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Política

Vídeo: Professor, Marco Monje promete ampliar ensino técnico

Zana Zaidan | 30/07/2014 08:00
Para Monje, falta de políticas públicas adequadas gerou "crise" em MS (Foto: Marcelo Calazans)
Para Monje, falta de políticas públicas adequadas gerou "crise" em MS (Foto: Marcelo Calazans)

Candidato do PSTU ao Governo do Estado e professor do ensino fundamental, da rede pública, Marco Antônio Oliva Monje promete reformas na Educação, com a inclusão de cursos técnicos nas escolas regulares, demissão de comissionados, por meio de concursos públicos, e maior aplicação do orçamento no setor.

Monje é o terceiro a participar da rodada de entrevistas realizadas pelo Campo Grande News com os postulantes à vaga no Executivo estadual. Aos 51 anos, é a segunda vez que o carioca, que atualmente mora em Corumbá, região Norte, disputa cargo majoritário nas eleições. Em 2006, ele foi candidato à vice na chapa de Carlos Alberto Dutra, do PSOL.

Na entrevista, de 45 minutos, sem cortes e roteiro pré-definido, Monje também defende mudanças no sistema da Reforma Agrária e a criação de conselhos populares distribuídos por regiões do Estado, além da suspensão do pagamento da dívida com o governo federal, corte dos incentivos fiscais para atrair nova indústrias ao Estado, e o fim da privatização de serviços públicos.

O candidato também desmistifica o “sonho marxista” do partido, e reforça que não se trata de utopia. “Quando você sonha sozinho, você sonha apenas sozinho. Mas quando você sonha coletivamente, esse sonho se torna realidade”, diz, parafraseando o poeta, e “(...) esse sonho que eu tenho, de viver em uma sociedade socialista, das teses de Marx, não sei se é real, mas quero experimentá-la, e é por isso que estou aqui”, acrescenta, sobre a decisão de concorrer ao governo.

Confira a entrevista na íntegra e, abaixo, a transcrição dos principais trechos:

“Governo Marxista” - É uma necessidade. Há mais de 35 anos de Mato Grosso do Sul, candidatos vêm prometendo, apresentando propostas à população, falando que vão resolver o problema da saúde, da educação, transporte, do desenvolvimento econômico do Estado, mas, de fato, temos uma crise em Mato Grosso do Sul. Essa semana estive em Campo Grande, e vi N mortes, N acidentes, por falta de uma política de transporte público. A saúde nem se fala, as pessoas vem morrendo na porta dos hospitais, no postos de saúde, não há uma política.

Programa de governo - O que a gente tem defendido, e vai defender bastante, é que não se tenha um programa de governo, mas um programa de Estado. Significa o quê? Se a saúde vai mal, não é apenas construir um posto de saúde que vai garantir atendimento à população, o que vai garantir é uma política de Estado.

Reforma Agrária – Defendemos uma revolução agrária, onde o pequeno produtor que produz o alimento que vai para a mesa do trabalhador. Temos visto incentivo à monocultura, a produção de eucalipto, de cana, soja, mas especificamente para exportação. Se colocar o trabalhador na área rural, é menos um problema para a área urbana, porque se ele não tem condições de trabalho na cidade, surge o problema de assalto, não tem casa, e os problemas sociais vão se agravando. Que os meios de produção estejam nas mãos dos trabalhadores, com diversificação da cultura do campo.

Conselhos Populares – O governo Zeca criou o orçamento participativo, mas infelizmente jogou na lata do lixo. A população era consultada, o governo falava 'esses são os recursos que temos para investir no Estado'. Aí cada município, cada comunidade, apresentava suas necessidades, o governo pegava essa demanda, fazia seu orçamento e mandava para Assembleia Legislativa. Cada setor, cada município, terá um representante dos trabalhadores. Vamos mandar o que estamos apresentando para a Assembleia Legislativa, e se os parlamentares não aprovarem os projetos do PSTU, ou seja, do governo dos trabalhadores, os trabalhadores vão ter que pressionar, como sempre defendemos.

Calote da dívida - O estado de Mato Grosso do sul gasta aproximadamente de 15 a 17% do seu orçamento para pagar a dívida. O governo federal e estadual, há mais de 35 anos, mais de 500 anos, vem pagando essa dívida. Mas cadê esse contrato? Nós do PSTU vamos apresentar o contrato para a população. Normalmente, dívida que a gente contrai é de 20, 25 anos, mas mais de 35 anos o governo vem sangrando seu orçamento, alguma coisa está errada.

Logística – Pode perguntar para qualquer técnico, especialista, qual o meio de transporte mais barato: é a hidrovia. Mato Grosso do Sul tem uma extensão muito grande e navegável, não necessita intervir muito com comportas, transposição. O quê necessita? Vontade política. O Trem do Pantanal, imagine o ganho político com nosso irmãos bolivianos, trazendo de Santa Cruz até Bauru (SP). Quantas pessoas iriam ser beneficiadas com um transporte com um custo barato?

Educação - No Mato Grosso do Sul, o governo estadual aplica em torno de 25% do seu orçamento na educação. A nossa proposta, o que nós vamos fazer, é aumentar de 25 para 30%, isso é fundamental. Segunda coisa: é diminuir drasticamente o número de convocados no Estado, se você ver os quadros que hoje o governo tem, tem muito convocado. Esse convocado não tem férias em julho, em dezembro, é precarizado, fica em uma situação irrequieta, porque não sabe se vai trabalhar. Se esse trabalhador entrar pela porta da frente com um concurso público, ele vai estar mais tranquilo, dar uma aula melhor, vai ter tranquilidade. Aí o Estado tem o dever, o compromisso de dar as condições necessárias para que ele possa trabalhar. Lamentavelmente, o PMDB entrou com recurso contra a garantia para que esses trabalhadores tivesse um horário disponível para planejar sua aula, corrigir trabalhos.

Mão-de-obra - O que a sociedade tem solicitado dos governantes? Mão de obra especializada. Mato Grosso do Sul tem um problema muito sério de mão de obra, muitas pessoas têm vindo de fora porque aqueles que estão construindo vão buscar no mercado, que não têm. Defendo um ensino normal, regular, acompanhado de ensino técnico, ou seja, ter uma visão de cultura, da saberes elaborados pela sociedade, mas ao mesmo tempo ele vai ser formado em um campo técnico que ele tenha habilidade.

Incentivos fiscais - Nós não vamos dar incentivo fiscal para nenhuma empresa, porque nós necessitamos de dinheiro para construir escola, hospital, transporte, para as necessidades básicas de Mato Grosso do Sul, e dar incentivo chama-se “oneração do Estado”, e eu não vou onerar o Estado.

Expropriações – Elas (as grandes empresas instaladas no Estado por meio de incentivos) vão ter que pagar os impostos para que a gente possa dar uma educação de qualidade, uma saúde de qualidade. (…) O dinheiro vai sair dos impostos que essas grandes empresas pagam, se não, a gente não vai construir, porque o recurso não dá para atender toda a demanda da sociedade.

Segurança - Como resolver essa situação (da segurança)? A longo prazo, gerando emprego, empregabilidade. O pequeno trabalhador que, de repente, perdeu seu emprego, rouba um saco de feijão, uma galinha, não vai mais cometer esses pequenos delitos, porque ele vai ter um emprego, um salário, vai ter condições de ajudar a família. O grande gerador de empregos são as obras públicas, um plano de obras voltado para as necessidades da população.

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