Piscina em área de comodato vira motivo de briga em família e será destruída pelo dono
Parentes excluidos do "luxo" reclamam da irregularidade
A exploração de uma área de comodato localizada na avenida Guaicurus, perto da saída para São Paulo, virou motivo de briga. O alvo é uma piscina usada como local de lazer particular. Depois de muita pressão, o dono garante que resolveu destruí-la.
O terreno é cedido pela prefeitura por tempo determinado para que as famílias que nele residem utilizem a área em prol do interesse coletivo, como plantio e criação de animais para consumo. Desta forma, não é permitida edificações contrárias a esses objetivos.
O eletricista Antônio Bonifácio Martins, 59 anos, que tem um filho com deficiência, afirma que instalou a piscina porque não tinha condições de encaminhar o garoto para exercícios de fisioterapia constantemente e, para tanto, desembolsou R$ 15 mil com os materiais para construir a piscina. Atualmente, ele divide o terreno com dois irmãos por parte de pai: Marina Martins e Valmir de Albuquerque.
Aos fundos do comodato, perto do córrego que passa no local, existe uma casa atualmente desocupada com uma pequena varanda e churrasqueira, que junto com a piscina forma a área de lazer em questão.
O Campo Grande News esteve no terreno pela manhã. A impressão é que não é utilizado há algum tempo. A piscina estava vazia e suja. Alguns azulejos já haviam sido removidos por Antônio, segundo ele, início da destruição do local. “Vou desmanchar custe o que custar se não eu vou perder a cabeça”, disse o eletricista.
Valmir de Albuquerque confessa que o deficiente nunca chegou a usar a piscina e afirmou ser uma área de lazer apenas para a família. “Todos nós trabalhamos. No fim de semana não tinha nenhuma opção de lazer. Isso era para todos nós e agora será destruído”, disse.
Discórdia - Luiz Martins, filho de Marina, acusa os tios de usarem o lugar para festas particulares, churrascos e até mesmo batizados da igreja a qual os parentes freqüentam e diz que a mãe dele não tem acesso a esses “luxos”.
“Eles contrataram um caseiro para morar ali. Inclusive a ligação de água que eles têm é clandestina”, afirma Luiz.
Ele relata ainda que já entrou em contato com a prefeitura que envia fiscais no local e nunca resolveram o problema. Ele diz ter medo que, caso insista, seja pedido pelo órgão a reintegração de posse.
Controvérsias - O eletricista rebate as acusações do sobrinho dizendo que são os parentes que criam os problemas discussão após discussão. Ele diz que muitas vezes, enquanto a família dele e de Valmir estavam fora, Marina e o filho alugaram a área de lazer para almoços de terceiros.
“Eles têm uma rixa. Já denunciaram que roubávamos a água que passava pelo cavalete e até mesmo focos de mosquito da dengue e mato alto. Não conseguiram fazer nada”, disse Antônio.
Irregular - A Prefeitura de Campo Grande cancelou em 2007 todos os contratos de comodato, passando a vigorar o termo de autorização de uso para os moradores que vivem nessas situações. Em várias localidades já está em andamento um processo para retirada das famílias para casas populares e no local haverá projetos de urbanização.
As casas em questão estão com as marcas em vermelho feitas pela Prefeitura para indicar as famílias que já foram cadastradas.
O Campo Grande News entrou em contato com a Semadur (Secretaria de Meio Ambiente e Desenvolvimento Urbano) sobre o caso. Eles disseram não terem conhecimento de problemas no local.
O chefe da divisão das áreas verdes Orcival Júnior disse que não há como tomar uma decisão sem conhecer o problema e falou que vaio checar a denúncia. “Tem que olhar primeiro”.