ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
MAIO, TERÇA  07    CAMPO GRANDE 24º

Arquitetura

Com móveis da avó, estilista fez da casa onde passou a infância lar de memórias

Paula Maciulevicius | 18/06/2015 06:57
Os móveis ainda são os da avó, a decoração que deu uma repaginada, dando continuidade à história delas. (Foto: Fernando Antunes)
Os móveis ainda são os da avó, a decoração que deu uma repaginada, dando continuidade à história delas. (Foto: Fernando Antunes)

A casa onde a neta passou a infância fala um pouco sobre todos. Na parede da sala, as fotografias são da família dela, do marido, dos avós. Na Vila Alba, em Campo Grande, avó e neta ainda convivem através das memórias. Dona Dalva morreu há cinco anos, pouco tempo depois da neta, Lauren Cury, se mudar para lá. Os móveis continuam os mesmos, a decoração que deu uma repaginada, dando continuidade à história delas.

Construída há duas décadas, o imóvel sempre teve estrutura de casa, embora tenha recebido primeiro o estoque das mercadorias do comércio da família, depois virado uma fábrica de amendoins, até chegar ao escritório e por fim, a casa da avó.

Com reformas e divisórias, boa parte da infância da estilista Lauren Cury foi ali, entre aquelas paredes. Depois que a casa foi dividida em duas, ali foi o seu primeiro ateliê, em 2008, com o nome de Kitanda. "Tinha o meu acervo e confecção própria", lembra Lauren. 

Com reformas e divisórias, boa parte da infância da estilista Lauren Cury foi ali, entre aquelas paredes.(Foto: Fernando Antunes)
Com reformas e divisórias, boa parte da infância da estilista Lauren Cury foi ali, entre aquelas paredes.(Foto: Fernando Antunes)

Quando a avó precisou de cuidados, por conta da saúde, a neta fez uma pequena reforma. "Fiz uma surpresa, reabri a parede que tinha divisória, pintei a fachada. Nunca saiu nada dela daqui. Chamamos a família para celebrar com a gente, parece que foi uma coisa divina...", descreve a neta, isso porque pouco foi o tempo de convivência entre as duas ali. Em seguida, dona Dalva morreu.

O imóvel já passou por vários formatos, recebeu estúdio de música, amigos, bandas, baladas até voltar a ter só o formato de casa.

Casada com o músico Gleyton Berbet, a casa tem a cara de quem vive ali. Da produção da moda, da música, da criatividade, da pós-graduação em Design de Interiores e da curiosidade de Lauren, é que saiu, por exemplo, a textura de madeira da parede da sala.

"É um papel de presente. Eu comprei um rolo, deu uma amassada, mas depois eu gostei, ficou com essa textura de madeira", conta.

Na parede da sala, fotos da família dela, dele e dos avós. (Foto: Fernando Antunes)
Na parede da sala, fotos da família dela, dele e dos avós. (Foto: Fernando Antunes)

Entre o passado e o presente do casal, tem até a fotografia que ninguém sabe de quem é. Mas combina com as memórias que estão espalhadas pela casa. "Acho que era da irmã do meu avô, estava nas coisas da minha avó", conta a estilista.

A casa é simples, tem duas salas, quarto, banheiros, a cozinha grande, mas em cada cômodo, um pouquinho de história. A estante que Lauren achou enferrujada, era do avô e virou utilitário depois de lixada. O telefone da avó, aqueles antigos ainda, só foi restaurado e ganhou forro de cotelê.

A cama que também era da dona Dalva, foi transformada num sofá. "Serrei a cabeceira e o colchão dela eu mandei estofar, tinha um outro colchão, que mandei fazer um encosto", descreve.

Em uma das salas da casa está a cama que era da avó e virou sofá. (Foto: Fernando Antunes)
Em uma das salas da casa está a cama que era da avó e virou sofá. (Foto: Fernando Antunes)
Detalhes do passado vem da máquina de escrever que era do pai de Lauren. (Foto: Fernando Antunes)
Detalhes do passado vem da máquina de escrever que era do pai de Lauren. (Foto: Fernando Antunes)
Das colagens que ela sempre gostou, nascem quadros. (Foto: Fernando Antunes)
Das colagens que ela sempre gostou, nascem quadros. (Foto: Fernando Antunes)

Apaixonada por colagens, o material que não tinha mais serventia na madeireira da amiga virou moldura para fazer das imagens, quadros. "Eu mesma que fiz. Sempre gostei muito de colagens e tinha muitas guardadas", conta.

No banheiro central da casa, do chuveiro sai uma flor. O espelho é dos anos 80 e veio da casa da mãe de Lauren. As pedrinhas deixaram o espaço dividindo a função de lavabo com um de jardim de inverno.

E na cozinha, a tinta que fez da parede uma lousa guarda memórias mais recentes, nos recados dos amigos.

"Acho que a casa é a nossa cara. Minhas amigas me chamam de rainha da gambiarra, de caçambeira, porque o que eu vou achando, vou juntando. É um brega legal e legal porque os objetos ou móveis contam a história. Quando você faz uma casa seguindo as tendências, não dá tempo de virar história, quando vê a decoração já tem que mudar, porque aquilo não usa mais e você acaba ficando num lugar sem identidade. Aqui, tudo é memória pra mim".

No lavabo, do chuveiro sai uma flor. (Foto: Fernando Antunes)
No lavabo, do chuveiro sai uma flor. (Foto: Fernando Antunes)
Na cozinha, a memória da parede é mais recente. (Foto: Fernando Antunes)
Na cozinha, a memória da parede é mais recente. (Foto: Fernando Antunes)
Tinta virou lousa para o recado dos amigos. (Foto: Fernando Antunes)
Tinta virou lousa para o recado dos amigos. (Foto: Fernando Antunes)
Nos siga no Google Notícias