ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 33º

Capital

PM é preso com carro roubado e polícia identifica quadrilha de MG

Vanda Escalante | 30/06/2011 11:36

Esquema de passagem de carros roubados para o Paraguai e a Bolívia utiliza placas dublês para dificultar identificação.

Na Defurv, hoje foi feita apresentação dos veículos apreendidos. (Fotos: Pedro Peralta)
Na Defurv, hoje foi feita apresentação dos veículos apreendidos. (Fotos: Pedro Peralta)

Com investigações, flagrantes e prisões nos últimos cinco dias, policiais da Defurv (Delegacia Especializada de Repressão a Furtos e Roubos de Veículos) acreditam ter descoberto um esquema de passagem de carros roubados em São Paulo para a Bolívia e o Paraguai, passando por Minas Gerais, com falsificação de documentos e utilização de placas dublê.

Um policial militar de Governador Valadares (MG) foi preso no último sábado (25), em Terenos, dirigindo um carro roubado em São Paulo. O veículo é um Honda Civic prata, com placa dublê (HMY 6047) de Belo Horizonte (MG). Na vistoria ao veículo, a polícia descobriu que se tratava de placa dublê, pois embora o sistema desse as características do veículo abordado, outros itens, como numeração de chassi e de motor, denunciaram a situação irregular.

Milvio Murta Junior, 39 anos, é policial militar há cerca de 16 anos e disse à polícia que estava indo visitar uma irmã que mora no Peru. De acordo com o delegado da Defurv, Cláudio Martins, ele alegou que não sabia que o carro era roubado.

O caso poderia ter sido classificado como uma ocorrência isolada, mas na madrugada de terça-feira (28) uma “festinha”, que começou no posto Trokar e terminou num motel, acabou ampliando os fatos. Na noite de segunda-feira (27), um grupo de jovens estava na conveniência do posto e chegou a bater um dos quatro carros que eles ocupavam numa parede do estabelecimento. De lá, três dos carros ocupados pelos jovens teriam seguido para um motel.

A dona do motel, segundo a polícia, estranhou a movimentação excessiva e o fato de todos os carros terem placas de fora, e ligou para a polícia militar. Consultadas as placas, o sistema da polícia não indicou qualquer irregularidade com os veículos, e o caso não resultou em qualquer ação. Os veículos eram um Gol, um Eco Sport preto, e um Astra preto.

Todas as placas, do Estado de São Paulo, são dublês, ou seja, indicam letras e números de placas de veículos com as mesmas características (marca, modelo, cor, ano etc.). Os documentos portados pelos bandidos também são falsificados, acompanhando a placa dublê.

No dia seguinte, durante uma ronda normal pelo centro da cidade, policiais viram o Astra, com placa de Araraquara (SP), que havia estado no posto e no motel e, como tinham ouvido o pedido de informações sobre o veículo, resolveram parar o motorista para nova checagem. Acabaram descobrindo a mesma situação verificada com o Honda apreendido no sábado anterior.

Guilherme Gonçalves de Souza, 18 anos, preso por receptação e falsificação.
Guilherme Gonçalves de Souza, 18 anos, preso por receptação e falsificação.

O condutor do Astra, Guilherme Gonçalves de Souza, de 18 anos, foi preso autuado em flagrante. Guilherme mora em Uberlândia (MG). Ele disse à polícia que não sabia que se trava de um carro roubado, e que estava em Campo Grande a passeio, para visitar uma namorada. Ele vai responder por receptação, falsificação de documentos, uso de documentos falsos e adulteração de sinalização identificadora de veículo (placa).

Com Guilherme, no carro, estavam outros dois jovens que participaram da “festinha” no posto e no motel. O rapaz, de 29 anos, e a adolescente, de 17, moram em Campo Grande e teriam conhecido Guilherme na conveniência do posto. Eles foram ouvidos pela polícia na condição de testemunhas.

Enquanto o flagrante de Guilherme era lavrado na Defurv, a polícia localizou o Eco Sport com a dianteira amassada (pela batida na parede do posto). O carro estava abandonado no centro de Campo Grande, na avenida Calógeras. A verificação mostrou que a placa, de Barueri (SP), também era dublê e que o carro havia sido roubado em São Paulo (SP). Guilherme, já preso, teria confirmado que o Eco Sport era realmente o carro que estava junto no posto e no motel.

Dentro do veículo, os policias encontraram um carnê de pagamento de uma motocicleta, em nome de Leandro Cleyton Castelo, de aproximadamente 25 anos, que mora no Aero Rancho. Ao localizar Leandro, a polícia encontrou também outro dos veículos envolvidos na história, o Fiat Idea, que estava abandonado na Rua Ponte da Pedra, perto da casa de Leandro, que foi indiciado por receptação. Ele confirmou ter estado no posto, embora não tenha ido ao motel.

Esquema - De acordo com o delegado Cláudio Martins, responsável pelas investigações, a polícia acredita que essa “quadrilha ou bando” agia da seguinte forma: os carros eram roubados em São Paulo, depois seguiam para Minas Gerais, ganhavam placas dublês e documentos falsos e depois passavam por Mato Grosso do Sul, a caminho do Paraguai ou da Bolívia, para serem usados como moeda de troca no tráfico de drogas.

“A recente ação do governo boliviano, dizendo que iria legalizar todos os veículos em circulação naquele país, apesar de ter causado celeuma internacional, pode ter incentivado os bandidos a passaram esta ‘leva’ de carros roubados”, avalia o delegado.

Segundo Martins, algumas coincidências chamam a atenção, como o fato de os dois homens presos (o policial militar e o jovem “festeiro”) serem de Minas Gerais, de onde os carros, todos roubados em São Paulo, estavam vindo.

O delegado lembrou ainda que o esquema de passagem dos carros roubados e a utilização de placas dublê não são novidade em Mato Grosso do Sul. “No final do ano passado tivemos o caso de seis veículos nessas condições encontrados numa garagem de revenda de automóveis, recorda.

Os quatro carros apreendidos estão na Defurv e serão periciados. A polícia ainda não localizou o Gol que também teria estado no posto Trokar e no motel.

Nos siga no Google Notícias