solução era inadequada”, relata.

A direção do HU aposta todas as fichas na nova gestão, liderada pela EBSERH. O hospital vai passar por auditorias a cada dois meses, vai receber recursos e novos funcionários. “Sem deixar de ser um órgão de formação de médico, de ensino”, afirma o vice-reitor. Com a adesão, o hospital recebeu 260 camas elétricas. “Existe um caminho do ponto de vista tecnológico e de atendimento à população”.

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