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Comportamento

Filho fica de castigo na escola e mãe se revolta com método do tempo do onça

Naiane Mesquita | 11/06/2015 06:34
Tema polêmico de redação fez mãe mudar filho de escola
Tema polêmico de redação fez mãe mudar filho de escola

“O que eu pretendo sendo tão irresponsável?”. A pergunta que constava no caderno de tarefas de uma criança de dez anos deveria ser respondida em 42 linhas, segundo as instruções da professora, com o objetivo de refletir sobre o não cumprimento de todas as atividades do dia anterior.

Mas, o que deveria ser algo simples aos olhos da professora, acabou se transformando em uma bola de neve, já que a mãe da criança, uma educadora, achou tudo um grande absurdo.

“Eu fiquei indignada com aquela atividade, meu filho sempre foi uma criança dedicada, mas a escola sempre passou muitas tarefas e naquele dia ele não conseguiu terminar tudo. Um dia que ele não faz e tem uma redação desse tom como castigo?”, questiona ela, que preferiu não se identificar.

Segundo a mãe, o teor da redação era intimidador e causaria danos à autoestima da criança, que não conseguia nem escrever a atividade. “Ele tentava dizer motivos para ser irresponsável, mas sempre se contradizia. No fim, ele mesmo chegou a conclusão que não era necessário aquilo, que ele não era tão irresponsável”, explica.

O Lado B ficou intrigado com o ocorrido e resolveu questionar outros educadores em busca de um consenso. Será que o castigo ainda tem espaço no ambiente escolar?

Para a doutora em educação e professora do curso de Pedagogia da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Ângela Maria Costa, nenhum castigo, em especial os psicológicos, são aconselhados.“O castigo é sempre condenado. A violência psicológica é ainda pior que a física porque ninguém vê. Os professores não têm esse direito, principalmente porque muitos alunos já sofrem essa violência em casa”, afirma Ângela.

Uma escola de qualidade deve promover o desenvolvimento dos alunos de forma completa e saudável, sempre envolvendo os pais no processo, reforça. “O professor tem que saber averiguar o que está acontecendo com essa criança de uma forma individual, o que o professor está ignorando e chamar essa família. Um castigo ele é totalmente condenável, cria um adulto totalmente dominado”, aponta.

De acordo com Ângela, o diálogo sempre se torna a solução mais prática e a que mais traz retornos positivos no ambiente escolar. Sem traumas ou problemas de personalidade. “Mesmo que a criança seja reincidente no problema, a solução é encaminhar o aluno a um psicólogo, que pode trabalhar junto com ele e a família, analisando também o ambiente familiar, porque tem vezes que pode parecer saudável e não é. Dessa forma, quase sempre se tem bons resultados”, diz.

Para a mãe da criança que sofreu com a redação, o caso refletiu diretamente na autoestima e na segurança do filho, que acabou sendo transferido para outra instituição, também particular.

De um modo geral, outros educadores concordam que o termo “castigo” e suas atribuições estão totalmente fora de moda. “Não usamos esse termo pedagogicamente falando”, afirma Nidia Maciel, psicóloga e orientadora educacional do 1º ao 5º ano do Colégio Dom Bosco.

Na escola, os professores usam diversas ferramentas para sensibilizar o pai e o aluno sobre a importância de realizar as atividades fora da sala de aula. Até enviar e-mail para os responsáveis se tornou uma saída em meio as novas tecnologias.

“O que a gente leva é a conscientização da importância da tarefa e do acompanhando da família. A assiduidade, a pontualidade, as tarefas, organização e disciplina valem nota. Os alunos podem deixar de ganhar, mas não perder, não existe uma punição. Para cobrar enviamos recados via agenda, sistema na internet e via e-mail. Tudo isso tem funcionado bem”, aponta.

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