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Capital

Rapper nega ser traficante e denuncia tortura de policiais em detalhes

Lidiane Kober | 21/01/2014 15:38
No vídeo, Dumatu conta como foi supostamente amarrado pelos policiais (Foto: Reprodução/Youtube)
No vídeo, Dumatu conta como foi supostamente amarrado pelos policiais (Foto: Reprodução/Youtube)

Em vídeo, postado ontem (20) no Youtube, o rapper Allisson Dumatu nega ser traficante e conta detalhes de suposta tortura cometida por pelo menos 16 policiais militares na madrugada do dia 27 de dezembro. Por cerca de quatro horas, de cabeça para baixo, ele foi alvo de socos, foi obrigado a ingerir pimenta e litros de água teriam sido despejados em seu rosto.

“Vomitei por mais de quatro vezes e desmaie por várias vezes, pensei que ia morrer”, contou o rapper, no vídeo de 16 minutos e 50 segundos. “Mas vai rolar um processo e vou provar que forjaram um flagrante contra mim e me torturaram”, completou.

Segundo Dumatu, tudo começou por volta das 22h do dia 26 de dezembro, quando retornava do trabalho. “Meu garupa estava sem capacete e a viatura veio em nossa direção, eu corri, eu errei, houve uma perseguição por cerca de 20 minutos, até o meu garupa pedir para descer, parei, ele desceu e eu continuei a fugir”, relatou.

Na ocasião, conforme o jovem, os policiais deram dois tiros contra ele “na multidão”. “Não me mataram porque Deus me protegeu”, disse. Em casa, ele trocou de roupa, de capacete e de moto e ligou para saber se o companheiro teria conseguido escapar. “Você conseguiu fugir dos vagabundos?”, perguntou ao colega.

O carona informou ter escapado e Dumatu foi ao Bairro Pioneiros para resgatá-lo. Na região, ele foi abordado “violentamente” por pelo menos quatro policiais. “Tiraram meu celular e R$ 268 do meu bolso e meu relógio e começaram a me bater”, contou no vídeo.

Além disso, ainda de acordo com o rapper, os policiais o chamaram de “bandido” e o acusaram de tocar em “facção em São Paulo”. “Você que chamou a gente de vagabundo, vamos provar quem é vagabundo aqui”, teriam dito os policiais.

Na sequência, teriam se aproximado mais três viaturas. “Eles me amarraram e me jogaram todo estourado na viatura”, emendou Dumatu. Depois, os policiais teriam seguido até a casa do jovem e vasculhado todo o local na presença da mãe do rapper de 73 anos. “Não encontraram nada de ilícito”, assegurou.

Passada a abordagem à residência, as quatro viaturas teriam seguido em direção a cemitério, localizado na Avenida Guaicurus. “Pegaram uma enxada e me mandaram tirar toda a roupa”, relatou. “Pedi para me perdoar por ter os chamado de vagabundo, eu errei por meu carona estar sem capacete, errei por fugir, mas eles ficaram furiosos por chamá-los de vagabundo, por ter conseguido fugir deles”, acrescentou.

Ainda durante a tortura, Dumatu contou receber vários socos no abdômen e ser alto de batidas de cacetete pelo corpo. “Pelo menos 16 policiais me torturaram, me amarraram, me colocaram de cabeça para baixo, colocaram saco preto na minha cabeça, despejaram litros e mais litros de água no meu rosto e encheram minha boca e meu nariz de pimenta”, contou.

Depois, por volta das 4h, os policiais levaram Dumatu até a delegacia do Bairro Piratininga e o acusaram de ser traficante. “Colocaram papelotes de pasta base nas minhas coisas, mas eu vou provar que não sou traficante, moro mais de 20 anos em Campo Grande e não existe uma pessoa que vai dizer que comprou drogas de mim”, afirmou.

Ainda no vídeo, o rapper reconhece que errou. “Errei por chamá-los de vagabundo, errei por não parar a moto, mas se coloquem no meu lugar, quem nunca cometeu uma infração de trânsito”, comentou. “Não sou contra a Polícia Militar, repeito a instituição, mas esses policiais da Rotam (Ronda Tático Motorizada), que estavam de plantão do dia 26 para o dia 27, forjaram um flagrante e me torturaram”, completou.

Na delegacia, Dumatu disse que foi bem tratado e destacou o apoio do defensor substituto Mateus Augusto Sutana e Silva. “Ele se compadeceu com minha história e acreditou em mim”, frisou. O rapper ficou atrás das grades por 10 dias até o defensor livrá-los da cadeia.

A Corregedoria da Polícia Militar informou abrir sindicância para apurar a suposta agressão. O vídeo do depoimento pode ser visto clicando aqui.

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