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Economia

Enquanto imóveis particulares encalham, faltam casas populares

Após boom imobiliário dos últimos cinco anos, imóveis continuam mais valorizados do que em Campo Grande e vendas despencam

Helio de Freitas, de Dourados | 14/04/2015 08:22
Imóveis com placa de venda e aluguel aumentaram em Dourados e negócios estão parados (Foto: Eliel Oliveira)
Imóveis com placa de venda e aluguel aumentaram em Dourados e negócios estão parados (Foto: Eliel Oliveira)

O mercado de imóveis continua aquecido em Dourados, a 233 km de Campo Grande. Segundo comerciantes, apesar da crise financeira nacional ainda é um bom e sólido negócio investir em imóveis. Entretanto, os números mostram que apesar de ainda não sentir os efeitos da crise, o setor não é mais o mesmo e atualmente existe mais imóvel disponível tanto para venda quanto para locação. Já o comércio de casas em residenciais populares continua a todo vapor e os corretores afirmam que a procura ainda é maior que a demanda.

Na periferia e também nos bairros com maior valorização é possível perceber que o número de placas de venda ou aluguel aumentou bastante nos últimos meses. Apesar de ter mais casa disponível para venda e para locação, os preços se mantêm estáveis.

Segundo o presidente da associação das empresas imobiliárias de Dourados, David Garcez, pelo menos 70% dos proprietários com imóvel à venda tomaram essa decisão para fazer outros investimentos ou até mesmo para ganhar dinheiro com o mercado ainda aquecido e só 30% querem vender por necessidade. Essa realidade ajudar a segurar o preço, já que a maioria não tem urgência na venda.

“A venda de imóveis particulares se estagnou depois da Copa do Mundo. Atualmente existe mais oferta tanto de terreno quanto de casa. Eu cito como exemplo o caso da nossa empresa, que vendia de 3 a 4 terrenos por mês e hoje vendemos um”, afirmou ele ao Campo Grande News. “Posso dizer que as vendas já estiveram melhores e estão bem paradas agora”.

Supervalorização – De acordo com o corretor, em Dourados os imóveis continuam supervalorizados. “A cidade ainda precisa entrar nessa nova realidade. Em Dourados o imóvel é muito mais caro do que em Campo Grande. Um apartamento de 64 metros quadrados, por exemplo, é vendido de R$ 200 mil a R$ 250 mil enquanto na Capital vale em média R$ 180 mil. O terreno também é bem mais caro aqui. Isso afeta os negócios”.

Os imóveis para locação também aumentaram em Dourados, segundo o representante das imobiliárias. “Ainda tem muita procura por locação, mas caiu também. A cidade está lotada de placa. Não existe uma rua da cidade que você não vê cinco, seis placas de ‘aluga-se’. Apesar disso o preço do aluguel continua muito alto. Em Dourados o aluguel é 50% mais caro que em Campo Grande”.

Conforme David Garcez, por se tornar uma cidade universitária, Dourados passa por um momento pelo qual a Capital já passou. “O público universitário altera o valor dos imóveis. Quando não tinha nenhum curso superior em Dourados, o povo ia tudo para a Capital. Hoje é aqui. A cidade tem de 20 mil a 30 mil moradores rotativos”.

Loteamentos – A estagnação imobiliária, apontada nos negócios envolvendo imóveis particulares, não atinge os loteamentos populares financiados pelo programa “Minha Casa, Minha Vida”.

“A venda de imóvel continua tendo muita procura em termos de loteamentos. A prefeitura aumentou o perímetro urbano e isso incentivou o lançamento de 18 loteamentos. Onze já estão sendo estruturados. O cliente vai atrás do parcelamento em oito, dez anos. Ele dá uma entrada e compra, diferente do imóvel pago à vista”, afirmou David Garcez.

Segundo ele, mesmo com o aumento dos juros do financiamento imobiliário determinado pelo governo federal, a procura por imóvel popular continua grande. “Independente do juro maior do Minha Casa, Minha Vida, o ser humano quer um teto para morar. Ele faz das tripas coração, pega a renda da mulher, dá um jeito e financia”, avaliou Garcez.

Falta casa – Ajurycaba Cortez de Lucena, que atua principalmente no comércio de imóveis populares, disse que seu setor não sente a crise. “Está faltando produto, porque o pessoal que constrói casa para vender parou, esperando para ver o que vai acontecer no país. Mas as pessoas continuam precisando de imóvel. Agora essas pessoas perceberam que o mercado está muito bom para esse tipo de negócio e estão retomando as construções”, afirmou ao Campo Grande News.

O principal motivo da paralisação dos projetos de construção de loteamentos, segundo o empresário, foi a falta de atualização dos valores liberados pelo programa do governo federal. “As construtoras pararam de fazer imóvel para venda. Agora estão retomando, mas ainda falta casa para famílias de baixa renda. Essa modalidade ainda não sente os efeitos da crise”.

Ao contrário do que afirmou David Garcez, presidente da associação das empresas imobiliárias, Arurycaba não considera os imóveis à venda em Dourados supervalorizados. “Os preços estão normais, não são caros”.

Venda de casa popular não sentiu efeitos da crise e falta imóvel para atender famílias de baixa renda (Foto: A. Frota/Divulgação)
Venda de casa popular não sentiu efeitos da crise e falta imóvel para atender famílias de baixa renda (Foto: A. Frota/Divulgação)
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