ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 33º

Interior

MPE investiga “farra das diárias” na Câmara de Vereadores de Rio Brilhante

Investigação começou após denúncia anônima ao Ministério Público; ex-presidente recebeu R$ 203 mil em diárias em 2013 e 2014

Helio de Freitas, de Dourados | 08/07/2015 10:25
Vereadores Giancarlo da Rocha, Totinha, Sergio Martins Rigo e Aguinaldo Lima Pereira; MP investiga despesas com diárias (Foto: Rio Brilhante News)
Vereadores Giancarlo da Rocha, Totinha, Sergio Martins Rigo e Aguinaldo Lima Pereira; MP investiga despesas com diárias (Foto: Rio Brilhante News)

O município de Rio Brilhante, localizado a 163 quilômetros de Campo Grande, é o mais recente alvo do Ministério Público Estadual por suspeita de irregularidades no pagamento de diárias a vereadores. O inquérito civil foi instaurado após denúncia anônima à ouvidoria do MPE, feita pela internet.

De 2014 até hoje, a “farra das diárias” já levou à prisão e provocou a cassação de legisladores em Ribas do Rio Pardo e Naviraí. Agora, a investigação do Ministério Público chegou a Rio Brilhante e o Campo Grande News apurou que o caso já está nas mãos do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado).

Eleição da mesa – A investigação começou para apurar suspeita de irregularidades nos anos de 2013 e 2014, período em que a Câmara de Rio Brilhante teve como presidente o vereador Dejair Gomes (Pros), o Totinha. Entretanto, o caso já atinge a atual gestão, que tem como presidente Sérgio Carlos Martins Rigo (Pros). As denúncias ainda levantam suspeitas de negociata envolvendo a eleição da mesa diretora que comandou o Legislativo nos últimos anos.

A denúncia que provocou a atuação do MPE citava também o prefeito Sidney Foroni (PMDB). Entretanto, o chefe do Executivo já se defendeu e informou ao Ministério Público não ter participação direta no pagamento de diárias aos vereadores, pois apenas repassa o duodécimo – cota-parte do Poder Legislativo na arrecadação municipal. O pagamento é feito pela própria Câmara.

Com 34 mil habitantes e localizado a 65 km de Dourados, o município de Rio Brilhante é um dos maiores produtores de grãos de Mato Grosso do Sul. A Câmara tem 13 vereadores e o salário mensal bruto mensal gira em torno de R$ 6 mil.

Investigados – Além do ex-presidente Totinha, a investigação do MPE inclui o ex-vice e atual presidente Sergio Martins Rigo, o ex-primeiro secretário Aguinaldo Lima Pereira (PPS) e o ex-segundo secretário, Giancarlo Mariano da Rocha (PPS).

Dados disponibilizados no portal da transparência da prefeitura de Rio Brilhante revelam alguns detalhes dos pagamentos feitos aos vereadores. O Campo Grande News apurou com o setor de finanças daquele município e a informação é de que os valores são referentes a diárias.

Totinha – De acordo com os dados, nos dois anos em que foi presidente da Câmara, o vereador Dejair Gomes recebeu R$ 203,8 mil em diárias e verbas indenizatórias – R$ 99,2 mil em 2013 e R$ 194,6 mil no ano seguinte. O montante representa uma média de R$ 8,4 mil por mês em diárias. Mesmo fora da mesa diretora, Totinha continua recebendo diárias e sendo ressarcido por despesas feitas no exercício do mandato. De janeiro a junho de 2015 já foram R$ 20,3 mil.

O ex-primeiro secretário Aguinaldo Lima Pereira também recebeu valores consideráveis, segundo o portal da transparência da prefeitura. Foram R$ 61 mil em 2013 e R$ 67,2 mil em 2014.

Aguinaldo continua fazendo parte da mesa diretora e atualmente ocupa o cargo de segundo secretário. Neste ano, ele já recebeu R$ 13,8 mil em diárias e verbas indenizatórias.

Giancarlo Mariano da Rocha, que na gestão passada era segundo secretário e na atual diretoria é primeiro secretário, recebeu R$ 27,9 mil em 2013, R$ 25,5 mil em 2014 e neste ano de 2015 já acumula R$ 27 mil em diárias. Em nome de Sergio Martins Rigo, que era vice e atualmente ocupa o cargo de presidente, não existe nenhum valor lançado no portal da transparência.

“Devida legalidade” – Assim como o prefeito Sidney Foroni, Dejair Gomes também já se explicou ao Ministério Público. Em resposta ao expediente do MPE, Totinha alegou que a eleição da mesa diretora para o biênio 2013/2014 foi feita “dentro da devida legalidade”. Ele também considerou “infundadas” as denúncias de irregularidades no pagamento de diárias e disse que os valores pagos referem-se a viagens feitas “em diligência no interesse público”.

“Diante da análise dos documentos fiscais encaminhados pelo representante da Casa de Leis, pode-se verificar alguns dados de alto questionamento e de substancial interesse no prosseguimento das investigações”, afirma o Ministério Público.

Ainda de acordo com o MPE, a verificação inicial nos documentos contábeis aponta falta de comprovação de despesas com hospedagem e “lançamentos questionáveis” nos relatórios de viagens.

Nos siga no Google Notícias