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Capital

O apelo de quem mora e trabalha na Coronel Antonino por segurança

Luciana Brazil | 18/05/2012 10:33
População luta pela ativação do posto policial. (Foto:Predo Peralta)
População luta pela ativação do posto policial. (Foto:Predo Peralta)

A avenida Coronel Antonino, em Campo Grande, é cenário constantes de assaltos e arrombamentos. Com grande concentração de agências bancárias, concessionárias de veículos, lotéricas, além de outros estabelecimentos, o lugar se tornou alvo fácil para marginais.

Um posto policial que funcionava na esquina da Coronel Antonino, com a rua Enoch Vieira de Almeida, foi desativado há alguns anos. O local está abandonado e já foi pichado. Agora, comerciantes e moradores lutam para que o posto seja acionado e possa trazer um pouco mais de segurança.

Para a Sejusp/MS (Secretaria de Justiça e Segurança Pública de Mato Grosso do Sul) um posto policial no local é inadequado, conforme um documento assinado pelo secretario Wantuir Jacini, no dia 6 de abril de 2011. O documento surgiu em resposta a abaixo-assinado da população local que pedia a reativação do policiamento.

O documento foi entregue no dia 23 de março do ano passado, com quase 700 assinaturas. A moradora Neide de Oliveira, revoltada com a quantidade de crimes e com a falta de segurança, encabeçou a solicitação. “Quando as coisas não estão boas não adianta reclamar, é preciso fazer alguma coisa”. Segundo ela, a região precisa de policiamento constante.

No perímetro de uma quadra, praticamente todos os estabelecimentos já foram assaltados ou arrombados. “É mais fácil dizer qual deles não foi”, confirma Neide.

O posto policial, construído pelos próprios moradores e proprietários de estabelecimentos da região, surgiu depois de uma história trágica, quando um funcionário dos Correios morreu durante um assalto. A Sejusp teria disponibilizado apenas o efetivo para o posto, como contaram os moradores. Porém, após algum tempo, sem que a população soubesse o motivo, o local foi desativado. Agora os moradores e comerciantes esperam que o policiamento esteja novamente presente no lugar.

Tragédia em 2000- A história começou de forma cruel, em 2000. Um assalto na empresa dos Correios, também localizada na avenida Coronel Antonino, terminou da pior forma, com a morte de um funcionário. Márcio Nogueira da Silva, na época com 21 anos, levou dois tiros depois que três homens anunciaram o assalto.

“Éramos três caixas, o Márcio estava em um deles. Os bandidos entraram no Correiode forma natural. Ninguém desconfiou. Um deles entrou e ficou conferindo um jogo e os outros dois entraram na fila. Na hora que chegou a vez deles, eles sacaram a arma. Eles anunciaram o assalto na hora que chegaram à boca do caixa”, contou o funcionário Humberto Barbosa, 51 anos, que continua trabalhando na empresa.

Segundo ele, os bandidos mandaram Márcio ir para os fundos da loja. “Nós já tínhamos retirado o dinheiro do caixa porque o carro forte já ia passar. A gente não sabe o que aconteceu. Nós só ouvimos os tiros”, contou incomodado. Humberto diz que a experiência foi traumatizante e ressalta que não gosta de falar sobre o assunto. O irmão gêmeo de Márcio também trabalhava nos Correios e abandonou o lugar depois do crime.

Mencionando os vários bancos que ficam na região, o proprietário dos Correios, Denas Lugo, acredita que o local é propício para esse tipo de crime. Segundo ele, a empresa de segurança privada, que estava nos Correios no dia do assalto, não foi suficiente para inibir a ação. “Nós precisávamos do apoio da segurança pública”, explicou.

Traumatizado o gerente de uma loja, assaltada duas vezes, diz que a experiência é terrivel. (Foto:Pedro Peralta)
Traumatizado o gerente de uma loja, assaltada duas vezes, diz que a experiência é terrivel. (Foto:Pedro Peralta)

Depois da tragédia, no ano seguinte, o posto foi construído e recebeu o nome do jovem que perdeu a vida de forma estúpida. A “Veladoria da Policia Comunitária Márcio Nogueira da Silva”, agora, poderá ser demolida e a insegurança continuará a reinar, temem os moradores.

O gerente de uma loja de produtos veterinários, Valdemir Alves de Oliveira, afirma que ao ver policiais nas redondezas, os bandidos “correm”. “Quem não quer a segurança do poder publico. Seria ótimo se eles pudessem estar por perto”. O gerente ainda frisou que a ativação do posto seria essencial para uma região que é cheia de bancos e lojas.

“Nós já fomos assaltados duas vezes. Eu fiquei com o revólver na cara e agora sempre que entra algum cliente de capacete eu já peço para que tire imediatamente”, disse se referindo à ação dos bandidos que entraram na loja de capacete para esconder o rosto.

Em frente ao posto policial, um restaurante já foi assaltado quatro vezes. “Duas vezes nós fomos arrombados e duas vezes assaltados”, conta Beno Wondracek, proprietário do estabelecimento.

O dono de outro restaurante, Carlos Ernani Schadler, 44 anos, que já foi assaltado seis vezes, também foi vítima de um sequestro, há algum tempo, em frente ao posto desativado. “Era 21 horas, eu estava fechando o comércio.

Dois homens entraram e pediram que eu, e mais dois clientes, um deles um coronel aposentado da Polícia Militar, entrássemos na caminhonete do meu cliente. Nos levaram para a saída de Rochedinho e ficamos no mato por mais de 4 horas”.

Comerciante tenta melhorar a pequena praça onde está o posto policial. (Foto:Pedro Peralta)
Comerciante tenta melhorar a pequena praça onde está o posto policial. (Foto:Pedro Peralta)

Segundo Carlos, a região é propícia à fuga rápida dos bandidos, já que é caminho para uma rodovia, a BR-163. “Agora eu fico receoso. Quando chega o fim do dia a gente já fica preocupado. Nós temos direito de segurança e isso não está acontecendo”.

Segundo Neide de Oliveira, depois do documento encaminhado à Sejusp, a Polícia Militar tem feito policiamento com motociclistas, mas não é o ideal.

Na pequena praça, onde fica a unidade policial, um comerciante, por meio de um convênio com a Prefeitura, tenta melhorar a aparência do local. Já providenciou plantas e grama para serem colocadas na praça. Na manhã desta quinta-feira as obras já tinham começado.

Sejusp e PM: Em resposta sobre as condições da região, repassadas pela equipe do Campo Grande News, o subcomandante do CPM (Comando de Policiamento Metropolitano) da Polícia Militar, tenente-coronel Messias Lima de Mesquita, informou que será feito na região um estudo de situação onde serão analisadas as ocorrências e episódios da região.

Conforme informou o coronel, a população receberá uma resposta policial sobre a circunstância atual do local. “A situação é dinâmica. Nós temos um efetivo X e um problema de segurança pública. Se o problema migra de um local Y para Z, nós temos que remanejar o efetivo”.

Segundo o oficial, a PM tem um planejamento e o trabalho com a Sejusp acontece de forma “harmônica”. “A Sejusp é o ente gestor e se ela nega algum pedido é sempre baseada em algum estudo e geralmente, feitos por nós mesmos. Se a PM diz que um local precisa de reforço policial, é muito difícil que haja empecilho da Sejusp”, explicou o coronel.

A Policia Militar tem dado prioridade para o rádio-patrulhamento feito com guarnições, segundo o tenente-coronel. “Quando se coloca o posto policial, o serviço fica engessado porque o policiamento fica fixo em uma região. Com a viatura o policiamento fica mais efetivo. Mas a população acredita mais na segurança objetiva que é aquela quando ele vê os policiais. A segurança subjetiva é quando a população sabe que poder contar. Ou seja, se precisar de alguma coisa, ele vai entrar em contato”, explicou.

A Sejusp, por meio da assessoria de imprensa, informou que devido à agenda do secretário, não foi possível, ainda, obter uma resposta sobre o caso. Mas informou que no mesmo documento, onde dizia que a ativação do posto não seria possível, pedia ao batalhão responsável pela área que fosse feito policiamento reforçado no local.

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