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Cidades

Com 15 mil famílias acampadas, Incra só “enxerga” 4 mil sem-terra em MS

Edivaldo Bitencourt e Bruno Chaves | 04/09/2013 15:42
Famílias estão acampadas às margens da BR-163, em Sidrolândia (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)
Famílias estão acampadas às margens da BR-163, em Sidrolândia (Foto: Marcos Ermínio/Arquivo)

O Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária) planeja assentar 4 mil famílias sem-terra em Mato Grosso do Sul, que estariam de acordo com o “perfil exigido pela lei”. No entanto, a meta, anunciada hoje pelo presidente do órgão, Carlos Guedes de Guedes, não agradou os movimentos sociais, que estimam 15 mil famílias acampadas no Estado. Algumas aguardam pela terra há sete anos.

Guedes anunciou, em entrevista coletiva na tarde de hoje em Campo Grande, que o foco é contemplar as 4 mil famílias inscritas no Cadastro Único do Governo federal e com perfil exigido pela Lei Federal 8.629. Ele disse que no País, o órgão trabalha com a perspectiva de contemplar 120 mil famílias.

No entanto, os números não agradaram os movimentos dos sem-terra, como CUT (Central Única dos Trabalhadores), Fetagri (Federação dos Trabalhadores na Agricultura) e MST (Movimento dos Sem Terra).

“Só em Sidrolândia tem 4 mil famílias cadastradas pelo Incra aguardando terra”, reagiu um dos coordenadores do MST no Estado, Jonas Carlos da Conceição. Ele disse que a entidade tem 1,5 mil famílias acampadas. No entanto, considerando-se todos os movimentos, são 15 mil famílias.

“As famílias vão continuar a luta e cobrar agilidade do Incra”, disse Conceição. Ele contou que algumas sem-terra estão há mais de sete anos debaixo de barraco de lona esperando por um lote no Estado. O MST chegou a ter 7 mil famílias em MS, mas o número foi reduzido com os assentamentos realizados entre 2005 e 2007.

Oficialmente, a reforma agrária está parada desde 2010, após a operação da Polícia Federal, que apurou irregularidades na distribuição de lotes em vários municípios do Estado.

Mudança – Guedes também anunciou a descentralização da reforma agrária. Ele disse que, a partir de agora, o Incra só vai investir na implantação dos assentamentos rurais. A construção de casas ficará com a Caixa Econômica Federal, por meio do programa Minha Casa, Minha Vida.

A instalação de redes de energia elétrica ficará com o Ministério das Minas e Energia e a abertura de estradas e construção de redes de abastecimento de água com outros ministérios, como das Cidades e da Integração Nacional.
“O Incra está encerrando o ciclo da colonização e aposta na integração das políticas públicas”, afirmou o presidente nacional do órgão.

Outro desafio será a garantir a comercialização dos produtos colhidos nos assentamentos rurais. Guedes contou que a proposta do Incra é levar a produção familiar até os grandes centros consumidores. Outro desafio é garantir a assistência técnica aos produtores assentados.

Em Mato Grosso do Sul, a reforma agrária já contemplou 30 mil famílias. Neste ano, o órgão vai liberar R$ 20 milhões para o abastecimento de água.

Nesta quarta-feira (4), o Incra reuniu 12 superintendentes regionais das regiões Centro-Oeste, Sudeste e Sul em Campo Grande. O seminário começou hoje e termina amanhã. Guedes disse que o encontro também servirá para discutir as metas e ações do órgão para os próximos anos.

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