Para manter quem gosta por perto, ela coleciona fotos 3x4

Marithê Santos Lopes tem 21 anos e menos de um metro e meio, mas o coração é enorme e compensa a baixa estatura. Amigos e familiares na vida da acadêmica de jornalismo têm uma importância que não se mede, mas pode ser vista em fotos. Em fotografias 3x4.

Desde os quatro anos, quando posou para a primeira foto de documento, ela se apaixonou pelo mini-retrato. Passou a colecionar registros, em 3x4, de parentes, amigos e até desconhecidos.

À primeira vista, o hábito parece estranho, tanto é que muita gente a questiona na hora que pede, sem cerimônia, um foto para guardar como recordação. “Fazem aquela pergunta besta: ‘Para que? Quer espantar barata?’”, conta.

Quando tenta explicar a razão da coleção, as palavras se amontoam, fogem ao domínio, mas acabam se encontrando em um frase que, no final, faz sentido: “Eu gosto do... porque sou pequena. Eu não sei te explicar... Na foto 3x4 todo mundo sai do mesmo tamanho”.

Manter as pessoas que gosta sempre por perto, mesmo que por fotos, é o motivo da mania de Marithê. “São meus amuletos da sorte. Carrego para onde eu vou”, afirmou.

Por trás de cada registro guardado, uma história. Algumas Marithê lembra com perfeição. De outras, não se recorda nem do nome, mas isso não importa, garante. Do acervo, que tem 51 fotos, duas mulheres, para ela, são desconhecidas.

“Eu peguei da minha avó. Não sei quem são, mas sei que foram importantes para ela”, comenta. Uma delas, em preto e branco, é datada de 1952.

A fixação pelos pequenos registros é tanta que no aniversário de 15 anos a acadêmica pediu as mesmas fotos do álbum em 3x4. No mesmo formato, ela guarda parte da própria evolução. São cinco fases: aos 3, 5, 7, 10 e 15 anos

A prima Rita não faz nem idéia, mas Marithê tem três momentos dela arquivados: quando era bebê, com um laço vermelho na cabeça e com um vestido cor de rosa; na adolescência, trajando um tailleur preto e na fase adulta, onde aparece com o cabelo avermelhado.

Na contramão de muita gente, a estudante prioriza as impressões fotográficas, mas não dispensa a facilidade do formato digital. O hábito de guardar fotos, garante, é uma mania retrô. “Com a tecnologia, a gente deixa tudo no computador, no ciberespaço. Esse é meu ciberespaço”, comenta.

Fora as perguntas de praxe, a recomendação, quando alguém aceita deixar um foto com ela, é sempre a mesma: “Não mostra isso para ninguém”. O pedido, no final das contas, tem fundamento. A base é o emblemático argumento: “ninguém sai bonito em foto 3x4”.