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Comportamento

"Aonde ir" ou "Aonde não ir"? Nessa disputa, quem fala mal ganha de lavada

Ângela Kempfer | 01/10/2013 06:19
Aonde não ir é recordista em comentários e membros.
Aonde não ir é recordista em comentários e membros.

Nos últimos meses, postagens no “Aonde ir?” e no “Aonde não Ir em Campo Grande” deixaram claro no Facebook que é muito mais fácil apontar o que é ruim do que falar bem sobre o comércio da cidade.

Enquanto a página mais antiga é aberta e tem pouca movimentação, o espaço com vocação oposta “bomba”, mesmo fechado.

Na verdade, são 4 versões com o nome “Aonde IR em Campo Grande”, que pedem sugestões a quem vive aqui para divulgar bons restaurantes, bares e serviços. A maior tem 690 membros e a menor 123.

Já no lado da boca no trombone, do time sedento por reclamações, ultimamente são 500 novos pedidos de adesão ao dia. Até ontem, eram mais de 20 mil seguidores na única página local do gênero. É muita gente falando mal de todo o tipo de comércio, do supermercado a creche, passando pelo hospital, o barzinho, a escola de balé e até contra um tal pedreiro conhecido como “Dinho”.

Uma olhada rápida em ambos os lados dessa história não deixa dúvidas de que a critica tem muito mais força. Boa parte dos post do “Aonde não ir” tem mais de 100 comentários. Ao contrário do “Aonde ir”, que se resume a miseras postagens, a maioria das vezes dos próprios administradores.

Dá quase para ouvir o barulho dos grilos a cada local anunciado como bom programa e dica certa de satisfação. A pergunta “Você já tentou elogiar”, feita de saída por uma das páginas, anima bem pouca gente disposta a fazer esse tipo de exercício. Os gatos pingados vão elogiando e a resposta vem em 5, 2, 1 ou nenhuma curtida.

Coro na salada, uma das reclamações contra restaurante de Campo Grande.
Coro na salada, uma das reclamações contra restaurante de Campo Grande.

É o fracasso da opinião pública? Ou o caos generalizado no comércio que não deixa nada suficientemente bom para render elogios na mesma proporção em Campo Grande? A coisa parece particular, porque a mesma página criada para os elogios lá em Patos de Minas (MG), por exemplo, tem mais de 4 mil seguidores.

Camila Ariosi, criadora do “Aonde não ir em Campo Grande”, deve ter se inspirado em páginas do tipo "Boicota São Paulo", que conquistou uma legião de inimigos entre os empresários paulistas e fez a polêmica ganhar mídia nacional.

Ela diz que o falatório cresceu tanto que teve de chamar outros 3 amigos para tocar o "Aonde não ir". ”No inicio funcionaria para amigos indicarem aonde não deveríamos ir e ali relatar cada um suas experiências. Só que foi crescendo muito o grupo, os amigos indicando, daí percebemos que a reclamação era geral e hoje somos 20 mil pessoas falando a mesma língua”, avalia.

O alvo quase sempre é o atendimento, contra “funcionário preguiçoso”, “atendente de cara feia”... O recorde do buchicho é uma postagem com 200 comentários, em um caso que começou com atraso na entrega de uma pizza e ganhou proporção gigantes quando a autora foi ameaçada pelos donos da empresa.

“O proprietário se sentiu ofendido e disse para a foto ser retirada, senão ela responderia a um processo. Dai os participantes do grupo ficaram todos revoltados e os advogados online orientaram ela da melhor forma possível ... A foto continua lá, não houve problema algum”, lembra Camila. Pois é, o que não falta também é “advogado online” dando pitaco no problema dos outros.

Quando quem exagera é o cara que faz a critica, uma legião de pessoas solidárias ao empresário também surge para defender a marca. Dia desses, um membro do grupo reclamou da fila de espera para comprar jogo recém lançado. Falou o que quis, ouviu o que não estava esperando. “Achei esse post vazio, achei sua reclamação vazia e fresca. Você foi ao lançamento do jogo mais esperado dos últimos tempos no mundo inteiro”, foi só um das manifestações de dezenas no contra ataque.

Apesar de muita gente reclamar que a página virou uma metralhadora descontrolada, Camila garante que não é bem assim. “Todas as postagens que fogem do contexto, que não contenha todas as informações exigidas pelas regras, ou que contenha agressão verbal, são excluídas.”

O fato é que a página vai ganhando projeção, mesmo que seja por conta dos barracos virtuais, e agora serve até como espaço de pesquisa. Agora por exemplo, uma revista especializada em negócios pergunta ao membros qual franquia faz falta nestas bandas.

Sobre o fracasso dos “Aonde ir”, ela tira qualquer responsabilidade das costas do campo-grandense, muitas vezes chamado de chato. “Não obteve o mesmo sucesso de postagens porque faz propaganda até de políticos e muitas das empresas que são campeãs de reclamações”.

Sobre quem reclama do que nasceu para reclamar, ela lembra que “o grupo nunca foi criado para somente criticas, mas sim para que as nossas vozes sejam ouvidas pelos estabelecimentos criticados. Encorajamos réplicas das empresas, para que assim possam melhorar o atendimento. Os empresários geralmente agradecem ao grupo. Pois muitas coisas ocorrem na ausência dos proprietários”.

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