Após tratamento, cadelas que ficavam com criança em canil são adotadas

Sorridente, brincalhona e agora com um lar. Lila, uma mistura da pit bull e vira-lata é uma das cadelas coadjuvantes de uma história triste, do menino de 7 anos torturado pelos tios, que vivia em um canil no bairro Nova Lima, em Campo Grande. O desfecho dos animais e dele caminharam lado a lado. A criança mora com a mãe desde março, depois que o crime veio à tona e chegou à Polícia, a segunda, de três cachorras, foi adotada nesta manhã durante a feira da ONG Abrigo dos Bichos.
“Eu achei ela muito carinhosa. A hora que eu bati o olho, me encantei”, explica o pizzaiolo Adriano Dias Parras, 26 anos, que junto da esposa, levou Lila para casa. Ele e a mulher Vanessa Silva de Souza, 26 anos, vieram para olhar os animais e quem sabe levar um para casa. O casal perdeu dois cães recentemente, mas hoje ganharam um que vale o dobro.
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“A gente se encantou mesmo. Eu já tinha ouvido falar da história, mas não sabia que era ela. Agora, vou dar todo amor possível. Ela vai ser bem tratada e bem cuidada”, completa Vanessa.
Os cuidados começaram já nos primeiros minutos de adoção. Como os dois vieram de ônibus até os altos da avenida Afonso Pena, onde acontecia a feira, a solução foi levar a mais nova integrante da família embora de táxi, até o Jardim Imperial.

Na ‘despedida’, Lila era só sorrisos e pose para as fotos ao lado dos donos. Com o histórico triste, não tinha ali quem não a conhecesse e cumprimentasse o casal que prometeu dar amor e carinho a quem tanto já sofreu. Quem ficou, pediu para que eles dessem notícias pelo facebook.
Lila tinha mais duas companheiras no canil, Mila e Branquinha. A última foi adotada logo na primeira feira, a segunda ainda está sob os cuidados da ONG, mas pela agressividade não pode frequentar as feiras. São reflexos da precária condição em que viveu. O trio foi resgatado em março pela ONG e na situação mais deplorável possível. Uma delas, era só pele e osso e as três têm leishmaniose.
“Eram animais desnutridos, caquéticos, desidratados. Dormiam ao relento, sem coberta e nem comida”, relembra a presidente da ONG, Maíra Kaviski Peixoto. Foram três meses de recuperação que envolveu tratamento clínico e afetivo. “Quando são encaminhados para a clínica recebem todo tipo de tratamento, cuidado e o carinho que não tiveram antes e saem totalmente sociáveis para serem inseridos novamente em uma família”, descreve.
Os animais também sentem os maus tratos e o carinho faz com que o trauma fique no passado. Teoria confirmada pela alegria de Lila ao ser levada da feira. Pela primeira vez sob os cuidados de Adriano e Vanessa ela já mostrou arte, viu a água no recipiente e não só bebeu como enfiou as patinhas também causando respingos em todo mundo.
Deste episódio de maus tratos, a última cachorra, Mila, é que envolve mais cuidado. A família que for adotar vai passar por acompanhamento com adestrador para a ressocialização.
Lila foi embora com donos que sabiam da sua história. Para a presidente da ONG, é uma forma a mais de sensibilizar. “A gente conta para as pessoas se comoverem mais. Vale a pena ser contado como foi o encontrado e como está hoje”.
Para ver animais que estão para adoção, acompanhe a Fan Page do Abrigo: https://www.facebook.com/AbrigoDosBichos?fref=ts.