Grupo que fechou BR quer fazenda que pode ser declarada como terra indígena
Incra anunciou que não comprará mais a área
Em resposta ao protesto de sem-terra que fecharam hoje a BR-463, entre Dourados e Ponta Porã, em Mato Grosso do Sul, a superintendência do Incra (Instituto de Colonização e Reforma Agrária) divulgou que não vai mais comprar a fazenda Paquetá, em Naviraí, reivindicada pelo grupo que bloqueou a estrada. De acordo com o Incra, a desistência veio do proprietário da fazenda, dono de outras duas áreas que estavam sendo negociadas, Cedro e Dom Arlindo.
O Incra comunicou, ainda, que as três propriedades são alvo de estudo da Funai (Fundação Nacional do Índio) por serem reivindicadas como terras indígenas.
Conforme o Incra, o fim das negociações foi comunicado em ofício ao MPF (Ministério Público Federal) e também aos movimentos interessados na área. O órgão federal enumera ofícios encaminhados ao MST, CUT, FAF e Fetagri sobre o assunto.
Cesta básica- Os sem-terra que bloquearam a rodovia esta manhã disseram que o protesto era pela distribuição de alimentos às famílais acampadas. Sobre isso, o Incra informou que no fim de novembro, realizou “simultaneamente a entrega de quatro etapas de cestas de alimentos no acampamento Trevo, no município de Ponta Porã”.
De acordo com o órgão, “só não receberam os alimentos as famílias que não constavam do cadastro realizado pelo Incra em conformidade com as exigências do Ministério Público”. Entre as exigências para ser beneficiado, salienta o Incra, são “indícios de efetiva presença das famílias no local e estado de insegurança alimentar”.
O Incra estabeleceu regras mais rígidas para distribuição de alimentos aos trabalhadores sem-terra no ano passado, após investigação do MPF apontar compra de cestas básicas além do necessário em Mato Grosso do Sul.
Memória- A fazenda Paqueta foi alvo, em janeiro do ano passado, de uma tentativa de extorsão, descoberta pela Polícia Militar, foi apurado que um homem e uma mulher estavam arregimentando pessoas, muitas que sequer eram sem-terra, para participar de uma invasão e que, antes disso, cobraram para não entrar na área o valor de R$ 40 mil.
Eles diziam ter documento mostrando irregularidade em parte das terras da propriedade e propuseram trocar a invasão e o documento por dinheiro. O homem, segundo a PM, é funcionário do necrotério municipal e a mulher é assentada em Itaquiraí. Eles não falaram a qual movimento pertenciam.
Conforme divulgado à época, o casal tinha passagens por calúnia e ameaça. Eles não foram presos.
A fazenda pertence ao grupo Paquetá, forte na criação de bovinos usados para melhoramento genético. Tem 19 mil hectares e 28 mil cabeças, além lavouras de soja, milho e sorgo. Sabendo que a propriedade poderia ser invadida, os proprietários se anteciparam e foram à Justiça e conseguiram um interdito proibitório.