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Interior

Índios querem demarcação suspensa pelo STF há uma década, diz Funai

Fazenda Primavera, que faz parte do território de quase dez mil hectares reivindicado pelos índios, foi ocupada sábado de madrugada

Helio de Freitas, de Dourados | 24/08/2015 11:23
Índios na porteira da Fazenda Primavera, horas após a ocupação, na madrugada de sábado (Foto: Reprodução Facebook)
Índios na porteira da Fazenda Primavera, horas após a ocupação, na madrugada de sábado (Foto: Reprodução Facebook)

Os índios que ocuparam na madrugada de sábado (22) a Fazenda Primavera, no município de Antonio João, a 279 km de Campo Grande, cobram do governo federal e do STF (Supremo Tribunal Federal) a retomada da homologação da área Nhanderu Marangatu, de 9.700 hectares.

Homologada pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva em junho de 2005, meses depois a demarcação foi suspensa pelo ministro do STF, Nelson Jobim, e em dezembro daquele ano os índios foram despejados das terras.

O coordenador da Funai (Fundação Nacional do Índio) em Ponta Porã, Élder Paulo Ribas da Silva, afirmou que os índios estavam em uma pequena área das terras reivindicadas, mas decidiram ampliar a ocupação, para pressionar as autoridades a retomarem a homologação. “É possível, sim, o STF retomar essa discussão e mudar a decisão tomada há uma década. É o que os índios exigem”, afirmou Élder da Silva ao Campo Grande News.

Segundo ele, um grupo da Funai que acompanha as áreas de conflito em Mato Grosso do Sul foi até a fazenda no sábado e as informações são de que a situação é de tranquilidade.

O responsável pela Funai informou que o número de índios na fazenda é impreciso, mas o grupo chegaria a pelo menos cem adultos. Já o DOF (Departamento de Operações de Fronteira), informou sábado que seriam 40 índios na área.

No sábado à noite, índios que estão no grupo postaram fotos da invasão das redes sociais. As imagens mostram o grupo na porteira da fazenda, na sala e na cozinha da casa da sede.

Entrada proibida – Já o proprietário da área invadida, o ex-prefeito de Antonio João Dácio Queiroz Silva disse ao Campo Grande News não ter muitas informações sobre a situação na propriedade. “Fomos ao local, mas não conseguimos entrar. Os índios colocaram uma faixa proibindo a entrada de estranhos. O DOF recuou e nós também recuamos”, afirmou ele.

Segundo ele, os policiais que acompanham a invasão à distância informaram que um relatório será encaminhado para a Casa Civil do governo do Estado. A Fazenda Primavera é uma das propriedades atingidas pela área reivindicada pelos índios.

Nesta segunda-feira surgiram informações de que os índios tinham ampliado a área invadida, ocupando também uma invernada da fazenda. Tanto o serviço de comunicação do DOF quanto o proprietário alegaram desconhecer essas informações.

A invasão – Durante a ocupação, na madrugada de sábado, os índios teriam feito o capataz e seus dois filhos adolescentes como reféns. Eles foram libertados por policiais do DOF. A mulher do funcionário da área e uma criança de oito anos conseguiram correr e pediram ajuda a uma pessoa que encontraram em uma estrada próxima. Depois foram levadas para uma fazenda vizinha, de onde foram removidas para a cidade. O capataz e os dois filhos teriam sido amarrados e ameaçados pelos índios.

Moradores informaram aos policiais que parte dos índios que invadiram a fazenda seria de outras regiões de Mato Grosso do Sul. O DOF permanece na região, para evitar confrontos e para resguardar a integridade física tanto de produtores quanto dos índios, segundo a direção do departamento, que tem sede em Dourados.

Após invadirem sede da fazenda, índios posaram para fotos, postadas em rede social (Foto: Reprodução Facebook)
Após invadirem sede da fazenda, índios posaram para fotos, postadas em rede social (Foto: Reprodução Facebook)
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