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Meio Ambiente

Criador de jacarés preso pela PF deve ser multado pelo Ibama só por transporte ilegal

Marta Ferreira | 19/08/2011 18:37
Animais inteiros e cabeças de jacaré foram apreendidas na quarta-feira. (Foto: Divulgação PF)
Animais inteiros e cabeças de jacaré foram apreendidas na quarta-feira. (Foto: Divulgação PF)

Preso na quarta-feira pela PF (Polícia Federal), acusado de crime ambiental, o criador de jacarés Gerso Bueno Zahdi, funcionário de carreira do órgão, deve ser multado pelo Ibama por apenas uma das irregularidades apontadas pela Polícia Federal. A PF prendeu Zahdi, a esposa e a filha, sob a acusação de crime ambiental, por transporte de jacarés e de carne do animal sem autorização e afirmou que o criadouro dele, o único oficial do Estado, está sem licença válida para funcionamento. O criadouro, em Miranda, foi interditado.

Para o Ibama, porém, Gerson está em dia em relação à autorização para criar jacarés, segundo informou a coordenadora de Fauna do Ibama no Estado, Paula Mochel. Segundo ela, a licença foi renovada em 2008, e é permanente.

Diante disso, segundo ela, Zahdi deve ser multado administrativamente por transportar os animais sem licença. Ela explicou que esse tipo de licença é semelhante a de pescado, e deve ser emitida a cada operação realizada. A multa, informou, é de R$ 500 por espécime apreendido ou por quilo de carne apreendida.

Paula Mochel explicou que esse processo administrativo só vai ser aberto após a Polícia Federal comunicar o Ibama oficialmente da ação que resultou nas prisões. Isso ainda não foi feito, segundo ela.

O criador também não estava em dia com o Cadastro Técnico do Ibama, onde criadores de animais silvestres devem atualizar seu registro trimestralmente, mas segundo a coordenador essa questão burocrática não invalida a licença de operação.

Ela informou que o Ibama deverá fiscalizar o criadouro, assim que houver a comunicação da Polícia Federal.

Noite na prisão- O criador, a esposa, Rosaura Dittmar Duarte, e a filha, A. K. B. Z., passaram a noite de quarta para quinta-feira presos e pagaram fiança de R$ 27 mil para deixar a prisão e aguardar a condução do inquérito em liberdade.

Primeiro, foi presa a filha, transportando no carro dois isopores com 43 cabeças de jacarés e 96 animais inteiros. No outro recipiente, estavam 11 pacotes plásticos, com aproximadamente um quilo de filé de jacaré cada um. Todo o material não tinha autorização ambiental ou documentação fiscal, conforme a PF.

Em entrevista ao Campo Grande News, Zahdi se disse envergonhado e deprimido pelo que ocorreu. Considerado referência no Brasil e fora do País na criação de jacarés do Pantanal, ele disse que faz tudo de acordo com as regras e que a falta de uma das licenças foi um “lapso”.

“É um negócio idealista, para mostrar às pessoas que é possível criar os animais e não precisa retirar da natureza”, afirmou.

O criatório, conforme o proprietário, se sustenta comercialmente, por meio da venda das peles dos jacarés para um curtume do Rio de Janeiro. A carne, diz é consumida na própria fazenda. Ele não tem autorização para comercializar a carne.

A PF informou que vai ser aberto inquérito e que o andamento das apurações vai indicar se ele vai ou não ser indiciado por crime ambiental. O próprio criador ficou como depositário fiel dos 3,4 mil jacarés encontrados no local, que estão apreendidos.

A reportagem tentou falar com o delegado Mário Nomoto, responsável pelo inquérito, mas não conseguiu.

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