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Capital

População fica sem atendimento e sofre com greve de bancários

Luciana Brazil | 19/09/2013 12:51
Iaci lamenta projeto que regulamenta terceirização.
Iaci lamenta projeto que regulamenta terceirização.
Sindicalistas estão acampados em frente às agências. (Foto: Marcos Ermínio)
Sindicalistas estão acampados em frente às agências. (Foto: Marcos Ermínio)

Muita gente foi pega de surpresa na manhã de hoje (19) ao chegar aos bancos na região central de Campo Grande. As portas fechadas já denunciavam a greve. Para os desavisados ou esquecidos, a paralisação causou transtornos.

Com a decepção estampada no rosto, a aposentada Angela Maria, 47 anos, contou que precisava ir até a sessão de penhor, na Caixa Econômica Federal.

“Eu precisava avaliar uma jóia para penhorar. Precisava desse dinheiro hoje”, contou.

No centro de Campo Grande, várias agências amanheceram adesivadas, entre elas a agência do Itaú, Banco do Brasil, Mercantil, Santander, Bradesco e HSBC. De acordo com os sindicalistas, que estão na frente das agências, muita gente tem procurado atendimento. A greve, segundo o sindicato, é por tempo indeterminado.

“Eu precisava sacar o seguro desemprego, mas a minha sorte é que vou conseguir fazer tudo pelo caixa eletrônico”, disse o produtor rural Álvaro Henrique, 24 anos.

Sem a mesma sorte, a vendedora Fátima Nero, 56 anos, ficará sem parte do salário. “Eu estou sem cartão. Fiz o pedido e vim buscar hoje o cartão. Sem ele não posso sacar meu vale. Estou desesperada. Se o cartão não tivesse chegado, poderia sacar o salário na boca do caixa”, disse ela.

A vendedora diz que vai ter que recorrer a alguém da família. “Não sei o que faço, vou pedir para minha irmã. É o único jeito, mas sei que ela está sem dinheiro, fica complicado”.

A presidente do Sindicato dos Bancários, Iaci Azamor, afirmou que até o momento a Fenaban (Federação Nacional dos Bancos) não fez contato com os grevistas e ainda não há dados oficiais sobre o número de agências fechadas na Capital.

“Ainda estamos fazendo um levantamento, mas sabemos que na Júlio de Castilho algumas agências fecharam”.

Destoando visualmente da maioria das agências, o Banco do Brasil, na rua 13 de Maio, está sem os adesivos de “Greve”. Quem vê, imagina que o atendimento à população esteja sendo feito. Porém, as portas também estão fechadas.

“Lá, não houve adesão total dos funcionários. Então, eles ficam lá dentro fazendo negócio pelo telefone e deixam de atender a população”.

No Banco do Brasil da Afonso Pena, muitos clientes procuravam atendimento.
No Banco do Brasil da Afonso Pena, muitos clientes procuravam atendimento.

Ela afirma que a adesão de bancos públicos acontece de forma espontânea, mas nos bancos privados a greve nem sempre é apoiada. “A pressão é muito grande. Os funcionários ficam com medo, já que existe o risco de demissão”.
Segundo o sindicato, a greve foi amplamente avisada à população. “Noticiamos em jornal, sites, em vários locais, mas muita gente esquece”.

Os bancários pedem reajuste de 11,93%, o que representa aumento real de 5% acima da inflação. Eles também reivindicam o fim das demissões, das metas abusivas e da terceirização.

O Projeto de Lei 4330, que regulamenta a terceirização nos serviços públicos e privados, é um dos pontos fortes do protesto.

“Se o projeto for aprovado, seremos demitidos e recontratados por um terço do salário que ganhamos hoje. Assim, acabam os concursos. Por enquanto, estamos conseguindo barrar a votação. A comissão (CCJ) resolveu não colocar em votação, já que ainda não houve um acordo entre a aliança as partes. Todos os deputados federais de Mato Grosso do Sul já se posicionaram contrários ao projeto”.

Mas a categoria teme que a qualquer momento o projeto seja votado. “ Se 15 minutos antes da sessão, algum deputado apresentar o projeto como extra pauta, eles têm que votar”, lamenta.

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