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Capital

Sem saber como será o amanhã, catadores dizem que não vão desistir

Jéssica Benitez e Elverson Cardozo | 15/09/2013 13:52
Desolada, catadora questiona como será o amanhã na UPL (Marcos Ermínio)
Desolada, catadora questiona como será o amanhã na UPL (Marcos Ermínio)

O destino teima em endurecer vidas que já são sofridas, mas os catadores que trabalham na UPL (Usina de Processamento de Lixo), em frente ao lixão, não vão abandonar a luta. Mesmo com incêndio que destruiu grande parte do local de onde mais de 100 famílias tiram o sustento, eles garantem que amanhã devem pegar no batente normalmente e confessam “não sabemos como será nosso destino”.

Segunda estimativa da presidente da Associação dos Catadores, Gilda Macedo, o prejuízo causado pelo fogo chega a, pelo menos, R$ 100 mil. Diante dos R$ 3 milhões investidos pela Prefeitura de Campo Grande na construção da UPL, o valor estimado não parece tão grande, mas se comparado aos R$ 500 que alguns trabalhadores tiram por mês para sustentar famílias inteiras, a perda é imensurável.

Este é o caso da catadora Maria Madalena, 38 anos, há nove meses trabalhando no lugar. Visivelmente abalada, ela conta que consegue tirar em dinheiro de R$ 400 a R$ 500 mensalmente e com este valor sustenta a casa e seus dois filhos de 16 e 10 anos. “Estou desesperada, eu mesma não tenho mais nada em casa”, lamenta.

Ao se recordar do quão sacrificante foi conseguir a instalação da UPL uma ponta de esperança brota e Maria logo diz “Muita gente desistiu, mas eu não vou desistir, vou continuar batalhando por melhorias”, contou a mãe de família que trabalha mais de oito horas por dia embaixo de sol quente.

A perseverança parece contagiar sua “xará” Maria dos Reis Savale, 43 anos. Embora esteja há quatro dias na UPL, a catadora, mão de quatro filhos, não se deixa abalar. Moradora da comunidade Cidade de Deus, ela afirma que irá recomeçar do zero. “A cooperativa foi uma conquista muito é grande, é nosso pão de cada dia”, diz admitindo que é desesperador ver todo trabalho ir por água abaixo.

Calejada pela dura vida que enfrentou em seus 59 anos, Margarida Moura, que era doméstica e há um mês trabalha na usina, conta que foi demitida do último emprego porque a patroa não admitiu determinadas limitações de saúde dela. “Fui demitida por causa de uma infecção muscular que me traz muita dor”, relata.

Com os olhos marejados, a recém catadora lamenta ver todo trabalho da cooperativa acabar em cinzas. “A gente tem tristeza e chora por dentro. Nosso trabalho acabou. De onde vamos tirar dinheiro?” questiona em meio ao cenário de destruição.

UPL – A Usina de Processamento de Lixo teve as atividades iniciadas no dia 11 de setembro de 2012, há pouco mais de um ano. A ação foi o primeiro passo para a desativação do antigo lixão que teve as atividades suspensas em dezembro de 2012. Umada principais aquisições foi a esteira de separação, que agora é destruída pelo fogo. Todo o material reciclável é oriundo dos LEV (Locais de Entrega Voluntária) e da coleta seletiva nas residências.

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