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Capital

Campo Grande precisa viver em alerta contra dengue, mostram pesquisas

Paulo Nonato de Souza | 08/12/2016 10:12
Agente de saúde durante 'caça' ao Aedes aegypti no fim da semana passada, em Campo Grande (Foto: Fernando Antunes)
Agente de saúde durante 'caça' ao Aedes aegypti no fim da semana passada, em Campo Grande (Foto: Fernando Antunes)

Campo Grande teve papel relevante na produção da primeira vacina contra a dengue, aprovada em 2015 pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) e lançada no mercado em julho deste ano. Por ser uma região de grande incidência da doença e possuir condições consideradas interessantes para o estudo sobre a dinâmica dela, a cidade foi escolhida em 2011 como um dos cenários da pesquisa que resultou na medicação tetravalente para prevenção contra os quatro sorotipos, realizada pela empresa anglo-francesa de vacinas, Sanofi Pasteur, em vários países da América Latina e cidades do Brasil.

Um dos fatores de referência para a escolha da Sanofi Pasteur, a epidemia de 2007 e 2008 não foi a primeira. Pesquisa do infectologista Rivaldo Venâncio da Cunha sobre a caracterização clínica e epidemiológica de casos de dengue em Campo Grande revelam que o primeiro surto da doença na cidade aconteceu em 1987, quando foi isolado o tipo DEN-1, e a primeira epidemia ocorreu em 1990.

O histórico de dengue em Campo Grande sugere alerta permanente contra o mosquito Aedes aegypti. E não é por acaso. A grande incidência tem relação direta com as condições climáticas, revela estudo realizado entre 2001 e 2012, e apresentado por Iael Cristina da Silva Pacheco ao programa de Pós-Graduação em Saúde e Desenvolvimento na Região Centro-Oeste, da UFMS (Universidade Federal de Mato Grosso do Sul) em 2013.

Diz que as condições climáticas de Campo Grande são propícias para a dengue. Por causa do clima, “a dengue é endêmica em Campo Grande”, constatou o estudo de Iael Cristina da Silva Pachedo. De julho a outubro a taxa de incidência de dengue por 100 mil habitantes é baixa, nos oito meses restantes é alta, e nos períodos de alta incidência de dengue, a temperatura registra níveis maiores de alta.

“É importante a continuidade de estudos relacionados ao tema, considerando o controle da doença e a minimização dos agravos na saúde da população com planejamento de ações de promoção e prevenção”, recomenda.

“A pesquisa da vacina em Campo Grande está na reta final”, disse ao Campo Grande News, por telefone, o médico infectologista Rivaldo Venâncio da Cunha, coordenador dos trabalhos desenvolvidos pela parceria entre a UFMS e a empresa anglo-francesa de vacinas Sanofi Pasteur.

Infectologista Rivaldo Venâncio da Cunha, uma autoridade no assunto da dengue (Foto: Arquivo / Simão Nogueira)
Infectologista Rivaldo Venâncio da Cunha, uma autoridade no assunto da dengue (Foto: Arquivo / Simão Nogueira)

Com recursos financiados pelo Sanofi Pasteur, os trabalhos começaram pelo estudo epidemiológico e depois com o estudo da vacina, que em Campo Grande envolveu 700 pessoas de forma voluntária, as chamadas “cobaias”. Na quarta-feira (7), o Diário Oficial da União trouxe um aditivo ao contrato firmado em 2011 no valor de US$ 631 mil, algo em torno de R$ 2,1 milhões.

“Pesquisas para testar medicamentos envolvem grandes equipes de profissionais, e aqui em Mato Grosso do Sul contamos com cerca de 30 pessoas. Esse dinheiro vem para pagar despesas realizadas, e a publicação no Diário Oficial se deve ao fato de envolver um ente público, a Universidade Federal”, declarou Rivaldo Venâncio.

Apesar dos avanços, inclusive com a produção da primeira vacina, a prevenção continua sendo fundamental e a limpeza de possíveis focos não deixa de ser necessária. Isso porque, além do Aedes aegypti, outras doenças podem ser transmitidas por mosquitos de espécies diferentes que também se proliferam em água parada.

Dados da Sesau (Secretaria Municipal de Saúde), atualizados em 03 de novembro deste ano, mostram que o número de notificações de dengue em Campo Grande já soma 28.001, contra 14.450 registradas durante todo o ano de 2015. Um acréscimo de 93,77%.

A vacina - Aprovada pela Anvisa em dezembro de 2015, a primeira vacina contra a dengue chegou às clínicas particulares na última semana de julho de 2016. Os testes foram feitos na América Latina e Ásia, regiões que sofrem particularmente com muitos casos da doença.

De acordo com nota divulgada pela Sanofi Pasteur, a vacina representa o resultado de mais de duas décadas de inovação científica e trabalho de colaboração, bem como de 25 estudos clínicos em 15 países, que envolveram mais de 40 mil voluntários, dos quais 29 mil foram vacinados.

Sobre os estudos de eficácia realizados no decorrer de 25 meses em 10 países endêmicos da América Latina e da Ásia, a nota diz que a vacina contra a dengue aplicada na população de indivíduos a partir de 9 anos de idade preveniu dois terços dos casos de todos os tipos de dengue, além de evitar 8 entre 10 internações e 93% de casos graves, como a forma hemorrágica da doença, que pode levar à morte.

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