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Artes

Levando a história Guarani kaiowá, grupo de dança de Dourados circula pelo País

Naiane Mesquita | 25/06/2016 08:16
Ara Pyahu foi selecionado pela Funarte e entra em circulação pelo país
Ara Pyahu foi selecionado pela Funarte e entra em circulação pelo país

O som vem do chão, da terra, emerge, arrebenta as raízes construídas há milênios. O pó é vermelho, como o sangue que foi derramado um dia após o outro na história dos Kaiowá e Guarani. É essa tradição que luta cheia de dor para sobreviver, que o espetáculo de dança e teatro Ara Pyahu, Des/caminhos do contar-se apresenta nos palcos sul-mato-grossenses e prepara para entrar em circuito nacional pela Funarte (Fundação Nacional das Artes). 

O espetáculo é de autoria da companhia Mandi’o, que em guarani significa Mandioca. A raiz que é a principal fonte da alimentação indígena, mostra desde o início o desejo do grupo de se sentirem próximos das culturas regionais e suas expressões. Um estado de estar e imergir da terra.

“O trabalho aconteceu a partir da experiência intercultural dos acadêmicos de artes cênicas da UFGD (Universidade da Grande Dourados) com as aldeias Guarani Kaiowá da região de Douradina. No projeto de extensão nós íamos para as aldeias, registrávamos os cantos, as danças e isso criou uma cumplicidade muito grande entre os grupos”, afirma uma das atrizes do espetáculo, Arami Arguello, 24 anos.

Pesquisa começou em 2014 por alunos da UFGD
Pesquisa começou em 2014 por alunos da UFGD

A jovem artista nasceu na Alemanha, mas morou em muitos cantos. Filha de uma antropóloga paraguaia, ela cresceu em meio a culturas e não se sente inibida a imergir em um novo mundo.

“Como acadêmicos e artistas sentimos a necessidade de montar uma peça que contasse a história desse povo, principalmente em uma região onde os conflitos fundiários são muito recorrentes. Poucas pessoas vão para as aldeias, falam guarani, conhecem essa cultura. Montamos as cenas de acordo com textos de teóricos, monografias e também a partir de relatos orais colhidos nas aldeias”, indica.

O resultado dessa pesquisa que começou em 2014 foi o prêmio no ano passado. Agora, a importância se tornou nacional. “A circulação começa em julho. A gente vai para outras cidades, em Campo Grande vai ser no dia 28 de julho, às 20 horas, no Sesc Prosa, depois seguimos para Goiania, Aparecida de Goiania, Porto Velho e Palmas", explica. A entrada é gratuita. 

O grupo ainda realiza um debate pós-espetáculo, uma oficina de debate criativo e a exposição coletiva “Deslocamentos”
O grupo ainda realiza um debate pós-espetáculo, uma oficina de debate criativo e a exposição coletiva “Deslocamentos”

No projeto, seis atores procuram pela arte sensibilizar uma história marcada pelo genocídio. “É uma grande oportunidade de levantar a questão de emergência de que existe aqui. De certa forma apesar do projeto ser sensível, ele tem o caráter de denúncia, mesmo sendo por meio de outra linguagem, não perde o viés político. Queremos levar essa história para onde formos, é uma grande oportunidade o projeto de circulação”, indica.

O grupo ainda realiza um debate pós-espetáculo, uma oficina de debate criativo e a exposição coletiva “Deslocamentos”, que apresenta objetos estéticos/artísticos, ilustrando algumas vertentes do processo de criação que deu corpo ao espetáculo “Ara Pyahu, Des/caminhos do contar-se”.

Dourados - Além do trabalho desenvolvido pelo grupo Mandi’o, os estudantes do curso de artes cênicas da UFGD desenvolveram outro espetáculo baseado na vivência em aldeias indígenas de Mato Grosso do Sul, sendo que este ainda tem a participação de 18 atores e vários colaboradores.

Com o nome de “Mborahéi Rapére – Pelas trilhas do canto”, a produção é uma releitura de cantos indígenas, em especial os dos Guarani e Kaiowá, explorando suas diversas possibilidades harmônicas, rítmicas, melódicas e cosmológicas, razão pela qual o trabalho cênico-musical se desenvolve também com base em mitos e danças indígenas, considerados tradicionais pelas comunidades. Além de cantos Guarani e Kaiowá, o repertório inclui cantos dos grupos étnicos Mbyá, Huni Kuin, Shipibo e Krahô. A produção se torna mais rica com a participação do grupo de canto Ñemongo’i, da comunidade indígena de Itay (Douradina/MS), coordenado por Ifigeninha Hirto. O espetáculo foi apresentado como parte do evento “Tape Kurusu – cruzamentos entre a cultura indígena e as artes da cena” realizado de 22 a 25 de junho, no Teatro Municipal e no Casulo – Espaço de Cultura e Arte.

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