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Artes

Único bailarino do ventre de MS fala sobre carreira e preconceito

Elverson Cardozo | 30/07/2012 09:48
Apresentação em frente ao estande do Fórum Cultural, na Praça da Liberdade, durante o 13º Festival de Inverno de Bonito.
Apresentação em frente ao estande do Fórum Cultural, na Praça da Liberdade, durante o 13º Festival de Inverno de Bonito.

Brunno Guimarães não passa despercebido, mas não é à toa que causa tanta curiosidade. O cabelo tingido de loiro claríssimo com mexas avermelhadas e a maquiagem preta ao redor dos olhos são alguns dos motivos que o faz se destacar. O resto é brilho e cor. Um complemento à produção artística, rica em detalhes.

No meio da testa, um bindi indiano, mais conhecido com o "terceiro olho". Na sobrancelha direita, um piercing. Em cada orelha, dois brincos - um par amarelo e o outro alaranjado.

O rosto tem aplicações de adesivos luminosos e é coberto por glitter prata. De básico, quase nada, a não ser a camisa e calça na cor preta. Mas a simplicidade do figurino vem compensada nos outros acessórios, como as pulseiras coloridas e de strass que ele carrega nos braços, fora os colares.

Um lenço e um cinto dourado presos à cintura complementam a produção e acabam entregando, aos poucos, de onde vem toda a ousadia do rapaz. Bruno Guimarães é apaixonado pela cultura árabe.

Aos 24 anos, o campo-grandense é o único bailarino de dança do ventre que atua profissionalmente em Mato Grosso do Sul. A paixão começou cedo, na infância, mas o envolvimento com o gênero veio a acontecer anos mais tarde, em 2007, quando participou de um curso de expressão corporal com o coreógrafo Jair Damasceno.

Na época, Brunno visitou, pela primeira vez, um estúdio de dança do ventre. Acabou ficando e entrou em um grupo que, até então, era composto apenas por mulheres. Não demorou muito para a primeira apresentação solo acontecer - sete meses depois.

"Na dança do ventre o homem pode ousar mais", explica o bailarino.
"Na dança do ventre o homem pode ousar mais", explica o bailarino.
"A dança do ventre é minha essência, não é só um hobby".
"A dança do ventre é minha essência, não é só um hobby".

De lá para cá, muito treino, dedicação e a busca por aprimoramento, em cursos realizados na Capital e fora do Estado. Hoje, 5 anos depois, Brunno tem o prazer de dizer que é um dos poucos bailarinos do ventre do Brasil.

Se parado ele chama a atenção, dançando causa ainda mais surpresa. No palco, nas ruas ou em qualquer lugar que se apresenta, o corpo de bailarino parece ganhar vida própria, em coreografias que ele próprio cria.

Os movimentos, cadenciados e precisos, levam ao público toda a delicadeza e sensualidade de uma dança que geralmente é mais difundida entre as mulheres. Embora o modo como se veste e se caracteriza chame a atenção,

Bruno diz que o estilo de dança que pratica é considerado clássico, porque ele não usa, por exemplo, adereços como o lenço ou a espada. "Mas o homem pode ousar mais", explicou.

Preconceito - Mas quebrar o tabu da tradição nunca foi tarefa fácil. "Ser bailarino do ventre não é fácil, porque a gente enfrenta preconceito", disse. "Eu enquanto bailarino sinto que estou lutando contra isso e vejo que muitos homens tem o mesmo potencial que eu", completou.

Mas essa atitude, afirmou , está enraizado no ser humano. Quando tinha 10 anos Brunno ganhou uma bolsa para estudar Balé, mas recusou a proposta. "Por puro preconceito meu", confessou.

"Hoje eu olho para mim e falo: Se tivesse aceitado, seria um bailarino melhor", completa.

Apresentação - Em frente ao estande do Fórum Cultural, na Praça da Liberdade, durante o 13º Festival de Inverno de Bonito, Brunno Guimarães conseguiu reunir público considerável durante os dias em que se apresentou.

Da plateia que se formava aos poucos, era possível notar expressões de surpresa, estranhamento e encantamento. Gente que só estava passando, mas que resolvia parar e ver o jovem entregue à própria arte.

"A dança do ventre é minha essência, não é só um hobby. É uma paixão, minha energia, meu ser", finalizou.

Projeto - Ainda este ano, Bruno Guimarães pretender realizar o primeiro espetáculo em Campo Grande. "Príncipe Egípcio" já está pronto e tem previsão para estrear no final de agosto.

O bailarino - que também é coreógrafo - pretende levar ao teatro cerca de 10 coreografias, além de um recital composto por poemas de sua própria autoria.

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