ACOMPANHE-NOS     Campo Grande News no Facebook Campo Grande News no Twitter Campo Grande News no Instagram
ABRIL, SEXTA  26    CAMPO GRANDE 24º

Cidades

População ignora alerta de que bacon e salsicha podem causar câncer

Oncologista diz que não existe limite seguro para consumir carne processada

Mariana Rodrigues | 07/11/2015 10:36
Tanto a calabresa quanto o bacon são consideradas cancerígenas, segundo a OMS. (Foto Gerson Walber)
Tanto a calabresa quanto o bacon são consideradas cancerígenas, segundo a OMS. (Foto Gerson Walber)

A OMS (Organização Mundial da Saúde) divulgou relatório onde classifica carnes processadas, como salsicha, presunto, linguiça, hambúrguer e bacon como cancerígenos para o ser humano. De acordo com o documento, os alimentos processados se encontram no mesmo nível que o cigarro e bebidas alcoólicas.

Segundo o oncologista Eric Meneses, não há uma quantidade segura para consumir esses alimentos, o que ele orienta é que a população deixe de ingeri-los. "Todo tipo de gordura animal e carne muito gordurosa não faz bem, por isso não há um limite seguro para associar a quantidade de gramas , por exemplo, que o ser humano possa consumir", afirma.

Conforme Meneses, o problema principal está na hora de processar a gordura desses alimentos. O processo ocorre em altas temperaturas e isso acaba induzindo câncer de cólon. Ele conta que em Campo Grande, capital do Brasil que mais se consome carne gorda, segundo pesquisa divulgada pelo Ministério da Saúde, em abril deste ano, o atendimento mais frequente por esse tipo de câncer é em idosos, mas isso não quer dizer que jovens não estão na lista para desenvolver a doença. "É frequente pacientes jovens com tumor de cólon."

O secretário executivo Gilberto Bremm, 47 anos, conta que não diminuiu o consumo desses alimentos. (Foto: Fernando Antunes)
O secretário executivo Gilberto Bremm, 47 anos, conta que não diminuiu o consumo desses alimentos. (Foto: Fernando Antunes)

Questionado se esse tipo de câncer atinge mais homens ou mulheres, ela diz que a diferença é pouca, chega a ser quase uniforme, mas os homens ainda são maioria devido aos hábitos alimentares. "Os homens se alimentam mais com churrasco, carnes vermelhas, consomem muita proteína senão não fica satisfeito. Já a mulher se preocupa mais com a alimentação saudável, com o peso por isso é menos propensa a desenvolver esse tipo de câncer". Mas ele alerta que o câncer de cólon não atinge só homens. "É um tumor que atinge mais homens do que mulheres, mas pode atingir qualquer um".

Já a nutricionista Lidiane Britts, 33 anos, acredita que o problema não está só na alimentação, e sim no estresse e falta de exercícios físicos."Produtos industrializados fazem mal, mas outros produtos se consumidos em excesso também fazem. Vivemos hoje um terrorismo nutricional muito grande onde tudo faz mal. Se continuar a partir desse principio, não vamos poder comer mais nada", diz.

"O consumo exagerado faz mal. Quem come uma vez por mês não vai morrer. Esses alimentos são vilões se consumidos em demasia e diariamente. Não se pode colocar a culpa só nos alimentos, a comida influencia, mas é um tripé, precisa de qualidade de vida, exercícios e alimentação. A questão do câncer pode acontecer com qualquer pessoa, a comida não pode ser colocada como único fator", acredita.

José Donizete Santos, 71 anos, professor de História, também diz que vai continuar se alimentando da mesma forma. (Foto: Fernando Antunes)
José Donizete Santos, 71 anos, professor de História, também diz que vai continuar se alimentando da mesma forma. (Foto: Fernando Antunes)

Por outro lado, os campo-grandenses ignoram o alerta e alguns até desconhecem os riscos divulgados pela OMS. É o caso do secretário executivo Gilberto Bremm, 47 anos, ele conta que não diminuiu o consumo desses alimentos e vai continuar se alimentando da mesma forma.

"Hoje eles falam que faz mal, depois fazem uma nova pesquisa falando que faz bem, nunca conseguem ter uma linha correta sobre o assunto, e é da natureza do brasileiro comer carne", diz.

José Donizete Santos, 71 anos, professor de História, também diz que vai continuar se alimentando da mesma forma que fazia antes. "É uma opção mais barata que temos. Vou continuar consumindo, pois nunca tive problemas de saúde relacionados ao consumo de carne vermelha ou processada".

A funcionária pública Edima Ferreira, 65 anos, diz que até que seja provado o contrário, ela irá consumir a carne vermelha, linguiça e bacon. (Foto: Fernando Antunes)
A funcionária pública Edima Ferreira, 65 anos, diz que até que seja provado o contrário, ela irá consumir a carne vermelha, linguiça e bacon. (Foto: Fernando Antunes)

A funcionária pública Edima Ferreira, 65 anos, diz que até que seja provado o contrário, ela irá consumir a carne vermelha, linguiça e bacon. "Só não como produtos embutidos. Acho um exagero colocar no mesmo nível do cigarro", afirma.

Segundo dados da Secretaria Estadual de Saúde, em Campo Grande no ano passado, morreram 66 pessoas por câncer de cólon, destes, 21 estavam na faixa etária dos 80 anos , 15 na faixa dos 60 anos, nove na faixa dos 50 anos, 14 na faixa dos 50 anos, cinco na faixa dos 40 anos e dois na faixa dos 30 anos.

Nos siga no Google Notícias