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A SNK leva a magia da marca para os portáteis em 98 com o Neo Geo Pocket

Edson Godoy | 12/01/2016 06:56
A SNK leva a magia da marca para os portáteis em 98 com o Neo Geo Pocket

No capítulo anterior de nosso especial História dos Videogames falamos sobre o Dreamcast, último console lançado oficialmente pela SEGA, em 1998. Mas esse ano marcou também uma disputa interessante entre consoles portáteis. De um lado, a Nintendo e sua poderosa marca Game Boy, com o lançamento do Game Boy Color. De outro, uma gigante dos arcades buscava pela primeira vez na sua história um lugar ao sol nesse mercado: a SNK, que lança o Neo Geo Pocket.

O console, que tinha como processador principal um Toshiba de 16bit, seguiu o caminho oposto da linha Neo Geo de consoles de mesa e arcades: enquanto estes representavam o que havia de mais poderoso na tecnologia gamer (e cobravam caro por isso) quando foram lançados, nos portáteis a SNK resolveu adotar a linha do time que estava ganhando, no caso o “team Nintendo”: produzir um console de baixo custo, sem um hardware extremamente poderoso, mas que pudesse divertir muito e também gastar pouca pilha (algo que a história demonstrou ser fundamental para um portátil ser bem sucedido na década de 90).

Só que a Nintendo não estava nem um pouco afim de perder a coroa. Então, uma semana antes do lançamento do Neo Geo Pocket, chega ao mercado o Game Boy Color, trazendo cores ao portátil da Nintendo. Isso causou um baque tremendo no pequeno console da SNK, que já chegava ao mercado com cara de obsoleto. Mas a empresa agiu rápido e cinco meses depois lançou o Neo Geo Pocket Color, trazendo cores ao aparelho. Os jogos lançados para o console preto e branco (apenas 10) são compatíveis com o novo console, mas o oposto nem sempre acontecia.

Então, apesar de renovar as chances do novo console no mercado, o fato do Neo Geo Pocket preto e branco ter sido descontinuado tão rapidamente (apenas cinco meses de mercado) e que apenas cerca de metade dos lançamentos coloridos rodavam no Neo Geo Pocket preto e branco deixou uma impressão ruim no mercado e em especial para aqueles que investiram no console. Imagine você ter um console praticamente abandonado em apenas cinco meses? Mas foi um movimento necessário. Com a versão preto e branco a SNK não tinha nenhuma chance de competir com o pequeno gigante Game Boy Color. O que faltou à SNK foi um melhor trabalho quando o console estava sendo desenvolvido, momento em que ela tinha a chance de investigar e avaliar os concorrentes para poder tomar as melhores decisões. Enfim, não sabemos se foi falha da SNK, mérito da Nintendo ou as duas coisas.

Uma coisa é fato: essa má impressão não tira o fato do Neo Geo Pocket (agora em sua versão Color) ser um excelente console. Conseguia fazer coisas que o Game Boy Color jamais faria, graças ao melhor hardware e ao número três vezes maior de memória RAM. Gráficos mais bonitos, personagens maiores, fluidez de movimentos e efeitos sonoros com boa qualidade. Tudo isso estava incluso no pacote. Mas aí o nobre leitor pergunta: mas Edson, diante de todas essas qualidades, onde foi que a SNK errou? Na sua inabilidade em agregar apoio, principalmente de outras softhouses.

As grandes franquias da SNK estavam todas presentes em abundância no pequeno console: Metal Slug, Samurai Shodown, Fatal Fury, The King of Fighters e várias outras, todas com excelentes versões. Jogos da SEGA como Sonic e da Capcom como SNK Vs. Capcom, também deram as caras. Mas era pouco, diante do suporte massivo que a Nintendo recebia, com todas as grandes franquias, de praticamente todas as grandes desenvolvedoras de jogos. Os consumidores começaram a perceber que apesar de ter uma proposta diferente, o console também acabava sendo de nicho: era voltado praticamente para os fãs das franquias da SNK e isso significa também pouca diversidade nos estilos de jogos lançados. Como exemplo, os jogos de RPG, gênero cada vez mais popular em todo o mundo, eram raros para o sistema (a SNK não tinha tradição no gênero). E isso afastava quem não estava acostumado com o mundo Neo Geo.

Ainda havia a falta de apoio para distribuição de seus produtos, o que era algo natural, tendo em vista que a penetração no mercado de videogames da SNK fora do Japão era pequena, principalmente pelo fato do Neo Geo sempre ter sido um console para poucos – isso mudou um pouco com o Neo Geo CD, mas nessa época, o console já não representava mais o que havia de melhor na tecnologia gamer. Diante disso, o poder de barganha – e consequentemente de negociação – da SNK no mercado era infinitamente menor que o da Nintendo, em especial no mercado de portáteis, dominado com ampla margem pela Big N.

Em 2000, a SNK jogou a toalha e não resistiu à crise financeira pela qual passava. Foi então vendida para a empresa Azure, especializada em máquinas de apostas e Pachinko no Japão, que decidiu descontinuar o Neo Geo Pocket Color nos Estados Unidos e na Europa. No Japão o console ainda resistiu até 2001. No total foram vendidos aproximadamente duas milhões de unidades, somadas as versões preto e branco e colorida. O console marcou também a última aventura da empresa no mercado de hardware caseiro – em 2012 foi lançado o Neo Geo X, licenciado pela SNK, mas que não teve produção direta por parte da empresa.

Confira ao final da matéria alguns vídeos de jogos que fizeram a história no portátil da SNK. E assim encerramos mais um capítulo de nosso especial. No próximo, falaremos de outro console portátil com história e destino parecidos com o Neo Geo Pocket: falamos do WonderSwan da Bandai e também de sua versão colorida, o WonderSwan Color / Crystal.

A coluna de games do Lado B tem o apoio da loja Press Start, que será inaugurada nas próximas semanas em Campo Grande, no Shopping Bosque dos Ipês, prometendo inovar no conceito de loja de games em nossa capital. Não deixe também de visitar também o meu site, o Vídeo Game Data Base.

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