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Capital

Pais perdem dias de trabalho para cuidar dos filhos que estão sem aula

Uma das moradoras do Jardim Noroeste não conseguiu trabalhar por dois dias e perdeu R$150

Fernanda Yafusso | 16/03/2016 17:31
Pais buscam informações sobre retorno parcial das aulas na escola Senador Rachid Saldanha Derzi (Foto Alan Nantes)
Pais buscam informações sobre retorno parcial das aulas na escola Senador Rachid Saldanha Derzi (Foto Alan Nantes)
As aulas acontecem apenas para alguns alunos nesta quarta-feira (16) (Foto Alan Nantes)
As aulas acontecem apenas para alguns alunos nesta quarta-feira (16) (Foto Alan Nantes)

Com a paralisação de três dias dos professores da Reme (Rede Municipal de Ensino), iniciada na terça-feira (15), pais de alunos enfrentam problemas para conseguir trabalhar e manter a rotina em casa com os filhos. O sindicato dos professores não atualizou os números, nesta quarta-feira (16), segundo dia de paralisação, mas o último dado aponta que pelo menos 20 das 93 unidades de ensino da Capital ficaram sem aulas.

Na escola municipal Senador Rachid Saldanha Derzi, no Jardim Noroeste, por exemplo, houve quem reclamou. Segundo a manicure Luanny Gabrieli Oliveira, 32 anos, foi enviado bilhete na segunda-feira (14) avisando os pais que os alunos do pré até o oitavo ano não teriam aulas, em razão da paralisação dos professores. Porém, na manhã desta quarta- feira (16), enquanto limpava a frente de sua casa, segundo ela, alunos que também estudam no mesmo colégio, a avisaram que as aulas voltaram.

"Depois que recebemos o bilhete não mandei o meu filho, que estuda na segunda série, para a escola. Não fomos avisados que as aulas tinham retornado. Ele estuda de manhã e tenho que levá-lo junto comigo para o salão onde trabalho e acaba atrapalhando a minha rotina, porque normalmente ele fica com o irmão mais velho, que está estudando normalmente", diz.

Já outra moradora da região, que preferiu não se identificar, disse que além da rotina alterada, teve prejuízos financeiros. Ela trabalha atualmente como diarista e durante esses dois dias, perdeu duas diárias com o valor total de R$ 150.

"Tenho filhos que estudam no pré escolar, na quarta, sexta e oitava séries. Todos perderam aula e as provas que outros alunos nos disseram que estavam tendo. Tive que ficar em casa para cuidar deles e acabei perdendo esses três dias de trabalho", conta.

Outra mãe da região que também teve problemas após o retorno inesperado das aulas na escola, foi a babysitter Evelin dos Santos Rocha, de 30 anos. Evelin conta que com a volta das aulas, teria que mandar sua filha sozinha para o colégio, fato que normalmente é realizado pelos primos.

"Os primos dela sempre vão junto nos dias normais de aula, e agora? Como vou enviar uma criança de nove anos para escola sozinha? Eu não posso sair de casa, porque cuido de outras crianças em casa. Eu me revolto porque se o filho faz algo de errado eles mandam até sinal de fumaça para avisar, mas para avisar que as aulas retornaram, ninguém lembra", conta.

Em nota a assessoria da Prefeitura, informou que a escola Rachid Saldanha Derzi está funcionando parcialmente e que os alunos que faltaram não serão prejudicados. A assessoria explica também que a maioria dos professores da escola haviam optado por não trabalhar, nesses três dias de paralisação. Porém uma parcela decidiu trabalhar e a escola avisou os pais cujos filhos estudam nas salas que teriam aula para que levassem seus os filhos à escola.

Professores pedem reajuste salarial durante passeata nesta quarta-feira (16) (Foto Fernando Antunes)
Professores pedem reajuste salarial durante passeata nesta quarta-feira (16) (Foto Fernando Antunes)
Bilhete foi enviado na segunda (14) aos pais informando sobre a paralisação dos professores (Foto Arquivo Pessoal\ Luanny Oliveira)
Bilhete foi enviado na segunda (14) aos pais informando sobre a paralisação dos professores (Foto Arquivo Pessoal\ Luanny Oliveira)

Apesar dos transtornos que as mães do Jardim Noroeste estão passando, a dona de casa Patricia Romão Bueno, 26 anos, do bairro Mata do Jacinto disse que a paralisação não alterou sua rotina com o filho de seis anos, que estuda na escola municipal Virgilio Alves de Campos.

"No momento não estou trabalhando e consigo cuidar dele, e a escola também avisou antes que teria essa paralisação. Mas quando preciso de uma ajuda minha mãe, que mora aqui perto, vem em casa e cuida dele pra mim", diz.

A ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública) até o fechamento dessa matéria não divulgou o número exato de escolas que aderiram à paralisação na Capital. O último balanço realizado pelo sindicato até a manhã desta quarta- feira (16), indicava que apenas 20 escolas, das 93 existentes no município, faziam parte do ato.

Agenda - Hoje pela manhã, os professores se reuniram na sede da ACP (Sindicato Campo-Grandense dos Profissionais da Educação Pública), na Rua Sete de Setembro, no Centro da Capital, para das início a uma passeata com cerca de 600 professores. A caminhada percorreu as principais ruas da cidade, tendo como objetivo buscar um acordo com o prefeito Alcides Bernal (PP), para reajuste salarial referente a 2015 e 2016.

Já na quinta-feira (17) está programada ida à Câmara Municipal de Campo Grande para que os representantes da categoria conversem com vereadores para pedir apoio na luta por reajuste e outras reivindicações. No mesmo dia, à tarde, será feita uma adesivagem de veículos em frente à ACP.

Paralisação - Desde a terça-feira (15) professores de 20, das 94 escolas do município, pedem 13,01% de aumento salarial referente a 2015 e 11,03% relativos a 2016. Os profissionais aceitaram a proposta da Prefeitura em suspender o questionamento feito ao TJMS (Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul) sobre a Lei Municipal n° 5.411/2014.

Enquanto isso, parte dos 95 mil alunos das escolas municipais continuam sem aulas. Em assembleia-geral extraordinária, ontem (15) a tarde, os profissionais da educação exigiram redução no prazo de 40 dias, pedido pelo prefeito, Alcides Bernal (PP), para negociar o reajuste salarial.

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