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Economia

Iagro restringe trânsito de gado em área de conflito entre índios e fazendeiros

Aline dos Santos | 11/06/2013 11:30
No dia 5 de junho, fazendeiros começaram a retirar gado das fazendas de Sidrolândia.
No dia 5 de junho, fazendeiros começaram a retirar gado das fazendas de Sidrolândia.

A Iagro (Agência Estadual de Defesa Sanitária Animal e Vegetal) restringiu a movimentação de gado na região em conflito entre fazendeiros e índios, nos municípios de Sidrolândia e Dois Irmãos do Buriti. Agora, de acordo com a portaria 2.820, publicada hoje no Diário Oficial do Estado, o “trânsito de bovídeos, equídeos e outras espécies” deve obrigatoriamente ser acompanhado de agentes da Iagro.

A medida de apertar o cerco quanto ao trânsito dos animais foi tomada após os fazendeiros, às pressas, retirarem o rebanho para propriedades vizinhas, sem obter GTA (Guia de Trânsito Animal). A diretora-presidente da Iagro, Maria Cristina Galvão Rosa Carrijo, afirma que compreende que os fazendeiros queriam proteger o patrimônio, no entanto, a agência tem o dever de resguardar a sanidade animal. Segundo ela, o rebanho na área em litígio com os terenas chega a 15 mil cabeças.

“Houve mudança de gado, até por necessidade, mas a movimentação nesses municípios da portaria vai ter que ser acompanhado pela Iagro, mesmo se for dentro da área em litígio”, salienta.

Deslocada para conter os ânimos na região em disputa, a Força Nacional de Segurança vai fiscalizar se o deslocamento do rebanho é feito de acordo com a portaria. Caso contrário, a movimentação fica suspensa até presença de técnico da Iagro. A portaria não estabelece prazo para o fim da regra em caráter excepcional. Até então, era exigido somente a guia, disponível inclusive na internet, para trânsito de animais. O fazendeiro que descumprir a portaria fica sujeito à multa.

A próxima ação da agência será vacinar o gado contra a aftosa. “A maioria dos animais foi vacinada. Alguns produtores que não conseguiram vacinar antes da invasão”, relata Maria Cristina Carrijo. Dono da fazenda Buriti, Ricardo Bacha afirma que 300 animais ficaram sem vacina.

A fazenda faz parte dos 17 mil hectares exigidos pelos índios, que vivem em área de 2.090 hectares. A Buriti foi invadida no dia 15 de maio. No mesmo dia, a Justiça Federal determinou a saída dos terenas. Na ocasião, foi feito um acordo para que a área fosse desocupada até 5 horas de 18 de maio.

No entanto, eles não saíram e ampliaram o processo de invasão, chegando à sede da fazenda. A PF chegou a enviar efetivo para o local, mas a reintegração de posse foi suspensa pela Justiça até o dia 29 de maio, data da audiência para tentativa de acordo.

Após quatro horas de negociação, não houve entendimento e o juiz federal José Ronaldo da Silva determinou o cumprimento da reintegração de posse. Em caso de desobediência, foi fixada multa de R$ 10 mil para cada pessoa que permanecesse na propriedade.

A decisão judicial foi cumprida no dia 30 de maio, feriado de Corpus Christi. Os terenas relatam que equipes da PF e da PM (Polícia Militar) chegaram às 6h. Houve resistência e a situação acabou em confronto. O índio Oziel Gabriel, de 35 anos, foi baleado e morreu no hospital de Sidrolândia.

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