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Capital

Pedindo paz, famílias de vítimas da violência fazem carreata

Mariana Lopes | 15/12/2012 12:49
Carreata começou nos altos da Afonso Pena (Foto: Mariana Lopes)
Carreata começou nos altos da Afonso Pena (Foto: Mariana Lopes)

Quase quatro meses após perderem os filhos, que foram cruelmente assassinados em agosto deste ano, os pais dos estudantes Breno Luigi Silvestrini de Araújo, 18 anos, e Leonardo Batista Fernandes, de 19 anos, organizaram uma carreata na manhã deste sábado (15) em clamor pela paz.

Cerca de 80 carros percorreram as ruas do centro de Campo Grande com um único objetivo: chamar a atenção das pessoas para se unir à luta contra a impunidade de crimes e mais rigor na Constituição Brasileira.

A fila de carros foi puxada por um triciclo no qual estava Rubens Silvestrini, pai de Breno. Personalizado para a carreata, na frente do veículo tinha uma foto dos dois estudantes, a mesma imagem que também estava estampada nas camisetas que foram distribuídas a todos que abraçaram do movimento, e nem a chuva fina desanimou os envolvidos

Antes e depois do percurso pelas ruas da cidade, as famílias estavam recolhendo assinaturas para o movimento “Pelo Fim da Impunidade”, que, de acordo com Rubens, já tem 50 mil nomes de Campo Grande.

O sofrimento, as famílias tentam transformar em luta, como descreve a mãe de Leonardo, Angela Miracema Batista Fernandes. Este é o segundo movimento nas ruas da Capital que as famílias organizam. “Esse ato é para beneficiar toda população, para os nossos filhos já é tarde, não vai trazê-los de volta”, afirma Angela.

Entre os carros, mais uma família que recentemente perdeu um membro para a violência. Mãe, irmãos, sobrinhos, primos, tios do enfermeiro Ike Cézar Gonçalves apoiaram o movimento. “Somos vítimas também, temos que apoiar”, diz Jaci Vieira do Nascimento, a mãe do enfermeiro que foi assassinado com um tiro na cabaça, disparado por um policial militar.

Família de Ike, assassinado com um tiro na cabeça disparado por um policial militar (Foto: Mariana Lopes)
Família de Ike, assassinado com um tiro na cabeça disparado por um policial militar (Foto: Mariana Lopes)

Para a mãe de Breno, Lilian Silvestrini, o brasileiro está acomodado. “O povo tem força e não sabe que tem, precisamos sair do lugar e fazer algo”, pontua. Ela e o resto da família ainda sentem na pela a dor da perda e lutam para continuar a vida normalmente.

“É uma dor muito grande, que não passa. Tem coisas que a vida impõe, que não tem como não fazer, o resto a gente empurra, falta força para muita coisa”, diz Lilian, que decidiu não ficar parada em relação à violência e à impunidade.

Como diz a canção de Tim Maia, que foi uma das trilhas sonoras da carreata, “mas quem sofre sempre tem que procurar, pelo menos vir achar razão para viver”. A razão para viver, as famílias buscam na lembrança dos jovens. “A dor uniu nossas famílias”, conta Lilian.

A carreata começou nos altos da avenida Afonso Pena e terminou em frente à Praça do Rádio Clube, ao som da música “Múmias”, do grupo Biquíni Cavadão. “Errar não é humano, depende de quem erra. Esperamos pela vida, vivendo só de guerra”. E no fundo, é nesta situação na qual as famílias sentem viver. “Queremos fazer com que os jovens parem de usar drogas, é isso que engrossa a situação”, pondera a mãe de Breno.

Quem quiser aderir ao movimento, pode acessar o site WWW.pelofimdaimpunidade.com.br, e assinar.

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