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Capital

Quadrilha é suspeita de roubar R$ 1 milhão em gado em várias cidades

Quadrilha presa pela polícia causou prejuízo de quase R$ 1 milhão a produtores

Flávia Lima | 09/03/2015 12:47
Dez integrantes da quadrilha foram apresentados pelo Garras. (Foto:Marcelo Calazans)
Dez integrantes da quadrilha foram apresentados pelo Garras. (Foto:Marcelo Calazans)
Delegado Geral da Polícia,equipe do Garras e representantes da Famasul e Sindicato Rural participaram da coletiva. (Foto:Marcelo Calazans)
Delegado Geral da Polícia,equipe do Garras e representantes da Famasul e Sindicato Rural participaram da coletiva. (Foto:Marcelo Calazans)

Após um mês de investigações, equipes do Garras (Grupo Armado de Repressão a Roubo a Banco, Assaltos e Sequestros), em parceria com o 1º distrito policial de Aquidauana, conseguiram desmantelar uma das maiores e mais organizadas quadrilhas de roubo de gado dos últimos dez anos de Mato Grosso do Sul.

O trabalho de investigação levou a prisão de dez pessoas, que foram apresentadas na manhã desta segunda-feira (9) na sede do Garras, na Capital. Segundo o delegado-adjunto Fábio Peró, a quadrilha tinha como mentores Hélio Angelo dos Santos, 38, que chegou a ser funcionário do frigorífico JBS, Ronaldo Ribeiro Melo, 25 e Dilson Aparecido Almada, 38. Todos já possuíam passagem pela polícia pelo mesmo tipo de crime. “Eles são considerados nomes fortes no roubo de gado e estavam unindo forças para ampliar sua rede de atuação”, explicou Peró.

A quadrilha praticou os furtos em propriedades de várias regiões do Estado, como Campo Grande, Aquidauana, Jaraguari, Terenos e Nova Alvorada. Segundo a polícia, as propriedades escolhidas ficavam à beira da estrada para facilitar o transporte e fuga dos bandidos e também a vigia do local que seria alvo da ação.

Para escapar da polícia e da fiscalização da Iagro, os motoristas fugiam por estradas cabriteiras. Foram recuperadas 300 cabeças avaliadas em R$ 600 mil, porém, segundo Ruy Fachini Filho, um dos diretores da Famasul, também presente na apresentação da quadrilha, o valor da avaliação pode chegar a R$ 1 milhão, já que grande parte do gado é composta por animais utilizados para o aprimoramento genético.

Alguns animais furtados são da raça Brangus e conforme Faccini, um touro dessa raça pode chegar a R$ 40 mil. O restante do gado tinha como destino o abate. Além dos dez integrantes, a polícia também apreendeu dois caminhões utilizados no transporte dos animais, um veículo Celta e uma caminhonete Amarok, além de cordas, dois revólveres ; um de calibre 38 e outro 36, munições, facões, um serrote e uma serra elétrica.

O material era usado para abrir caminho e facilitar o acesso ao gado e sua embarcação nos caminhões. O gado era escondido em propriedades de difícil acesso na região de Aquidauana e depois de obterem notas fiscais frias, a quadrilha, vendia os animais para empresários, alguns, segundo a polícia, não tinham conhecimento da origem do gado.

Segundo o delegado Fábio Peró, dois outros integrantes já foram identificados e tiveram prisão decretada, o que deve ocorrer até o final de abril. Os dez integrantes presos serão indiciados por lavagem de dinheiro, receptação, porte de arma e organização criminosa, além de falsidade ideológica. “Esse último crime era cometido para conseguir as notas fiscais frias junto a Iagro e ainda será investigado como essas notas eram obtidas”, ressaltou Peró.

Participaram da coletiva também o Delegado Geral da Polícia Civil, Roberval Maurício Rodrigues, o titular do Garras, Edilson dos Santos e o presidente do Sindicato Rural de Campo Grande, Oscar Sturk que, ao lado da Famasul, auxiliou o trabalho da polícia com informações técnicas sobre os gados.

Foram apresentados hoje, além dos três mentores, os irmãos Odair José Morais, 26, Marcio Antonio Moraes, 24 e Marcos Lean Morais, 22, além de Leandro Sanchez, 18, Elias Gomes de Sena, 52, Luis Fernando de Oliveira Farias, 26 e Elinton Pereira de Souza, 26.
Antônio de Paz Melo, 45 pai de Ronaldo, também integra a quadrilha e está sendo procurado pela polícia, mas ainda não foi localizado

Esquema e investigações

As investigações tiveram início a partir de um furto praticado pela quadrilha no dia cinco de fevereiro, na fazenda Tradição, de propriedade de Luciano Zamboni. Na ocasião, foram levadas 65 cabeças, porém, dias antes os bandidos já haviam furtado 12 bezerros da raça Brangus. Para praticar o primeiro furto, a quadrilha rompeu uma cerca de arame próximo a rodovia e embarcou os animais em um caminhão.

Já na segunda ação, os bandidos arrombaram um cadeado da porteira que dá acesso à invernada e entraram com um caminhão na propriedade para embarcar as 65 cabeças.

Para efetuar as prisões, a polícia contou com imagens de câmeras de segurança de um posto de combustíveis, localizado na saída para Três Lagoas, em Campo Grande. Fábio Peró conta que a localização dos integrantes era complicada, já que eles escondiam os veículos após os furtos. O flagrante de três membros foi feito quando Hélio, Ronaldo e Dilson levaram um dos caminhões para efetuar reparos em uma oficina no Macroanel.
Peró ressaltou que a quadrilha era meticulosa na elaboração das ações e extremamente organizada. Para executar os planos, os mentores contavam com peões, laçadores e homens especializados no manejo de gado, além de motoristas. O delegado afirmou que eles agiam por conta, sem a ajuda de funcionários das fazendas.

O grupo também já havia adquirido propriedades e arrendamentos clandestinos, sem inscrição da Iagro para esconder os animais furtados. O delegado Fábio Peró afirmou que os animais já estão sendo devolvidos, porém, alguns lotes, devido a dificuldade de acesso aos locais onde forma escondidos, ainda não retornaram para suas fazendas de origem. “Estamos trabalhando para recuperar todos eles”, garantiu.

Outro fator que também vem dificultando a identificação dos animais é que a quadrilha fez marcações sobre as identificações dos animais. “Para ajudar nesse processo contamos com a ajuda da Famasul e do sindicato rural”, afirmou.

Apesar de não possuir dados, Ruy Fachini destacou que o número de furtos e roubos vem crescendo de forma substancial em Mato Grosso do Sul. “Por isso é fundamental esse tipo de ação conjunta com a polícia. Conseguimos evitar um prejuízo maior, já que esse grupo agia há mais de um ano”, disse

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