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Capital

Rodovias “param no tempo”, fluxo multiplica e mortes aumentam 24%

Lidiane Kober | 11/05/2014 08:40
Só no dia 24 de abril, seis pessoas morreram em acidentes na BR-163 (Foto: Marcelo Vitor)
Só no dia 24 de abril, seis pessoas morreram em acidentes na BR-163 (Foto: Marcelo Vitor)

Falta de investimentos associada à multiplicação do fluxo de veículos e a imprudência de alguns motoristas tornam um desafio cruzar rodovias federais em Mato Grosso do Sul. Só no primeiro quadrimestre do ano, foram registrados pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) 1.134 acidentes e 98 mortes, 24% a mais que os 79 óbitos apurados no mesmo período de 2013.

“O que está acontecendo nas rodovias é um verdadeiro genocídio e as autoridades tentam culpar os usuários”, analisou o presidente do Setlog-MS (Sindicato das Empresas de Transporte de Cargas e Logística de MS), Cláudio Cavol. Para ele, os investimentos não acompanharam o aumento do fluxo.

“Principal artéria do Estado, a BR-163 foi feita há mais de 35 anos e poucas mudanças foram realizadas, enquanto o movimento multiplicou por cem”, comentou. “Não modernizaram as estradas para acompanhar o fluxo”, emendou. Só na BR-163 foram registradas 40 mortes nos quatro primeiros meses do ano contra 27, no período anterior.

Neste sentido, Cavol tem certeza que a culpa do aumento das mortes é das autoridades. “O MP (Ministério Público), a PRF, os governos estadual e federal estão se omitindo e nós queremos abrir os olhos do cidadão sobre a verdadeira responsabilidade do genocídio que está acontecendo das estradas”, disse.

O presidente do Setlog reconhece, no entanto, que alguns motoristas dirigem acima de sua capacidade física. “O problema é que quando pensam em parar para descansar não encontram um local com estrutura, passam calor infernal e fatalmente tomam uma cerveja gelada para se refrescar e relaxar”, comentou.

Em meio às dificuldades, Cavol afirmou que o clima é de incerteza e preocupação. “Estamos desolados com a violência nas rodovias. Por elas, passam as riquezas produzidas pelo país afora, mas, ao mesmo tempo, o governo não dá o retorno necessário e o risco, a cada dia, aumenta e desestimula os motoristas”, disse. Hoje, o déficit é de 150 mil caminhoneiros no Brasil.

Indagado se a privatização da BR-163 vem para melhorar as condições da via, ele acredita em melhorias. “Mas a que custo?”, questionou fazendo menção aos pedágios. “Mais uma vez, caiu para o usuário pagar a conta”, completou. Segundo ele, só de frete a elevação do serviço será de 10% a 12%.

 

Imprudência – Por outro lado, a PRF atribui o aumento das mortes ao excesso de velocidade, imperícia e falta de atenção dos motoristas. Dos 1.134 acidentes, 323 envolvem saída de pista. Para a polícia, essas situações poderiam ter sido evitadas “se o condutor trafegasse de forma prudente”.

Outras 207 ocorrências se caracterizam pela colisão traseira. “Se o motorista mantivesse a distância de segurança os riscos seriam bem menores”, avalia a PRF. “Os números nos preocupam muito, estamos desesperados, porque refletem a questão comportamental dos condutores”, afirmou o inspetor da PRF, José Ramão Mariano Filho.

Ele frisou que “não tem como disponibilizar um policial para cada reta, cada curva”. “Assim que vê uma viatura na rodovia, o motorista reduz a velocidade, mas quando a fiscalização fica para trás, volta a se expor aos riscos”, disse.

O caminho, na avaliação de Mariano, é “formar motoristas responsáveis”. “Só educação para mudar conceitos como a gente ainda vê por aí de um pai trafegar com o filho sem cinto de segurança, sem cadeira adequada. Imagino que eles pensem que é mais confortável o colo da mãe, mas esse é um conforto ilusório”, alertou.

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