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Capital

Religiosos pedem fim de preconceito e alertam sobre aproveitadores

Aline dos Santos e Anny Malagolini | 09/07/2011 11:50

“Não existe isso de ‘trago seu amor em sete dias’”

Protesto em praça foi ao som de atabaques. (Foto: Anny Malagolini)
Protesto em praça foi ao som de atabaques. (Foto: Anny Malagolini)

Comuns no vocabulário popular, termos como pai de santo e macumba nem existem oficialmente no candomblé e na umbanda.Na tentativa de esclarecer equívocos e mudar a visão pejorativa sobre as crenças de matriz africana, um grupo de religiosos foi à praça Ary Coelho, coração de Campo Grande, neste sábado.

Ao som de atabaques e com cartazes pedindo fim da intolerância, o protesto foi motivado após a imprensa divulgar que um pai de santo abusava sexualmente de crianças durante rituais no Jardim Montevidéu.

De acordo com o sacerdote Luiz Junot, além de nem existir o nome pai de santo no candomblé, o acusado em questão não tem registro na Fecams (Federação de Cultos Afro-brasileiros e Ameríndios de Mato Grosso do Sul).

“O sacerdote é tratado apenas como pai”, explica Junot. Segundo ele, são necessários sete anos para a pessoa chegar ao posto de sacerdote. “Essa pessoa não é sacerdote, mas um doente”, salienta.

Ele ainda explica que não existe o termo macumba, mas sim trabalhos. Para o grupo, as crenças sofrem preconceito pela origem ligada aos escravos e, agora, pela ação de aproveitadores.

“Não existe isso de ‘trago seu amor em sete dias’. Não temos poderes. O único poder é a espiritualidade para fazer o bem”, afirma o sacerdote Irbs Barbosa do Santos, representante da umbanda.

Os religiosos enfatizam que os mal intencionados se aproveitam das fragilidades humanas, como a busca por amor e dinheiro. Uma das exigências é que o sacerdote tenha idoneidade moral.

Sobre a prática de sacrificar animais, a explicação é que o sangue aspergido significa vida. Já a carne é consumida ou doada. De acordo com Irbs, nas celebrações da umbanda não há sacrifício de animais.

“No culto do candomblé, são sacrificados seis cabritos e seis galinhas”, explica Irbs. A dança e o canto dos religiosos chamaram a atenção na praça. Evangélica, Maria Oliveira conta que já frequentou terreiros. “Acho muito lindo a cultura deles”, afirma.

Conforme dados da Fecams, em todo estado estima-se que existam 7 mil terreiros registrados, 400 em Campo Grande e 600 deles em Corumbá.

Crime - A Polícia Civil chegou até ao acusado de estuprar crianças durante rituais após denúncias. Ele foi detido, ouvido e liberado. Em seguida, foi pedida a prisão preventiva e o homem está foragido.

Conforme a denúncia, ele dilacerava galinhas vivas na frente das vítimas. Em seguida, ficava nu e as mandava tocar no seu órgão genital, alegando que iriam ganhar força. O sangue dos animais era espalhado pelo corpo das crianças. A casa do acusado foi incendiada.

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