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Artes

Na galeria de arte, as “andanças” de uma artista que transforma e colore SP

Elverson Cardozo | 14/04/2013 09:10
Esther Casanova estava vivendo a fase da pintura. Há 1 ano e 2 meses se dedica os acetatos. (Foto: Vanderlei Aparecido)
Esther Casanova estava vivendo a fase da pintura. Há 1 ano e 2 meses se dedica os acetatos. (Foto: Vanderlei Aparecido)

Quem visita a exposição “Trajetos Urbanos” no Marco (Museu da Arte Contemporânea), em Campo Grande, se deparada com uma série de quadros que guardam colagens e composições que, em um primeiro momento, vão além da compreensão lógica.

Para entender é preciso “viajar” nas explicações de Esther Casanova, a responsável pelo trabalho, que se define como “uma artista simples, com obras para serem compreendidas por todo mundo, até por quem não entende de arte”.

As séries, pelo menos as que estão expostas em Campo Grande, não parecem ser assim tão simplistas. Para quem busca uma compreensão longe do auxílio dela, o nome – Trajetos Urbanos – até sugere que os quadros, feitos com impressão em acetato, falam da cidade, de caminhos percorridos. É isso, mas não é só.

Paulistana, “bicho da terra”, Casanova se inspirou em São Paulo, terra natal, para realizar o novo trabalho. Ela “reclama”, “grita”, “pede socorro”. Quer cor além do cinza que tomou conta das ruas.

Colagens com vários registros de SP. (Foto: Vanderlei Aparecido)
Colagens com vários registros de SP. (Foto: Vanderlei Aparecido)

A idéia, contou, surgiu das andanças da casa para o ateliê e do ateliê para a casa. “São meus trajetos e a transformação da paisagem urbana. Estou colocando cor na cidade por onde ando. É uma visão particular minha de transformar”, disse.

Esther tem uma relação de amor e ódio com a metrópole. Gosta da cidade porque é o local onde nasceu, foi criada e criou laços afetivos, mas se vê descontente com as transformações causadas pelo progresso.

“É muito cinza. Sou de uma época em que existiam menos prédios em São Paulo. A gente tinha casas, árvores. De repete a cidade está se verticalizando. Quando estou andando pelo bairro percebo que todas aquelas casas antigas que fomos criados, que vocês têm aqui, com quintal, já estão virando uma coisa inexistente, em desuso. Está tudo virando uns poleiros cinzas. Isso me incomoda”, revelou.

Processo de impressão colabora para a  "arte abstrata". (Foto: Vanderlei Aparecido)
Processo de impressão colabora para a "arte abstrata". (Foto: Vanderlei Aparecido)

É por isso que ela se empenha para colorir a cidade, mesmo que apenas pelos acetatos. A exposição de Campo Grande conta com 8 quadros grandes, duas séries de 32 e uma de 5.

Para compor cada peça, Esther se vale de figuras, recortes de jornais, revistas, fotografias, papéis de presentes, cartões postais e até pedaços de carpete. Juntos, em contato com as folhas de acetato, esses materiais acabam gerando telas únicas, exclusivas.

A maioria das cenas escolhidas são de São Paulo, como a cúpula de igrejas, fachadas de prédios, monumentos históricos e pontes, mas há registros de postes, emaranhados de fios e cenas cotidianas, como um casal caminhando.

Exposição é composta por 8 quadros grandes, duas séries de 32 e uma de 5. (Foto: Vanderlei Aparecido)
Exposição é composta por 8 quadros grandes, duas séries de 32 e uma de 5. (Foto: Vanderlei Aparecido)

As impressões complicadas colaboram para a arte abstrata. Em um delas, Esther encostou o pé na hora de colocar o acetato no plástico. O resultado foi um borrão. “Mas eu gostei disso, ficou como um carimbo”, contou a artista.

A mulher afirma que vive por fases. Estava se dedicando à pintura quando resolveu apostar nos acetatos, há 1 ano e 2 meses. Agora, que aproveitar a liberdade que a técnica permite. “A gente já é tão cheia de ‘isso não pode’ e ‘isso pode’. Aqui eu me soltei. O resultado fica por conta de vocês”, afirmou.

Temporada de arte – Ficou curioso? Quer conhecer o trabalho de Esther Casanova? A exposição “Trajetos Urbanos” é uma das quatro que integram a primeira temporada 2013 do Marco em Campo Grande. O espaço fica aberto para visitação gratuita até o dia 2 de junho, de segunda a sexta, das 12h às 18h.

No local há outros trabalhos: “Museu de História Ficcional”, de Yara Dewachter, "O Relógio Quebrado”, de Henrique França e “Dominus Tecum", do campo-grandensse Evandro Prado.

Serviço – O Marco fica na rua Antônio Maria Coelho, 6000, no Parque das Nações Indígenas. Outras informações podem ser obtidas pelo telefone (67) 3326-7449.

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