ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 24º

Capital

Polícia pede lista de médicos que atenderam bebê com hemofilia

Ricardo Campos Jr. | 31/03/2015 15:54
Bebê teve hematoma no pescoço (Foto: Marcos Ermínio)
Bebê teve hematoma no pescoço (Foto: Marcos Ermínio)

O corpo do bebê morto durante tratamento para hemofilia no Hospital Regional de Mato Grosso do Sul foi exumado e inumado (enterrado novamente) nessa segunda-feira (30). Luiz Gustavo Barbosa, de apenas 9 meses, teve hematoma no pescoço depois que a equipe de enfermagem tentou, sem sucesso, acessar a veia jugular para aplicar medicamento. O exame necroscópico durou apenas algumas horas.

A Depca (Delegacia Especializada de Proteção à Criança e ao Adolescente) investiga o caso. Cláudia Angélica Gerei, responsável pelo inquérito, disse que enviou ofício à unidade de saúde solicitando a lista dos médicos que atenderam a vítima. Ela aguarda resposta para intimar os profissionais a prestarem depoimento.

Parentes do bebê já foram ouvidos. O prontuário dele também foi anexado aos autos. No último domingo, família e amigos fizeram uma passeata partindo da rua Trindade até a Praça Ari Coelho cobrando justiça.

Mistério - Segundo a advogada da família, Viviane Lacerda Lopes, o hospital alega que o bebê não resistiu às complicações da doença. Entretanto, a certidão de óbito informa que ele teve compressão de vasos cervicais por hematoma.

Pai da vítima, Luís Pires Ferreira, 36 anos, conta que o menino fazia uso de uma substância conhecida como Fator FVIII para o tratamento da hemofilia. A doença é conhecia por disfunções que impedem o sangue de coagular.

Um dia antes do óbito, o bebê foi levado ao Regional para aplicação do remédio, mas a equipe não conseguiu localizar veia e o liberou. Em casa, durante a noite, marca roxa começou a aparecer no pescoço. No dia seguinte, foi levado novamente à unidade.

“Eu estava no trabalho e minha esposa ligou para mim desesperada. Levamos ele ao hospital. A médica de plantão disse que não podia fazer nada porque não era a médica dele. Quando a doutora chegou, já era tarde demais. Era o último suspiro dele [filho]. Foi para a UTI, mas não resistiu”, relata.

“Nós suspeitamos que a morte tenha sido causada por falta de oxigenação. A informação da certidão foi divergível ao que disse a mãe”, comentou a advogada da família.

O atestado também cita hemorragia pulmonar, edema agudo de pulmão, hemofilia, anemia e alargamento de TTPA. Os pais pedem a investigação do caso, já que Luiz Gustavo viveria uma vida normal caso continuasse com a tomar a medicação duas vezes na semana.

Viviane explicou que a autópsia não foi feita no momento da morte porque a mãe não autorizou o procedimento, pois, para ela, o bebê tinha morrido de causas naturais.
O MPE (Ministério Público do Estado do Mato Grosso do Sul) também pediu a exumação do corpo do bebê da “forma mais rápida possível”.

Apuração - O Hospital Regional abriu sindicância para apurar o caso. Na manhã de quarta-feira (18), a família de Luiz registrou um boletim de ocorrência e recorreu à Associação de Vítimas de Erros Médicos do Estado alegando ter havido negligência por parte da equipe que atendeu o paciente.

Conforme a assessoria de comunicação do HR, o objetivo da apuração interna é verificar a conduta dos profissionais durante o atendimento prestado ao bebê. Uma equipe da administração vai fazer um levantamento desde a entrada dele no hospital até a saída, já em óbito. Os enfermeiros e os pais da criança serão ouvidos.

Nos siga no Google Notícias