Sem ambulância, criança indígena de um ano morre em acampamento
Um menino de pouco mais de 1 ano de idade morreu na manhã de hoje (6), em acampamento indígena na região de Coronel Sapucaia, a 400 quilômetros de Campo Grande. Segundo a Funai (Fundação Nacional do Índio) foi solicitado o socorro ao órgão de saúde indígena, mas a ambulância não foi até o local e depois de algum tempo, Jadisom Batista Lopes morreu.
A Sesai (Secretaria Especial de Saúde Indígena) confirmou que não houve atendimento, porém justificou que más condições da estrada que dá acesso ao acampamento impediram que os socorristas chegassem ao local.
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Segundo a coordenadora técnica de Saúde da Criança da Sesai em MS, Rose Mariano da Silva, a equipe médica saiu para o atendimento, mas retornou no meio do caminho de aproximadamente 30 quilômetros. “Em nenhum momento nos negamos a atender essa criança. Até porque, temos documento de decisão judicial de que só se pode entrar lá com a presença da Polícia Federal, mas, mesmo assim, a equipe foi atrás, mas devido a estrada estar em péssimas condições em função da chuva não conseguiu chegar lá”, disse.
Segundo o boletim de ocorrência de morte a esclarecer, a criança começou a passar mal às 00h de hoje. Por volta das 5h, como o bebê não parava de chorar, o técnico da Funai, Gilmar Batista, entrou em contato com o polo da Sesai em Amambai, porém foi informado de que a ambulância não iria ao local prestar socorro. Então, ele entrou em contato com outro técnico da entidade para que tomasse alguma providência, mas 10 minutos depois a criança já estava morta.
Rose disse que já enviou esclarecimento sobre o fato à coordenação nacional da Sesai e aguarda laudo da perícia, que deve sair ente 15 e 20 dias para saber causa da morte da criança. Quanto a reclamações dos índios em relação ao atendimento médico em outras ocasiões, ela disse que o polo base em Amambai atende ainda outros dois municípios, sendo Aral Moreira e Coronel Sapucaia, periodicamente, oferecendo atendimento médico e odontológico.
“Os atendimentos estão acontecendo com regularidade. Temos Kurussu Amba dividido em 1, 2 e 3. Apenas nesse acampamento, que é o 3, em que a criança morreu é que não há visitas dos médicos, porque é uma região conflituosa”, admitiu a coordenadora.
Conflito - A atual gestão da coordenação distrital da Sesai em MS é alvo de reclamações por parte de indígenas. O coordenador Hilário da Silva chegou a ser afastado em 2015. Lindomar Terena foi nomeado pelo Ministério da Saúde para ocupar o cargo, mas portaria do próprio ministério suspendeu a nomeação. Representantes, tanto do grupo que apoia Lindormar, como do que é a favor de Hilário já fizeram manifestações na sede em Campo Grande.