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Morte interrompeu sonho do menino da periferia que queria se tornar doutor

Jonas Vermieiro, que morreu afogado segunda-feira em um hotel de Campo Grande, nasceu e cresceu no Jóquei Clube, em Dourados

Helio de Freitas, de Dourados | 09/11/2016 14:31
Jonas queria fazer doutorado, sonho de criança, segundo a mãe (Foto: Reprodução/Facebook)
Jonas queria fazer doutorado, sonho de criança, segundo a mãe (Foto: Reprodução/Facebook)
Jonas com os irmãos e a sobrinha (Foto: Reprodução/Facebook)
Jonas com os irmãos e a sobrinha (Foto: Reprodução/Facebook)

A tragédia que ceifou a vida de Jonas Lobato Vermieiro na tarde de segunda-feira (7), no Eco Hotel do Lago, em Campo Grande, interrompeu o sonho de um menino pobre da periferia que lutou muito para vencer na vida.

Essa certamente é a história de muitas pessoas que perdem a vida cedo demais, como o douradense que se afogou no lago ao passear de caiaque com uma amiga. Mas, para nenhum outro a frase poderia ser tão apropriada.

Aos 27 anos, Jonas era o verdadeiro exemplo de uma criança pobre que venceu na vida pelo esforço próprio e estudo. “O sonho do meu filho era ser doutor e ele perseguia esse sonho desde criança. Sempre estudou em escola pública, só ele sabia por tudo que passou para chegar onde chegou”, afirma ao Campo Grande News a mãe, Abegail Lobato.

O velório de Jonas ocorre na casa de seus pais, na Rua Assaí, no Jóquei Clube, bairro pobre da região leste de Dourados, um dos mais distantes da área central, já ao lado de sítios e fazendas da Linha do Potreirito. O enterro será às 16h desta quarta-feira (9).

Professor de matemática, mestre em educação matemática pela UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul), Jonas morava atualmente na Capital, onde trabalhava no Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual de Mato Grosso do Sul, vinculado à Secretaria Estadual de Educação.

Também era colaborador do curso de pós-graduação lato sensu em educação especial da UFMS, em Campo Grande.

Garoto do Jóquei – O tio de Jonas, Paulo de Souza Canazza, conta que o sobrinho passou a infância e um sítio na Linha do Potreirito e depois se mudou com os pais para o Jóquei Clube, onde passou toda a infância e juventude. Há quatro anos tinha se mudado para Campo Grande, para fazer mestrado, e onde queria ficar, para se tornar doutor.

Na infância junto com o primo, Abrahão Fias Canazza, Jonas brincava nas ruas ainda de terra e iniciou os estudos na Escola Municipal Clori Benedetti de Freitas, no mesmo bairro. Depois fez o ensino médio na Escola Estadual Tancredo Neves, no Parque das Nações, mesma região da cidade.

Sempre focado no estudo e criado dentro da igreja desde pequeno – a família é da congregação Cristã do Brasil – Jonas chegou à faculdade e cursou matemática na Uems (Universidade Estadual de Mato Grosso do Sul), também em Dourados.

“Um menino de ouro, que só pensava em estudar, em ter uma vida melhor. Não tinha vícios, era músico e nunca deixou de ir à igreja”, conta a tia, Jercina Vermieiro Canazza.

Abraão, o primo quatro anos mais velho que Jonas, lembra que sempre cuidou dele quando brincavam juntos. “Eu sempre soube que se um dia o Jonas caísse em um rio ou um lago eu ia ter que salvar ele porque ele não sabia nadar. Infelizmente eu não estava lá para isso”, disse o rapaz, que hoje mora no distrito de Vila Vargas.

“Não há palavra para definir o que estou sentindo”, disse a mãe do rapaz, antes de se afastar em direção ao caixão do filho, amparada por pessoas presentes ao velório. Jonas era o filho mais velho de dona Abegail, que tem mais dois filhos – Juliana e Jeferson.

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