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Comportamento

Em cerimônia surpresa, filhos celebram os 70 anos de amor e união dos pais

Thailla Torres | 18/09/2016 08:00
Em uma cerimônia cheia de amor, Ana e José chegaram para comemorar os 70 anos de união. (Foto: Junior Assunção Fotografia)
Em uma cerimônia cheia de amor, Ana e José chegaram para comemorar os 70 anos de união. (Foto: Junior Assunção Fotografia)

Ela carrega no olhar a mesma doçura de quando o conheceu. Ele não esconde a alegria em continuar ao lado do primeiro amor. Ana e José comemoraram 70 anos de casados e a história que começou em família recebeu homenagem dos 11 filhos que deram de presente aos pais uma festa surpresa para as Bodas de Vinho.

Ana Lemos Maia da Silveira tem 89 anos e José da Silveira Maia, 90. Primos, o romance começou na adolescência, em uma das festas de família, após um gesto de gentileza dele de ceder o lugar para ela sentar. A filha, Ana Nilce Silveira Maia, de 53 anos, é quem lembra do caminho que se tornou uma inspiração para todos.

“O meu avô materno é irmão da minha avó por parte pai, são primos de primeiro grau. Naquela época, moravam em fazenda e não tinham o conhecimento que a gente tem hoje. Se conheceram em uma festa que ela foi acompanhada de um dos irmãos e o amor nasceu ali”, conta a filha.

Em uma das cartas José coloca em palavras a saudade que sentia de Ana. (Foto: Arquivo pessoal)
Em uma das cartas José coloca em palavras a saudade que sentia de Ana. (Foto: Arquivo pessoal)

Do dia que se conheceram, até o casamento, foram 8 meses. A família morava em Minas Gerais e vivendo em fazendas diferentes, Ana e José se comunicavam apenas por cartas. Cada escrita é guardada com carinho até hoje, na casa que moram em Campo Grande. Em um dos trechos, ele descreve a preocupação com a amada, em março de 1946.

“Inesquecível Ana... Aqui graças a Deus vão todos bem, falei ontem com a Maria, ela me disse que todo mundo vai bem e que tinha uma carta minha lá que você me escreveu, eu não escrevi há mais tempo porque estava para fazenda, não era falta de saudades não, que isso eu tenho demais...”

Ela e os irmãos cresceram ouvindo a história de amor que nunca perdeu força. “A imagem que a gente tem é de um casal que sempre viveu um para o outro. Mesmo com todos os problemas que qualquer casal enfrenta no dia a dia, eles estavam juntos".

Ana nunca ouviu brigas entre os pais e o respeito é um dos segredos para todos nesses anos. "Foi esse reflexo que eles passaram pra gente. Somos em 11 irmãos e nunca tivemos desavenças, sempre estivemos juntos, todos filhos e o amor deles é a fortaleza da nossa família”, descreve.

De Minas Gerais, o casal trouxe para Campo Grande em 1966 a coragem para recomeçar a vida. Ela dona de casa e ele agricultor, compraram uma fazenda para viver e trabalhar no estado. “Meu pai conta que naquele tempo era incentivado o desbravamento. Eles venderam tudo que tinham lá para construir uma nova vida aqui”, conta.

As taças de vinho simbolizaram a maturação do amor. (Foto: Junior Assunção Fotografia)
As taças de vinho simbolizaram a maturação do amor. (Foto: Junior Assunção Fotografia)

Nos anos de convivência, a filha descreve que a humildade e companheirismo mantiveram a força para batalharem juntos pela educação dos filhos. “Sempre passaram a mensagem sobre ser humilde. Ensinaram sobre trabalho de forma brilhante e com o mundo atual, sinto que eles passaram por momento de transformação muito grande e não perderam o encanto, o amor e amizade”, diz Ana Nilce.

Depois de sete décadas juntos, é o amor de Ana e José que sustenta um ao outro. “Mamãe é quem está com a saúde mais fragilizada, não escuta direito e o pai hoje é quem ajuda a cuidar dela. Ele faz carinho, carrega a bolsa dela... É como se ele estivesse fazendo o que durante muito tempo ela fez, quando ele passava horas trabalhando. Era ela que deixava as coisas dele arrumadas. Hoje, ele é que está o tempo todo ao lado dela”, diz.

A celebração das Bodas de Vinho foi uma ideia dos filhos que decidiram fazer surpresa. “A gente só comentou que teria um bolinho, mas quando chegaram ficaram surpresos com o tamanho da comemoração”, conta.

E o beijo para selar a união. (Foto: Junior Assunção Fotografia)
E o beijo para selar a união. (Foto: Junior Assunção Fotografia)

Em um evento mais íntimo, somente com familiares e amigos mais próximos, cada detalhe foi escolhidos a dedo, para tornar a cerimônia única. Da decoração charmosa até nas lembrancinhas, tudo tinha um pouco do casal. Netos e filhos, fizeram uma linha do tempo com fotografias e memórias durante todos esses anos de casamento.

Religiosos, foi na presença de um padre que refizeram as juras. Dos 21 netos, dois entraram carregando as alianças e as taças de vinho, simbolizando a maturação do amor.

Com gesto de carinho, Ana beijou a mão do marido, José se apressou e tentou beijar a esposa antes mesmo do pedido padre. Na troca de olhares e cada palavra, ninguém segurou a emoção. “Foi um momento único pra gente. Celebrar esses 70 anos, posso dizer que foi o momento mais intenso que eu vivi na minha família. Porque não foi só um ritual, foi realmente um momento de amor”, conta a filha.

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"Não foi só um ritual, foi realmente um momento de amor", descreve a filha. (Foto: Junior Assunção Fotografia)
"Não foi só um ritual, foi realmente um momento de amor", descreve a filha. (Foto: Junior Assunção Fotografia)
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