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Meio Ambiente

Coleta seletiva só atende bairros nobres e expansão fica para 2015

Luciana Brazil | 29/10/2014 14:40
Maria mostra o rádio velho que separa para os "carrinheiros" que passam pelo bairro. (Foto: Marcelo Calazans)
Maria mostra o rádio velho que separa para os "carrinheiros" que passam pelo bairro. (Foto: Marcelo Calazans)

Atendendo apenas 11 bairros em Campo Grande, o serviço de coleta seletiva do lixo só deverá chegar a outras regiões quando a expansão da UTR (Usina Tratamento de Resíduos) estiver completamente concluída, o que só deve acontecer em abril de 2015, segundo a Solurb, empresa responsável pela coleta. Enquanto isso, moradores de bairros mais pobres reclamam que o trabalho começou por áreas nobres da cidade. Eles alegam ainda que o serviço pode ajudar na limpeza das áreas onde o asfalto ainda não é uma realidade, além de melhorar o trabalho da dona de casa.

“Seria muito bom poder separar o lixo, o plástico, papelão. Na verdade, eu separo e quando passa alguém com o carrinho, eu sempre dou”, disse dando bom exemplo a dona de casa Maria Tereza Lopes, 56 anos, moradora do Jardim Noroeste, região onde a coleta não é feita por enquanto.

Na vizinhança, o discurso é unânime, no entanto, carregado de mais indignação. “Não tem como não falar de política. Os políticos enxergam nosso bairro para pedir voto, mas nessas horas começam pelas áreas mais nobres. A classe média precisa mais que a classe alta”, desabafou a dona de casa Maria Alvarenga, 52 anos.

Ela continuou, dizendo que o serviço da coleta seletiva, além de ser um bem para o meio ambiente, no bairro dela, onde existe menos estrutura, pode até salvar animais de estimação. “Se a gente separa o lixo, o cachorro não vai mexer no lixo que tem vidro misturado com comida, e assim não vai se machucar”, exemplificou.

Mesmo em regiões onde a coleta não chegou, moradores já separam o lixo, uma maneira de se adaptar ao programa.

A expansão do serviço em Campo Grande acontecerá aos poucos, segundo a Solurb. De acordo com a empresa, a UTR está funcionando com capacidade máxima e só poderá receber mais material quando a ampliação da área for concluída. Em nota, a concessionária informou que isso só deve acontecer em abril do ano que vem.

O programa “Reciclar é Viver” começou no fim de 2011 atendendo bairros da região do Prosa e do Bandeira - São Lourenço, Carandá, Autonomista, Santa Fé, Veraneio, Chácara Cachoeira, Bela Vista, Tiradentes, TV Morena, Vilas Boas e Vila Carlota -, ao todo 32 mil domicílios.

“O serviço faz falta. Sempre achei que fizesse. Ele melhora bairros mais pobres como o nosso”, disse Andreia Eredia, 28 anos. “A coleta pode diminuir a quantidade de lixo entulhado que as pessoas deixam por ai, nas ruas. Se for reciclável, vai ser coletado, claro que estiver no local correto”, completou. A moradora acredita que, a partir daí, a limpeza do bairro pode melhorar.

Maria Alvarenga reclama e diz que não tem como não falar de política. (Foto: Marcelo Calazans)
Maria Alvarenga reclama e diz que não tem como não falar de política. (Foto: Marcelo Calazans)

Onde a coleta já chegou, os moradores investem na ação e ficam motivados com a separação dos resíduos. No Bairro Carandá Bosque, a doméstica Suzimar Ojeda, 53 anos, coloca o lixo do lado de fora bem cedinho para não perder o caminhão. Com o lixo separado corretamente, ela sente como se estivesse cumprindo com o dever de cidadã.

“Eu coloco na segunda-feira bem cedinho, porque ele passa cedo, e se a gente não ficar atento pode perder. Aí, só na próxima semana”, lembra ela. Para Suzimar apenas um dia é suficiente para a coleta do reciclável, já que é so manter tudo organizado. “Separo tudo, lata, papelão, vidro, plástico, jornal”.

Prefeitura- A empresa Deméter Engenharia LTD foi contratada pela prefeitura para iniciar o processo de atualização e elaboração do Plano de Coleta Seletiva em Campo Grande, onde diagnósticos e prognósticos definirão a expansão do serviço e os bairros a serem atendidos na próxima fase.

“Esse estudo fará o levantamento das cooperativas em Campo Grande, da quantidade de 'carrinheiros' (quem passa com o carrinho recolhendo lixo), além de outros números. A Solurb tem a responsabilidade de implantar o serviço, mas sempre com diretrizes da Semadur (Secretaria Municipal de Meio Ambiente e Desenvolvimneto Urbano) e é isso que estamos organizando”, disse o titular da pasta João Alberto Borges dos Santo. O projeto deve definir também novos pontos de coleta na Capital, os ecopontos.

“Paralelamente, a Prefeitura constituiu um grupo de trabalho intersetorial para a organização e acompanhamento da transição do lixão para a Usina de Tratamento de Resíduos (UTR)”, informou o Executivo.

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