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Capital

Chefe de quadrilha enterrava vítimas de cabeça para baixo, dizem comparsas

Adriano Fernandes | 17/11/2016 18:57
A ossada foi encontrada por volta das 12h de hoje (17) numa área atrás da Uniderp Agrárias. (Foto: Divulgação Polícia Civil)
A ossada foi encontrada por volta das 12h de hoje (17) numa área atrás da Uniderp Agrárias. (Foto: Divulgação Polícia Civil)

Enterrados de cabeça para baixo. É assim que devem estar as vítimas de quadrilha que praticava crimes de tráfico de drogas e exploração sexual no Bairro Danúbio Azul, região norte de Campo Grande.

Segundo a polícia, foram os próprios integrantes do grupo, presos na quinta-feira passada (10), que deram os detalhes da crueldade dos crimes. Dez vítimas ainda estão desaparecidas e, até agora, uma ossada foi encontrada e ainda será examinada.

De acordo com a delegada titular Deaij (Delegacia Especializada de Atendimento à Infância e Juventude), Aline Gonçalves Sinnott Lopes, era um dos chefes do grupo, Luiz Alves Martins, o 'Nando', 49 anos, quem aliciava os adolescentes e jovens. As vítimas, na maioria, eram dependentes químicos e em situação de vulnerabilidade.

“O Nando era quem amedrontava todo mundo. Quem deixava todo mundo com medo. Por enquanto, apenas um corpo foi encontrado, mas os suspeitos afirmaram que todos foram enterrados de cabeça para baixo”, comenta a delegada.

A ossada - Na manhã desta quinta-feira (17) uma ossada, que aparentemente é de um homem de aproximadamente 35 anos, foi encontrada pela polícia numa área de mata no Jardim Veraneio. A perícia esteve no local e recolheu os ossos para análise. Eles foram encaminhados ao Imol (Instituto Medicina e Odontologia Legal).

Foi um suspeito, preso na quarta-feira (16), quem indicou para a polícia o local onde a ossada estava enterrada. Ele permanece preso, mas não teve a identidade revelada. 

Esquema - Na quinta passada, a polícia já havia feito buscas por cadáveres de possíveis vítimas na região. Inclusive fez escavações, mas não encontrou nenhum corpo.

Durante a operação na quinta-feira (10), dez pessoas foram presas, oito delas suspeitas de envolvimento nos desaparecimentos. Os presos são Luiz Alves Martins, o 'Nando', 49 anos, Diego Vieira Martins, Rudy Pereira da Silva, Jeová Ferreira Lima, Jeová Ferreira Lima Filho, Ariane de Souza Gonçalves, Vagner Vieira Garcia, Andreia Conceição Pereira.

Também foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão. Foi aprendida droga, uma arma de fogo e 70 galos de rinha.

Crimes - Conforme a polícia, as investigações começaram em setembro deste ano, após a morte de Leandro Aparecido Nunes Ferreira, o 'Leleco'. O rapaz foi morto por um jovem que o acusava de sumir com o seu irmão, adolescente que não teve a idade divulgada. Esse garoto em questão foi encontrado morto dias depois.

Por causa desta situação, a polícia descobriu que, além do menino, mais nove pessoas, todas moradoras da região do Danúbio Azul, estavam desaparecidas. O primeiro caso havia ocorrido em 2012. Até hoje as vítimas de desaparecimento não foram localizadas e ninguém sabe o paradeiro delas.

As 10 pessoas foram presas na última quinta-feira (10) e afirmaram que as vítimas eram enterradas de cabeça para baixo. (Foto: Guilherme Henri)
As 10 pessoas foram presas na última quinta-feira (10) e afirmaram que as vítimas eram enterradas de cabeça para baixo. (Foto: Guilherme Henri)

Como funcionava - Durante as investigações, foi detectado que estas pessoas faziam parte de uma quadrilha que agia na região, sob o comando de Nando. Ele chefiava o esquema de tráfico de drogas. Já Ariane era responsável pela parte da exploração sexual.

Eles aliciavam adolescentes e jovens dependentes químicos para vender droga e se prostituir a troco de pasta base de cocaína. “Eles exploravam a miséria, pessoas com baixa escolaridade e renda, com nível de dependência alto. Que fazem qualquer coisa para conseguir o entorpecente”, diz a delegada Aline no dia das prisões. Todos os integrantes da quadrilha também são dependentes químicos.

Foi comprovado e confirmado que todos os desaparecidos estão ligados com a quadrilha. “As vítimas desapareciam quando queriam deixar o esquema ou se desentendiam com algum integrante do grupo, porém ainda não tem como afirmar se todos estão mortos”, explicou o delegado Márcio Obara, também durante coletiva de imprensa sobre a prisão dos suspeitos.

De acordo com a polícia, as investigações seguem e mais pessoas podem estar envolvidas com a quadrilha. As informações sobre as vítimas desaparecidas serão mantidas em sigilo.

O grupo foi preso temporariamente e vai responder por tráfico de drogas, exploração sexual e formação de quadrilha.

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