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Comportamento

Lápides com homenagem chamam atenção e revelam história trágica de 1944

Thailla Torres | 06/04/2016 06:12
Samuel Carvalho Junior, de 51 anos, procurou o Lado B para desvendar a história das 6 pessoas enterradas ali. (Foto: Marcos Ermínio)
Samuel Carvalho Junior, de 51 anos, procurou o Lado B para desvendar a história das 6 pessoas enterradas ali. (Foto: Marcos Ermínio)

A história com certeza marcou a vida de muitas pessoas na década de 40, mas deu trabalho para ser recuperada agora. Um conjunto de seis lápides, em mármore negro e com uma homenagem feita pela Base Aérea de Campo Grande em destaque, chamou atenção de um visitante no cemitério Santo Antônio. Curioso sobre a história que ali poderia ser revelada, o advogado Samuel Carvalho Junior, de 51 anos, pediu ajuda ao Lado B.

Ele conta que há 15 dias foi a um sepultamento e viu as lápides. “Depois do enterro, resolvi dar um volta porque em outros lugares do mundo, cemitérios são pontos turísticos da cidade. E o que chamou atenção foi ver seis pessoas no mesmo local e com a mesma data. Na hora pensei: Será que foi um acidente?”, comenta o advogado.

Os seis foram enterrados lado a lado. (Foto: Marcos Ermínio)
Os seis foram enterrados lado a lado. (Foto: Marcos Ermínio)

As lápides levam os nomes de 6 homens que faleceram em 11 de março de 1944. Sem respostas do que teria acontecido, foi na administração do cemitério que as primeiras informações vieram à tona.

Os registros esclarecem que o jazigo pertence à Base Aérea de Campo Grande e dão uma pista importante sobre o que ocorreu naquele dia, há 72 anos. Segundo o documento, os 6 morreram atingidos por um raio.

O próximo passo não garante muita evolução nessa busca. Na Base, não há nenhum registro histórico, nenhuma informação do episódio que matou os trabalhadores, todos com ofícios ligados à Construção Civil. A assessoria procurou, procurou e não encontrou nada.

Nesta hora é que a preservação da história mostra seu valor. Só nos arquivos de Jornal do Comércio, diário da época, disponível na ARCA (Arquivo Histórico de Campo Grande), é que finalmente encontramos a manchete: “Sete mortos e 17 feridos no desastre de hoje”

O caso - Em 11 de março, sete famílias perderam Manoel de Arruda, Teófilo de Oliveira, Carlos Gonçalves, João da Silva, Dario Felix, Manoel Nunes Macedo e José Batista Costa.
O jornal não cita, mas nos registros do cemitério ainda aparece José Ferreira da Silva como outro morto. Os dois últimos não foram sepultados com o grupo dos 6 porque as famílias tinham jazigos próprios.

A reportagem relata que os operários voltavam do almoço para o trabalho, nas obras da Base Aérea, que ainda estava em construção, quando uma “faísca elétrica” atingiu o local onde estavam, matando os trabalhadores e deixando ainda 17 pessoas feridas.

Conforme a notícia, o desastre causou comoção em Campo Grande. A matéria é breve, fala apenas que o comandante e o chefe de obras tomaram medidas para realizar o transporte dos corpos e prestaram apoio às famílias.

Passados 72 anos, as lápides continuam bem cuidadas. Francisco Alves da Silva trabalha no cemitério há 28 anos, e diz que Samuel não foi o único a prestar atenção na data e nos 6 mortos do Santo Antônio. “A gente só ouviu falar que foi um acidente, mas nunca soubemos da história real. Até hoje os parentes visitam" diz.

Francisco chegou no cemitério há 28 anos e conta que lápide atrai curiosos. (Foto: Marcos Ermínio)
Francisco chegou no cemitério há 28 anos e conta que lápide atrai curiosos. (Foto: Marcos Ermínio)
A história está registrada no Jornal do Comércio em 1944. (Foto: Thailla Torres)
A história está registrada no Jornal do Comércio em 1944. (Foto: Thailla Torres)
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